Friday, June 27, 2008

Sacos plásticos: vilões da degradação ambiental


Crédito: www.flickr.com

Um saco plástico pode demorar até 500 anos para se decompor na natureza. Ainda assim, a maioria dos supermercados, padarias, açougues, farmácias e até bancas de revistas no Brasil, fazem uso indiscriminado desse tipo de embalagem. Essa prática torna o produto responsável por 10% de todo o volume do lixo depositado nos aterros sanitários do país. Esses e outros assuntos foram discutidos na tarde desta quinta-feira (26/06), durante o Seminário ‘Alternativas ao uso de Sacolas e Sacos Plásticos’, na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

O Encontro vai orientar a regulamentação da Lei Municipal nº 9.529/08, do Vereador Arnaldo Godoy, que dispõe sobre o uso de sacos ecológicos no comércio da Capital. “A proposta estabelece prazo de três anos para os empresários se adequarem à lei. Depois, serão obrigados a optar pelo material biodegradável”, explicou Godoy.

Presente no encontro, Sinara Inácio Meireles Chenna, da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte – SLU, disse que quatro mil toneladas de lixo são recolhidas na cidade diariamente. Ela explica que cada morador chega a gerar 0.692kg de lixo por dia e, destes descartes, 25% são de recicláveis (papel, metal, plástico e vidro). Conforme ela, o percentual de lixo urbano reciclado em BH corresponde a apenas 30 toneladas por dia.

“Sacolas plásticas são o pico do iceberg”, admitiu a representante da Associação Mineira de Supermercados - Amis, Andréa Gilbert, esclarecendo que o seguimento vai aguardar a conclusão dos estudos sobre os plásticos biodegradáveis para uma adesão unificada. Carrinhos feitos com garrafas PET, sacolas retornáveis em tecido cru e slogans como “Respeite a natureza. Seja consciente ao usar sacolas plásticas”, foram citados por Andréia como bons exemplos de supermercados que, mesmo antes das exigências, já estão administrando na teoria da reciclagem.

Incentivos para o consumo consciente

O presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação – Amip, Antonio de Pádua Moreira, esclareceu que nas seis mil padarias do Estado circulam cerca de quatro milhões de pessoas por dia, sendo 1.500 de clientes só em Belo Horizonte. Para incentivar mudanças de comportamento nos consumidores a Amip vai distribuir trinta mil sacolas retornáveis durante o ‘Minas Pão 2008’ (em julho no Expominas). As sacolas permanentes terão um preço entre R$ 1,39 a R$ 2,50, incluindo um código de barras, e servirão para os estabelecimentos associados concederem descontos aos consumidores que usarem as sacolas nas compras de padaria.

Lúcia Pacífico Homem, do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais –MDC-MG, advertiu que as sacolas plásticas, distribuídas nos supermercados da Capital, têm apresentado péssima qualidade, além de se tornarem principal causa dos entupimentos das bocas de lobo e esgotos durante as chuvas.

A coordenadora municipal do Procon – Proteção e Defesa do Consumidor, Stael Christian Riani Freire, destacou o desperdício e mau uso de materiais nas instituições públicas que, para ela, precisam interagir mais com o meio ambiente. A coordenadora defendeu uma parceria entre pesquisadores, incitativa privada, sociedade civil e órgãos públicos, como forma de fazer valer a lei de substituição de sacolas plásticas, proposta pelo Vereador Arnaldo Godoy.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Minas Gerais domina ranking no uso ilegal de carvão vegetal


Crédito: www.flickr.com

Das sessenta siderúrgicas multadas na operação de combate ao uso ilegal de carvão vegetal, realizada pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 55 são mineiras. Segundo o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas – IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, esses elevados números se justificam porque Minas Gerais tem um monitoramento superior ao de outros Estados brasileiros.

A grande demanda de seu parque siderúrgico fez de Minas Gerais o maior produtor e consumidor nacional de carvão vegetal, registrando gasto de cerca de 22 milhões de metros de carvão (mdc/ano). Do carvão originado em Minas 30% é proveniente de floresta nativa e 80% de floresta plantada, o que corresponde a 1,3 milhão de hectares de florestas plantadas (maior parque florestal do Brasil). Além disso, para suprir suas necessidades, as siderúrgicas mineiras adquirem cerca de 7,8 milhões de cargas de carvão, derivadas do Paraguai e de estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Piauí e Paraná.

