Wednesday, November 07, 2007

REAJUSTES PARA O NOSSO “ABC”

Foto: Georgiana de Sá
O editor André Carvalho, do Armazém de Idéias, analisa os efeitos da reforma ortográfica no mercado literário brasileiro.


Acordo internacional define mudanças na língua portuguesa


O português, considerado quinto idioma mais falado do planeta e língua oficial de oito países, deve sofrer mudanças em sua ortografia. Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP e se comprometem a adotar uma única grafia. Contudo, não há motivo para desespero, já que as mudanças devem preservar as pronúncias típicas de cada região e não alteram mais que 2% do vocabulário brasileiro.

A eliminação do trema em palavras como conseqüência e sangüíneo e o acréscimo do alfabeto, que atualmente possui 23 letras, com mais três: k, y e w, estão entre as mudanças. Em Portugal eliminam-se as letras “c” e “p”, que não são pronunciadas em vocábulos como “acto” e “óptimo”. Novas regras de acentuação também estão previstas, como a extinção do acento agudo em paroxítonas como “assembléia” e “jibóia”.

O empresário André Carvalho, da editora mineira Armazém de Idéias, acredita que igualar a grafia pode beneficiar as nações envolvidas com a divulgação do idioma, e ressalta que a reforma deve levar em consideração a lógica da fala do povo e evitar exageros da forma culta. “Uma coisa é regra imposta, outra é a que vai ser praticada. Quem manda na língua não são os gramáticos. Quem manda na língua é o povo. Se o popular determina que ‘para mim’ é correto. O que mais eu posso fazer? Nada.”, brinca o editor.

Na opinião de André, a própria mídia reconhece a importância da linguagem cotidiana ao usar expressões coloquiais em mensagens publicitárias. “Hoje ouvi uma propaganda que falava de futebol. O Galo, do Atlético, recebia uma ordem para bicar qualquer time: “bica ele sô!”. Para a gramática normativa não é bica ele. É bica-o. Só que não soa direito e as propagandas, que deveriam disseminar a forma culta, usam termos informais para dialogar com o público”.

Portugal aprovou a unificação, todavia não confirmou sua participação no acordo ortográfico. A reforma está em andamento desde 1990 e foi acrescida de um protocolo modificativo em 2004. Até agora este documento foi assinado apenas pelos presidentes do Brasil, Cabo Verde e São Tomé das Letras, o que já o torna válido, uma vez que o acordo pode entrar em vigência com a adesão de apenas três países da CPLP. Mesmo sem data oficial para sua implantação no Brasil, a Academia Brasileira de Letras propõe que a reforma se inicie a partir de 2008.

Proporcionar um prazo de cinco ou dez anos para que as editoras substituam definitivamente seus livros, de acordo com André, é questão de bom senso. “Concordo que as mudanças comecem pelos materiais didáticos. É importante que a criança se adapte, na fase escolar, ao novo acordo internacional. Mas, é bom lembrar, as editoras possuem grandes quantidades de exemplares que estão estocados, em diversos estilos literários. Editores e produtores precisam de tempo para que possam, gradativamente, reimprimir suas publicações. Só em 2005 o Brasil lançou cerca de 50 mil títulos de novos escritores brasileiros”.
Ainda segundo o editor, qualquer ação de política pública deve servir, sobretudo, de instrumento para melhorar o desempenho econômico de pequenas e médias empresas brasileiras. “Atualmente, quem publica livro didático só sobrevive se conseguir vender para o governo. Os maiores faturamentos do setor são de grandes editoras, de grupos internacionais que estão cada vez mais assumindo o mercado editorial brasileiro, inclusive através da venda de livros didáticos”.

A Comissão para Definição de Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC) tem se reunido para discutir como será implantado o acordo e ainda não definiu o prazo para as editoras se adaptarem às alterações. O MEC pretende exigir as novas regras nas próximas licitações de livros didáticos, para uso nas escolas em 2009. Oficialmente, o Colip divulgou que o Brasil prefere agir com diplomacia e esperar que Portugal assine a reforma, para então definir a implantação das mudanças.
Por Georgiana de Sá