O diretor do IEF assegura que as 80 siderúrgicas que atuam em Minas Gerais são protocoladas e monitoradas por um sistema eletrônico, em funcionamento há três anos. A informatização permite ao IEF criar contas correntes para fornecedores de carvão (carvoarias), controlar origem e consumo da madeira e saber quando o produtor mineiro zerou sua cota de fornecimento. No entanto, conforme Humberto Candeias, o sistema só permite controlar chegada, consumo e produção de carvão em território mineiro. “As informações que registramos são repassadas ao Ibama e a outros estados da federação, mas não temos como monitorar a produção de carvão em outros estados. Foi a organização on-line do IEF que possibilitou as infrações, baseadas em cálculos e identificações de divergências existentes entre o banco de dados e as notas fiscais”, disse o diretor, explicando como foi possível ao Ibama aplicar os R$ 414,7 milhões em multas pela compra de carvão ilegal.

Propostas de combate à exploração ilegal

Além do sistema informatizado, o diretor garante que os fiscais devem continuar a vigilância aos fornecedores nas portas das siderúrgicas mineiras, conferindo a carga dos caminhões e os documentos de origem florestal (DOF’s). Para fechar o cerco à comercialização ilegal, Candeias propõe que o Ibama complete a base de dados on-line e exija que os demais estados brasileiros também criem sistemas de contas correntes e disponibilizem informações sobre origem e consumo de carvão vegetal em seus territórios.

O IEF promete instalar chips para monitorar, via satélite, as rotas nacionais de carga e descarga dos caminhões de carvão que abastecem o Estado e apresentar à Assembléia Legislativa de Minas Gerais alterações para a Lei 14.309/2002. Atualmente, essa lei permite que as siderúrgicas usem 10% de mata nativa para produzir carvão, sujeitando-as à reposição simples do volume explorado e, nos casos de exceção dos 10%, a reposição florestal é feita em dobro. A proposta é que possa haver uma redução gradativa nessa cota de exploração de mata nativa, até que a autorização permita apenas o uso de resíduos, ou seja, de 5% de produtos vegetais, e que 95% do carvão vegetal utilizado na siderurgia seja proveniente de florestas plantadas.

Ainda de acordo com Humberto Candeias, as áreas de maior pressão de desmatamento no Estado estão localizadas no Noroeste de Minas, nas cidades de João Pinheiro, Paracatu, além do Vale do Jequitinhonha e região Norte, nos municípios de Bonito de Minas e Januária. O diretor disse que, para combater estes focos, o ‘Pacto de Sustentabilidade’, proposto ao governo do Estado, vai ampliar esforços para plantios de florestas em outras áreas de Minas Gerais. “Até 2002 atingimos cerca de 70 mil hectares plantados, em 2003 a taxa de plantio chegou a 150 mil hectares no ano e o ritmo de desmatamento da Mata Atlântica em território mineiro caiu 66% nos últimos cinco anos. Esses dados simbolizam uma melhor regularização e redução da pressão antrópica no estado“, ressaltou o diretor.

Por Georgiana de Sá

Sunday, June 15, 2008

Momento de poesia

Gostar é simples assim
Gostar é simples assim
Ares de contemplação
Na cegueira dos mais sublimes sentimentos humanos
Mais que os manjares dos ricos
É o inconfundível cheiro do café ainda a passar
É gosto de fruta madura
A imagem da mesa posta
O cheiro das manhãs frescas de verão
/como se as manhãs tivessem cheiro/
O mágico fascínio de coisas simples e cruas
Autênticas
É o descanso de um abraço
No soberano espaço de um olhar
É um querer
Um prazer sem sentido
Santa Maria da Simplicidade
Perdoai aqueles que não sabem
Da graça em abundância
Do supremo luxo
Que é o simples gostar
(Por Georgiana de Sá)
Imagem: http://www.flickr.com

Friday, June 13, 2008

MISTÉRIO NO SOLAR

Deu quem é o vulto? Posso ver apenas sombras e pecados.
Por Georgiana de Sá

Essa é a história de uma operação que correu em segredo há muito tempo atrás aqui no Brasil. Foi quando eu servia como costureira no solar de dona Domitília de Castro e Canto Melo, a marquesa de Santos, amante preferida do imperador Dom Pedro I. Nessa época, descobri que além de lidar bem com agulhas e linhas eu era ótima investigadora. Também, com tantos ladrões e nem uma prisão! Mas o fato é que descobri o tal larápio. Primeiro, deixa eu me apresentar. Fui batizada como Etelvina. Desenvolvi, na época áurea da alta-costura francesa, o dom de saber o modelo adequado para cada pessoa, razão das famílias fidalgas requisitarem meus serviços.

Quando ocorreu o primeiro furto foi acionada a guarda real. A seção de inteligência para investigação sigilosa fez levantamentos superficiais no solar e logo desistiu, considerando o fato ocorrido sem nenhuma importância especial. No entanto, a polícia da corte não previa que os pequenos furtos fossem continuar. Um dia o sumiço de uma anágua sem elástico da marquesa, no outro as plumas francesas que haviam sido esquecidas sob a cama. Depois, um corte de veludo retalhado de um metro, avaliado em oito contos de réis. E, para completar, na semana seguinte, desaparecem no aposento da marquesa três sobretudos de Dom Pedro, capas importadas da Inglaterra.

O furto dos sobretudos, como uma bomba, foi motivo mais que suficiente para alarmar até mesmo o imperador. Os sete funcionários da coroa, a serviço da amante real, tiveram que desembolsar o valor do prejuízo, inclusive eu fui lesada.

Enquanto a infame e misteriosa presença continuava em seu esporte de surrupiar, nas horas vagas eu visitava lojas de moda e cabeleireiros. Procurava manter-me atualizada e gostava de observar com discrição a influência da moda francesa entre as damas e nobres cavalheiros.

Os dias se passaram e, sem comentar com ninguém, cheguei à seguinte dedução:

1. Os guardas da coroa não tinham acesso aos aposentos da marquesa, e, além disso, nenhum deles roubaria uma anágua sem elástico.
2. O larápio dos sobretudos devia ser da confiança de dona Domitilia.
3. Alguém capaz de vasculhar gavetas e roubar anáguas da amásia do imperador era, sem dúvida, muito ousado, com a exata mentalidade para roubar plumas francesas, um metro de veludo ou três sobretudos ingleses.
4. O larápio das plumas era o mesmo das outras coisas e realizava seus furtos nos aposentos do solar, abusando da boa fé da marquesa (podiam ser os serviçais da limpeza).

Resolvi fazer um teste. Entravam na sala de costura, além de mim, apenas os serviçais da limpeza para retirarem o pó. Deixei como que esquecido na mesa de costura um par de meias de seda. Passaram-se três dias e as meias continuavam na mesa. Quem fazia sumir as peças no quarto principal não era o pessoal da limpeza.

Outra bela surpresa! Do guarda-roupa da marquesa sumiram doze robes de chambre. Os funcionários do solar estavam atônitos. Foi chamada novamente a guarda imperial e todos os serviçais interrogados, sem resultados.

Diante de tudo o que ocorrera, em certa tarde, ao final das costuras, fui chamada à cozinha e revistada por uma senhora que trabalhava na guarda. Que acinte, provocação, picuinha, insulto, desfeita, afronta. Não conseguia achar a palavra exata para tanta desconsideração. Isto se tornara uma humilhação intolerável. Nesta tarde eu tive uma idéia diabólica. Fui até o jardim e colhi um cogumelo psilocibino, fungo alucinógeno que mantinha escondido entre flores silvestres. Cortei-o em pequenos pedaços e retornei ao meu quarto. Peguei um delicioso croassaint de chocolate que recebi de uma amiga da cozinha, sobra do chá da tarde da marquesa, e com o canivete fiz um furo, introduzi o cogumelo alucinógeno, embrulhei e guardei em minha bolsa de costura.

No dia seguinte, a patroa havia saído para um banquete. Antes de recolher as tesouras, num momento em que ninguém olhava, deixei o croassaint junto ao criado-mudo no dormitório da marquesa por cima de um vestido de seda vermelha, tipo de bordado sobre fios contados de ouro e prata. Usei um dos pratos do lindo e raro conjunto de peças em fina porcelana, outro presente do imperador à sua favorita.

Esta noite eu não conseguia dormir. Virava de um lado para o outro na cama. Não conseguia pensar em outra coisa senão na cena emergente. No comilão guloso que dificilmente resistiria. O engraçado é que eu parecia sentir a mesma loucura, o querer incontrolável, o persistente desejo que o gatuno teria diante da chance de se apossar do que é do outro. Vaidade, inveja, gula...pecados nunca andam sozinhos...Cansada de tanto pensar apaguei a luz. Não sei quanto tempo se passou, mas não dormi.

Quando retornei ao solar, logo à porta, disse-me o filho da cozinheira:
-Senhorita Etelvina, já sabe que acharam o larápio?
Com o susto, deixei cair uma das tesouras no chão.
- Sim?
- Era a governanta-chefe.
- A governanta-chefe?
- Os serviçais ouviram gargalhadas maníacas e encontraram-na rodopiando pelo sombrio corredor. Chorava e ria ao mesmo tempo, como louca. Gritava: ‘Amo o imperador. Amo o imperador’!”... O vestido bordado a ouro estava enroscado em baixo dos babados de seu uniforme.

O mistério foi enfim revelado. Na verdade, a governanta quando estava disposta a furtar da marquesa, entrava no aposento com o uniforme sem as anáguas e escondia as peças por baixo da saia. Naquela noite, além de tentar surrupiar o vestido, escondeu dentro de seu corpete um diadema incrustado de brilhante, que Dom Pedro havia oferecido de presente à marquesa. Comprovou-se que debaixo da saia rodada cabia folgadamente plumas, anáguas e até sobretudos enrolados.
Com a descoberta, a guarda do imperador não levou adiante as investigações para descobrir quem deixara o croassaint alucinógeno no quarto da marquesa.