Sunday, November 04, 2007

AMEAÇADOS PELO DESMATAMENTO

PERITO FALA DO MEIO AMBIENTE NA GLOBALIZAÇÃO

Por Georgiana de Sá/Fotos de Otávio Goulart

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“Por ganância econômica, ignorância e questões culturais, o ser humano se torna o principal ator na degradação ambiental do planeta”, lamenta Otávio Goulart Guerra Terceiro, professor e Perito em Meio Ambiente do Instituto de Criminalística de Minas Gerais. Conforme o especialista, as expansões agropastoris desenvolvem agressiva política de ocupação de terras e são responsáveis pelo desmatamento maciço de cerca de 600.000 km2 de Mata Atlântica e Cerrado do território mineiro. “As atividades ligadas a pecuária têm histórica importância na economia das populações rurais e, da mesma forma, aumentam a exploração desmedida do meio ambiente”.
Para criar pastagens é preciso desmatar e a perda de cobertura vegetal ameaça reservas de água doce, que, segundo Otávio, promove alterações microclimáticas e causa interferência direta no padrão de circulação dos ventos e na umidade relativa do ar.


Lançado em 02 de fevereiro de 2007, o IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), reuniu cientistas de mais de 130 países que e divulgou uma estrondosa pesquisa sobre as conseqüências do aquecimento global para o planeta. O relatório assustou a humanidade ao comprovar que o aumento da temperatura do planeta não é responsabilidade só do natural processo conhecido como efeito estufa, que acontece quando parte dos raios infra-vermelhos refletidos pela superfície terrestre é absorvida por gases presentes na atmosfera. O documento aponta a culpa humana sobre a intensificação do fenômeno climático como “muito provável”, trazendo à tona a lei de ação e consequência, da obra predatória do homem sobre a natureza e o meio ambiente.
Em Minas Gerais temos remanescentes de Mata Atlântica, refúgios de vida silvestre, mananciais e cursos d‘água essenciais para o abastecimento de populações locais. De acordo com Otávio, toda essa riqueza vem sendo, pouco a pouco, destruída pela ocupação humana desordenada, tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais.
O Estado em termos de flora, possui grandes biomas, a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga. São formações que abrigam os maiores registros da fauna que, na avaliação do especialista, sofrem constantes ameaças de extinção por causa do manejo inadequado do solo. “Nos últimos anos, de forma mais acentuada pelo chamado ‘reflorestamento’, constituído por uma única espécie ‘eucalipto’, cuja proliferação tem se tornado uma verdadeira praga em todo o Estado.” Ainda assim, de acordo com o Perito, temos fiscalização reduzida por parte dos órgãos do poder público.


Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Minas Gerais, dos cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados de cobertura vegetal primitiva da Mata Atlântica, restaram apenas 7,3%. “Os remanescentes de Mata Atlântica do Estado compõem fragmentos florestais cada vez mais escassos e degradados” avalia Otávio, ressaltando que o cerrado, em quase sua totalidade, foi dizimado em virtude da implantação de lavouras de soja e pelas atividades de carvojeamento(produção de carvão).
Preocupado com o incentivo à produção de álcool combustível, o Perito defende a expansão planejada e cuidadosa do atual ciclo do álcool, sustentada por estudos de impactos ambientais. “A ampliação da frota de veículos bicombustíveis motivou o aumento na produção de álcool. Áreas de Cerrado vêm sendo ocupadas por extensas lavouras de cana, causando enorme impacto no meio ambiente, em particular aos mananciais de água. Os produtores de cana não têm mostrado nenhum respeito a legislação ambiental em rigor, que protege áreas fundamentais à sobrevivência humana.”


Thursday, November 01, 2007

MINAS GERAIS E SUAS RECEITAS DELICIOSAS

Foto: arquivo do cantor

Há algo mágico em terras mineiras. Na infinidade de tendências de nossa música, outro jovem desponta com grande talento e conquista a simpatia do público. A voz suave de Kadu Vianna se encaixa bem com o estilo e a formação do trio, que conta com Aloízio Horta (contra-baixo) e Arthur Rezende (bateria). O cantor, compositor, violonista e guitarrista, foi premiado com o ‘Troféu Pró-Música 2007’, evento que já está na 10.ª edição e foi realizado em outubro deste ano, no Shopping Pátio Savassi, em Belo Horizonte.


O cantor se destacou entre os ‘Melhores da Música de Minas’ e ganhou na categoria ‘cantor revelação’, ao lado do conceituado Paulinho Pedra Azul, eleito músico do ano, e de artistas que despontam no cenário nacional, como Vander Lee e Marina Machado, agraciados como melhores cantores.