Nesse dia, todos os serviçais sentiram-se aliviados, inclusive eu. Mas, uma nova onda de intrigantes furtos recomeçou no solar. Isso, já é outra história...

(Inspirado no Conto “O Mistério dos Três Sobretudos”, de Roberto Arlt) Luxúria, gula, inveja, ira, vaidade, avareza, preguiça. Os sete pecados de Pandora estão para as tragédias humanas como a lua cheia está para o lobo uivante. É só mexer na misteriosa caixa e tudo vem a lume...

Thursday, June 05, 2008

Cidadão Osmar

Na trilha da consciência ambiental



Osmar Prado fez várias novelas, peças de teatro, minisséries e filmes. Na TV, o ator deu vida a inesquecíveis personagens, como ‘Sérgio Cabeleira’, que se sentia atraído pela lua em ‘Pedra sobre Pedra’ (1992), o tragicômico ‘Tião Galinha’, na novela ‘Renascer’ (1993), e o ‘Tio Margarido’, amante dos pássaros em ‘Chocolate com Pimenta’ (2003). Entre seus mais recentes trabalhos estão a narração do documentário ‘Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá’ (2007), que trata do processo de globalização, e a nova versão de ‘Ciranda de Pedra’(2008), onde interpreta o empresário Cícero Cassini. Para quem já atuou em mais de sessenta produções artísticas, lutar em prol do meio ambiente é o desafio do homem que precisa falar, ler e registrar o mundo real. Nesta entrevista ao Ambiente Hoje, Osmar evidencia a importância de atitudes cidadãs como prática cotidiana e confirma seu interesse em se manter informado para ajudar na preservação ambiental.


Arquivo pessoal do ator

Na trilha da consciência ambiental


Você ‘vestiu a camisa’ na campanha pelo fim do desmatamento na Amazônia e se emocionou na audiência pública que discutiu a transposição do rio São Francisco. O que te motiva a se engajar em causas ambientais?

Tenho preocupação com a realidade, com o que está acontecendo no Brasil e no mundo, e procuro fazer minha parte como cidadão. Acredito que é preciso colaborar, por isso me posiciono em campanhas direcionadas à conscientização, politização, seja de forma efetiva ou com uma atuação distanciada. O que me preocupa é o destino de nossa casa em comum, o planeta Terra. Onde houver movimentos ou ajuntamentos de pessoas preocupadas com as gerações futuras, que queiram fazer valer a democracia e a ética, quero estar entre elas. Com a preservação do meio ambiente não é diferente, procuro dar sentido e conseqüência à minha visibilidade fortalecendo temas sócio-ambientais.

As novelas têm grande estima do público no Brasil, principal forma de dramaturgia a qual o povo tem acesso. Em sua opinião, como as novelas podem servir de instrumentos para uma nova consciência ambiental?

Mesmo que a indústria da teledramaturgia procure manter hegemonias e não tenha, de um modo geral, finalidades educacionais, pode sim ceder espaços para discussões que interessam a sociedade, como as que envolvem as causas ambientais. Há escapes para articular a conscientização ecológica nas novelas. Glória Perez, por exemplo, gosta de incluir elementos reais em seus romances. ‘O Clone’ tratou de questões como alcoolismo, drogas, conflitos entre culturas e manipulação genética. No caso do intérprete, cabe ao artista fazer bem seu trabalho, dar sentido, abrangência de comportamento para o personagem, livrando-o dos clichês convencionais. Além disso, o artista está vinculado à vida da cidade e pode agir com gestos e atitudes silenciosas, sejam de preservação ambiental ou de respeito dos direitos de todos. Quando eu integrava o elenco da novela Sinhá Moça, me lembro um dia em que esperava na fila do banco e um cidadão me perguntou por que eu estava na fila, se eu era o ‘Barão de Araruna’. Eu disse: sou Barão lá, aqui sou cidadão. É uma forma de explicar que atrás do intérprete existe um homem, com uma vida absolutamente cotidiana e normal.

Você integrou o elenco da minissérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes", que teve como tema a preservação e o desenvolvimento sustentável da região. De quem é a missão de defender a Amazônia Brasileira?

Nós sabemos que a maior parte da Amazônia, valiosa biodiversidade do planeta, está em território brasileiro. Muitos já foram mártires na Amazônia, como o sindicalista e ambientalista Chico Mendes, agora precisamos nos unir contra essas agressões. Neste momento, a preservação da floresta não é só encargo do governo, depende de uma vigilância mundial, da colaboração de todo povo e de amplos movimentos de defesa, tanto nacionais quanto internacionais. O manifesto ‘Amazônia Para Sempre’ foi deflagrado pela colega Cristiane Torloni que, estando com Juca de Oliveira na Amazônia, ficou horrorizada com a devastação ambiental na região. Eu coloquei minha assinatura de adesão e apoio a esse movimento. É importante lutar para proteger esse manancial contra o capital imediato e especulador, que procura extrair lucros rápidos destruindo tudo o que existe pela frente. É preciso resistir ao avanço de exploradores que deixam rastros de abandono, para que os povos indígenas e as comunidades locais arquem com a responsabilidade da devastação ambiental.

Você é vinculado à ONG Movimento Humanos Direitos (MHuD), assina e participa de manifestos que assegurem a preservação do meio ambiente. Qual é a importância de pessoas em evidência, do mundo político, artístico, empresarial ou esportivo, se sensibilizarem com as questões ambientais?

Como cidadão manifesto minha inquietação sobre determinados assuntos. Eu me envolveria em causas ambientais, e com os problemas que lhe são associados, mesmo se não fosse um homem público. Não é o artista em evidência que necessita participar, é o homem comum que precisa se informar e compartilhar. Além de ser uma pessoa pública, sou alguém que tem idéias a respeito do país, do povo e tenta dar sentido ao que pensa. Se eu tenho admiradores do meu trabalho preciso fazer com que entendam que, atrás do artista, existe um homem sujeito a dificuldades, anseios, angústias e sonhos, procurando canalizar isso tudo na construção de uma sociedade mais justa.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o Jornal Ambiente Hoje (Amda)

CRESCIMENTO URBANO E BIODIVERSIDADE

Degradação ambiental além das metrópoles

Por Georgiana de Sá - Matéria exclusiva para o Jornal Ambiente Hoje (Amda)
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Poluição, rios malcheirosos e abarrotados de detritos, aglomerado de prédios e cada vez menos áreas verdes, congestionamentos e péssima qualidade do ar, lixo que causa enchentes e entope bueiros, escassez de água e energia elétrica. Essas são apenas algumas das conseqüências da industrialização desenfreada e da falta de planejamento nos grandes centros urbanos. Em sua mais recente pesquisa sobre a “Situação da População Mundial”, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que em 2008, 3,3 bilhões dos 6,6 bilhões de seres humanos passarão a viver em áreas urbanizadas, chegando a cinco bilhões em 2030. Em se consumando o que as pesquisas indicam, assegurar a sustentabilidade ambiental e encontrar um modelo de metrópole que consiga aliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental é o desafio do século XXI.
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Bombaim - Índia

Os seis países mais povoados da Terra (China, Índia, Estados Unidos, Indonésia, Brasil e Paquistão) somam 3,3 bilhões de habitantes, mais da metade do total mundial. Na China, país com 1,3 bilhão de pessoas, embora só as famílias do campo e de minorias étnicas possam ter mais de um filho, a população em sua capital já ultrapassou os 17 milhões, conforme dados da agência oficial chinesa “Xinhua”. Seguindo na contramão da sustentabilidade ambiental, em Pequim, torres, shoppings e chaminés funcionam a todo vapor e milhões de carros invadem as ruas a cada ano, seguindo o padrão capitalista de consumo.


Nova Déli - Índia

A Índia é outro país que segue elevando sua taxa de natalidade. Sua população conta com mais de 1,1 bilhão de habitantes. O último relatório do governo indiano calcula que o aumento populacional deve chegar a 300 milhões nos próximos anos, elevando-se a 1,4 bilhão de pessoas até 2026. Já o Brasil, quinto mais populoso, registrou 183,9 milhões de brasileiros, segundo “Contagem da População de 2007” do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo estudos publicados pelo WWF-Brasil, a população do planeta já está consumindo 20% a mais dos recursos naturais disponíveis e seu crescimento aponta para possibilidades sombrias. Os seres humanos concentram-se nas grandes cidades e cada vez mais, perdem a capacidade de ligar seus hábitos de consumo à exploração dos recursos naturais. Suas ‘pegadas ecológicas’ (medida de impacto ambiental), estendem-se além dos limites das cidades.

De acordo com o Juiz de Direito aposentado Antônio Silveira Ribeiro dos Santos, em seu artigo intitulado ‘Áreas urbanas e biodiversidade’, a explosão demográfica dos centros urbanos atinge a biodiversidade local e ao redor por reflexo. A cidade se torna um ecossistema que se alimenta de energia externa e o impacto de sua degradação pode ser notado em ecossistemas naturais distantes como, por exemplo, florestas e rios que recebem a sua poluição ou se tornam fornecedores de recursos. O estudioso destaca, entre os fatores que colaboram para a perda da biodiversidade, o descontrolado uso do solo para edificação; os danos causados à atmosfera e a água pelos resíduos tóxicos dos automóveis e indústrias.
A superintendente Executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente – Amda, Maria Dalce Ricas, durante oficina realizada no II Congresso Mineiro de Biodiversidade, o Combio, alertou que a natureza não é eterna provedora de recursos naturais ilimitados. A superintendente disse ser necessário estabelecer prioridades entre desenvolvimento urbano e meio ambiente. “Empreendimentos econômicos de grande porte são, muitas vezes, indutores de degradações em áreas de relevância ambiental”, exemplifica.