Carlos Eduardo Augusto de Brito, 27 anos - Kadu Vianna desde 2000, quando iniciou sua carreira artística -, aprendeu a gostar de música com o avô que era saxofonista, compositor e arranjador e com o tio Eugênio Brito, escritor e músico que ainda canta na noite. “Elementos culturais que recebi na infância serviram de ponto de partida para a paixão pela música. Minha mãe é artista plástica e também incentivou minha vocação musical”, conta.

Amante da turma do Clube da Esquina, das vozes de Milton Nascimento, Beto Guedes, Toninho Horta e Lô Borges, o jovem não faz o gênero de só ouvir um tipo de música e dá a volta ao mundo em seu gosto musical “É muito bom ouvir Paulinho Moska e Ed Motta, mas não deixo de ouvir música de quase todo canto do mundo. Gosto do grupo inglês The Beatles e seu ex-integrante Paul McCartney, de Phil Collins, da norte-americana Norah Jones e da canadense Diana Krall. Ultimamente o uruguaio Jorge Drexler está entre os meus preferidos”.

O mineiro define seu estilo como resultado da assimilação entre o que gosta de ouvir e suas próprias experiências. “São as trajetórias de vida que criam um som com personalidade independente. Eu toco violão e guitarra, mas já me aventuro em outros instrumentos e no próximo CD pretendo tocar piano. Me desenvolvi praticamente sozinho, quer dizer, comecei autodidata, e agora estou tendo a oportunidade de fazer canto lírico na UFMG”, explica ele.

Simpático, descontraído e simples, o cantor diz reconhecer a importância das releituras que, para ele, são reinterpretações com possibilidades de trazer o novo. “Existem canções que não devem ser esquecidas, como as de Noel Rosa, Pixinguinha, entre uma infinidade de outros mestres da música nacional e internacional. A regravação cria espaço para o inédito. Torna-se referência para o público avaliar o estilo do artista e meio para o cantor se lançar no circuito musical”. Em dezembro de 2003 lançou seu primeiro CD, intitulado “Kadu Vianna”, com direção artística de Luiz Brasil e participações de peso como as Jacques Morelenbaum, Carlinhos Brown e Carlos Malta, além de incluir uma composição inédita de Paulinho Moska (“Só me dão solidão”) e releituras de “Nada será como antes” (de Milton Nascimento com letra de Ronaldo Bastos), “Flor de Minas” (de Lô Borges e Fernando Brant) e “Cambaio” (Chico Buarque e Edu Lobo).

Em junho deste ano, o cantor e sua banda lançaram o CD “Dentro” no Teatro Dom Silvério, tendo como pano de fundo um cenário intimista e caseiro, composto de 12 molduras e fotografias de objetos domésticos (banheira, cama, armário etc). O disco tem arranjos modernos, influenciados pela MPB, pelo jazz e pop rock. Neste segundo trabalho Kadu é, ao mesmo tempo, produtor, diretor, arranjador, músico e intérprete e conta com participações especiais de Milton Nascimento, Marina Machado, Flávio Henrique, Leo Minax e Jeff Sabbag e dos parceiros compositores Magno Mello, Leo Minax, Murilo Antunes e Ricardo Nazar.

“É o fim do fim”, em parceria com Leo Minax, e Miragem, com Milton Nascimento e Marina Machado, estão entre as músicas inéditas do novo CD “Dentro”, que fazem a alegria da platéia. As canções de Kadu Vianna têm tocado em rádios como Inconfidência, Guarani e Alvorada. “Essas rádios estão atentas ao que está sendo produzido em Minas e abrem portas para artistas levarem novidades aos ouvintes”, reconhece ele. O cantor já fez apresentações em várias cidades de Minas Gerais, cantou em Curitiba e no Rio de Janeiro e tem shows agendados para o fim do ano, em Recife e novamente em Curitiba. Na última sexta-feira (26/10) foi convidado a participar do show de Vander Lee, no Chevrolet Hall, e deve se apresentar no próximo dia 08 de novembro, a partir das 21:00h, no Café Alexandrina, que fica na Rua Pernambuco 797, Savassi. No dia 17/11 Kadu canta na Pousada Carumbé, em Lavras Novas. Para quem perdeu o lançamento do CD “Dentro”, o músico promete, em 2008, repetir o sucesso do show, que deverá ser registrado para a gravação de um DVD.
CONFIRA O SOM ...

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Por Georgiana de Sá / Publicado no Jornal Edição do Brasil