De acordo com a ambientalista, o crescimento populacional do planeta é realmente uma bomba relógio. “Dizer, por exemplo, que as desigualdades sociais no planeta seriam resolvidas apenas com distribuição de riqueza é simplificar um problema super complexo, ignorando a relação consumo x disponibilidade de recursos x crescimento populacional”.

MORADIA E MEIO AMBIENTE
Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2006 foram lançadas 1.939 unidades residenciais em Belo Horizonte e 3.037 em 2007. Contudo, existem ainda as moradias inadequadas que, segundo as apurações do Observatório de Políticas Urbanas da PUC Minas, equivalem a 53% do total da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os dados revelam que a cidade possui déficit habitacional (expressão que se refere à quantidade de cidadãos sem moradia adequada) de 53.201 unidades.

As habitações construídas em áreas de encostas de morros, ou que margeiam ribanceiras e córregos, geram problemas sociais e ambientais, tais como enchentes, deslizamentos, soterramentos e poluição hídrica. Para a professora Denise de Castro, doutora em Ciências Humanas e Sociologia e coordenadora do Núcleo Meio Ambiente e Urbanismo PROEX/PUC Minas, o crescimento urbano aleatório, ou parcialmente planejado, é ponto de partida para problemas ambientais. Ela cita como exemplo o tratamento inadequado em áreas de destinação de resíduos, tanto em atividades extrativistas (coletas de produtos de origem animal , vegetal ou mineral ), quanto na produção diária de lixo doméstico e industrial. “Resíduos sólidos e líquidos são fontes de degradação. Podem-se somar ainda, as precárias condições de vida em regiões de favelas, aglomerados, vilas e bairros que concentram populações desprovidas de saneamento urbano e de adequada atenção à saúde pública”, observa.

Casas do Aglomerado da Serra em Belo Horizonte


Belo HORIZONTE
Os problemas ambientais da ‘Cidade Jardim’
Fonte da imagem: http://www.flickr.com/photos/carlosweick/225642825/sizes/o/
Belo Horizonte- Santa Efigenia

Conhecida como “Cidade-Jardim”, devido ao seu clima agradável e por estar cercada pela Serra do Curral, Belo Horizonte foi planejada no final do século XIX, pelo engenheiro Aarão Reis. Seu projeto inicial separava o setor urbano do suburbano pela Avenida do Contorno. Porém, sem maior controle ou planejamento, a capital mineira se expandiu para além dos limites de seu traçado e hoje é mais uma polis inserida no preocupante contexto ambiental que atinge o resto do mundo.

De acordo com o IBGE, o total de moradores de BH passou de 2,238 milhões de pessoas, em 2000, para 2,412 milhões em 2007 (aumento de 7,8%). O antigo reino dos pomares sofre as conseqüências do crescimento populacional, que inclui o avanço acelerado da frota de veículos particulares, o aumento na poluição sonora e atmosférica e a perda de área verde, que cede espaço para ruas, avenidas e edifícios.

Na opinião do arquiteto Eduardo Guimarães Beggiato, da B&L Escritório de Arquitetura, Belo Horizonte, como outros centros urbanos, reúne muita gente num espaço em que não cabe todo mundo. “O ideal é que toda a gente se conscientize da importância de preservar, organizar e valorizar o espaço urbano”, considera. A B&L participou de projetos como o Boulevard Arrudas e do Programa de Recuperação de Fundos de Vale e Leito Natural (Drenurbs), que prevê a despoluição de 140 quilômetros de cursos de água, 73 córregos e a criação de parques.


Fundação Municipal de Parques de Belo Horizonte
Parque Municipal Aggeo Pio Sobrinho
Av. Prof. Mário Werneck. Bairro Buritis

Os parques recuperados no projeto são, comumente, espaços abandonados, ocupados por colchões e sofás na beira de córregos poluídos, e que estão sendo entregues à população. “Quando se despolui um rio, a natureza responde rapidamente. Poucos tempo depois aparecem peixes, vegetação ao redor, borboletas e pássaros”, diz Beggiato, destacando a importância de favorecer os ciclos de vida de espécies animais e vegetais para resgatar o equilíbrio ecológico do ambiente urbano.

As transformações arquitetônicas da cidade, segundo o arquiteto, devem considerar questões relacionadas ao meio ambiente. Ele conta que o Boulevard surgiu como compensação ambiental pelo fechamento do canal do Ribeirão Arrudas e implantação de pistas mais largas. “Foram plantadas mais de 600 árvores em idade adulta. Criamos uma alameda de árvores que daqui a dez ou quinze anos vai dar um retorno ainda mais visível. A árvore transforma a cidade em local de ficar, não só de passar”.

Fundação Municipal de Parques de Belo Horizonte
PARQUE 1.º DE MAIO
O presidente da Fundação Municipal de Parques de Belo Horizonte (FMPBH), Ajalmar José da Silva, explica que Belo Horizonte conta com 53 parques, distribuídos em uma área aproximada de sete milhões de metros quadrados. Para ele é fundamental assumir áreas públicas abandonadas e segurar ao máximo as áreas verdes que ainda temos. Ele considera que espaços de integração social, como praças, parques e jardins, determinam a qualidade de vida na metrópole e permitem compatibilizar carro, pedestre e espaço verde. Ajalmar cita o exemplo das praças recentemente criadas nas avenidas dos Andradas e Jose Cândido da Silveira, que foram revitalizadas e arborizadas.
Outra grande aposta do presidente é a implantação do Parque Municipal Paredão da Serra do Curral, que, para ele, será um dos parques mais freqüentados de BH. O parque já começou a ser implantado pela prefeitura e prevê a recuperação de trilhas e mirantes, criação de praça, pista de caminhada, gradis de proteção, escadas e guaritas de vigilância.

Para a coordenadora do PROEX/PUC, Denise de Castro Pereira, o governo precisa estar atento a exploração econômica da mineração e às agressões ambientais em Áreas de Proteção Ambiental (APA) situadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). “A atenção aos impactos das atividades minerárias e industriais, em geral, é tão importante quanto a vigilância aos danos resultantes do uso desordenado do espaço, como é o caso da expansão dos condomínios fechados”, diz, se referindo a ampliação de condomínios de luxos na região metropolitana de Belo Horizonte conhecida como APA Sul, que já sofre com as atividades de extração mineral.

INSUSTENTÁVEL AUTOMÓVEL
O cenário de bagunça no trânsito das grandes cidades

As manchetes dos principais jornais do Brasil e do mundo abordam o problema do trânsito nas metrópoles. Na demanda do escasso espaço público, o carro não é simplesmente um meio de transporte, representa o rito de passagem na trajetória de uma pessoa bem sucedida. É o senhor de status na escala evolutiva: bicicleta, motocicleta e automóvel. A simbologia que cerca o automóvel aquece uma indústria que movimenta bilhões de reais. Só a fábrica da Fiat em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, atualmente produz três mil carros a cada dia útil. Além disso, sua cadeia de produção envolve praticamente todos os recursos naturais disponíveis e as matérias primas deles decorrentes: combustíveis fósseis, minério, água, madeira, aço, energia. Tudo isso, garante o sucesso das indústrias de petróleo, e agora do biocombustível, substituto que está demandando a ocupação de áreas florestais, provocando desmatamentos e destruindo ainda mais a biodiversidade.

A superintendente da Amda lembra mais uma vez a relação consumo x recursos naturais x crescimento populacional. “Sob parâmetros de justiça social, todos os habitantes do planeta teriam direito a usufruir do automóvel. chineses, indianos, africanos, todos devem ter o mesmo sonho. Mas, está provado que não há recursos naturais suficientes para ‘realizar esse sonho’. por outro lado, a produção de automóveis no Brasil, por exemplo, é citada como parâmetro de desenvolvimento no país. Onde chegaremos?”, pergunta ela.

Segundo dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran), a capital mineira tem 868.773 condutores para 993.351 de carros, motos, vans, ônibus, caminhões e outros modelos. De acordo, com Rogério Carvalho, assessor da Diretoria de Planejamento da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte S/A (BHtrans), no ano passado a frota de automóveis da cidade apresentou crescimento de 8,41%. “Não há hoje no mundo nenhum centro urbano preparado para isso. Estocolmo e Cingapura estipularam taxas para os veículos que circulam no centro, São Francisco (EUA) também adotou o pedágio urbano como forma de racionalizar o uso do carro. Da mesma forma, em Londres, desde 2003, a cidade conta com essa alternativa. Mesmo cidades que conseguiram tornar eficiente o transporte público enfrentam problemas com o aumento na frota de automóveis particulares”, explica.
Foto: Georgiana de Sá
Rogério Carvalho(BHtrans)

Na tentativa de solucionar o caos no trânsito de Belo Horizonte, a prefeitura lançou em maio último, o ‘Programa de Ações de Mobilidade para 2008’, que prevê a melhoria do tráfego nas principais regiões da cidade. De acordo com o programa, serão realizadas 55 intervenções e 106 vias devem ser pavimentadas e sinalizadas. Além de desafogar o trânsito, a prefeitura pretende facilitar o transporte de passageiros com um sistema de comunicação, adequando painéis eletrônicos de informações para os usuários nos abrigos e ônibus, o que permitirá o acesso do público aos horários de chegada e saída dos coletivos, também monitorados pela Internet.

Em matéria publicada no jornal “Estado de Minas”, em 12 de maio último, o consultor Frederico Rodrigues, doutorando em engenharia de transporte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou dados sobre o transporte público em BH e defendeu o uso do ônibus como solução para os congestionamentos. Segundo o consultor, a cidade tem 1,5 milhões de pessoas que usam ônibus diariamente e, se a este número se somassem mais 420 mil passageiros, os congestionamentos e gastos com combustíveis se reduziriam a 16%, além da queda na emissão do monóxido de carbono, que seria de 2%.

Para o assessor da BHtrans, a melhoria do transporte coletivo se torna medida mais econômica e eficaz que soluções paliativas, como pedágio urbano e rodízio de veículos, ou mesmo como a construção de pontes, viadutos, e túneis. Da mesma forma, o arquiteto Eduardo Beggiato concorda que construções de mais avenidas só tendem a aumentar a demanda de recursos. “Ainda que o espaço urbano fosse projetado só para os carros, se derrubássemos todas as árvores ou demolíssemos todos os prédios, não resolveríamos o problema no trânsito, que está diretamente ligado à relação humana no ambiente da cidade”, diz, advertindo da necessidade de mudança de padrão de consumo.



“Sou sua amiga bicicleta. Faz bem pouco tempo entrei na moda pra valer”.A mensagem do compositor Toquinho na música ‘A bicicleta’ nunca esteve tão atual. Considerada meio de transporte rápido e muito mais barato que o automóvel, promete amenizar o drama dos congestionamentos.

As bicicletas estão demarcando espaços nas ruas de várias cidades do mundo com uma articulação sustentável e integrada a outros meios de transporte. O sistema de aluguel de bicicleta de Barcelona, na Espanha, começou em 2007 com 1.500 bicicletas e 90 mil utilizadores, que pagavam 24 euros anuais pelo uso do serviço. Em 2008, a prefeitura colocou à disposição 200 bicicletas públicas para que passageiros do transporte coletivo pudessem completar caminho após o uso do metrô ou ônibus. A prefeitura de Barcelona diz que serão mais de 3.000 bicicletas espalhadas nas estações até o final do ano.

O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, declarou guerra aos automóveis e lançou o programa público de ciclovias batizado de ‘Velib’ - contração de "vélo" (bicicleta) e "liberté" (liberdade) - que prevê a redução da circulação de veículos em 40% até 2020. São mais de vinte mil bicicletas públicas em vários pontos de aluguel, distribuídos ao longo da cidade em quase 300 estações. “O usuário pode pegar a bicicleta na estação, se deslocar e devolvê-la em outra estação. Existe um cartão eletrônico para retirar a bicicleta de um lugar e devolver em outro. Se o deslocamento demorar menos que meia hora, o empréstimo é gratuito. Na segunda meia hora se paga um euro, na terceira meia hora são dois euros. O aumento é progressivo para incentivar a rotatividade”, explica Humberto Guerra, analista de sistemas e apaixonado por bicicleta.

Humberto, que já circulou em Paris de bicicleta, destaca que o automóvel é pouco eficiente, gasta quase toda sua energia para transportar o próprio peso e produz cerca de 70% da poluição do ar no ambiente urbano. Para o ciclista, normalmente as pessoas tomam decisões relativas à mobilidade contando com o automóvel e não se dão conta que suas opções serão impactantes para o meio ambiente. “Escolher onde morar e estudar também pode equacionar problemas de locomoção”, aconselha.

O analista mora a um quilômetro de distância do trabalho e realiza esse trajeto caminhando, abriu mão de ter um carro e adquiriu uma bicicleta dobrável, para tentar contornar um dos grandes problemas apontados pelo ciclista, que é o fato da cidade não ter lugar seguro para deixar a bicicleta. O mineiro faz parte do cicloativismo e se dedica a ações em prol da bicicleta, participa de ações junto com a BHtrans, como no ‘Dia Sem Carro’, faz panfletagem nas ruas e tenta conscientizar as pessoas da viabilidade da bicicleta como meio de transportes para deslocamentos curtos.

O projeto ‘Pedala BH’ pretende criar ciclovias para integrar bicicleta e transporte coletivo, aproveitando locais da cidade onde a topografia é favorável. Estão previstos bicicletários para estações de ônibus e metrôs, inicialmente em Venda Nova, Barreiro e São Gabriel. De acordo com a Bhtrans, o projeto tem como meta oferecer 18 quilômetros de ciclovias, incentivar o uso de bicicleta e criar condições seguras para a circulação.