Saturday, November 29, 2008

Resultados do Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água”

Imagem: letxunineu. Disponível no www.flickr.com

Terminou nesta sexta-feira (28/11) o Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água”, que contou com 2.226 credenciamentos, incluindo estudiosos e representantes de mais de 30 países. Durante o encontro, quatro grupos de debates, formados por diferentes segmentos da sociedade, discutiram os temas: “Água e Mudanças Climáticas”, “Energia Renovável para uma Sociedade Sustentável”, “Novas Abordagens para o Planejamento Territorial” e “Solidariedade e Cooperação Sul-Sul”.

Ao final do encontro, Xavier Guijarro, da Green Cross e coordenador mundial dos Diálogos da Terra, ponderou que o encontro serviu para fortalecer a Cooperação Sul-Sul, compartilhar conhecimentos e experiências. “Chegou o momento de quem sabe ensinar para quem não sabe”, disse.


Octávio Elísio, subsecretário de Ensino Superior da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, explicou que a “Carta de Minas”, apresentada ao fim do evento e que será levada ao Fórum Mundial da Água, em Istambul - 2009, tem a finalidade de estabelecer propostas através de princípios políticos. Segundo ele, a Carta não aprofunda análises de temas específicos e deve ser aperfeiçoada em no máximo quatro dias, quando então será disponibilizada no site http://www.dialogosdatera.org.br/, mas, permanece submetida à participação popular.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Personagens de Ziraldo colaboram com educação infantil e ensinam a cuidar da água

Imagens: Cartilha Gênero e Água - Ziraldo


Durante o encerramento do Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água” foi lançada a Cartilha Gênero e Água, do cartunista Ziraldo. Maria de Fátima Chagas, do Programa Gender and Water Aliance (GWA), do Instituto Ipanema e Rede CapNet, explicou que o trabalho é um guia educativo infantil, dentro dos princípios da Declaração de Haia, que incorpora a perspectiva de gênero (homem-mulher-família) como determinante de políticas públicas.

Os personagens de Ziraldo vão servir para motivar a participação das mulheres e da família na gestão dos recursos hídricos. “Até lagosta eu pegava no rio Doce quando era menino. Hoje o rio está morto”, disse Ziraldo, comentando sobre a atual degradação da Bacia do Rio Doce e a importância da educação ambiental na formação das gerações futuras.

Ziraldo ponderou que embora os índices oficiais registrem 30% de analfabetos funcionais no Brasil, na prática são mais de 80% sem habilidades de interpretação de textos. “60% dos brasileiros nunca leu um livro. A educação no Brasil é uma questão tão emergencial quanto salvar a água”, disse.
Por Georgiana de Sá - exclusivo para a Amda

Friday, November 28, 2008

Climatologista fala das mudanças climáticas e ações preventivas em países pobres

Crédito da imagem: Jeff Sullivan. Disponível em www.flickr.com

Investimentos em educação, tecnologia e maior interesse em torno do controle da natalidade podem preparar melhor os países pobres para ações preventivas frente às atuais mudanças climáticas. Essas questões foram suscitadas durante o evento “Diálogos da Terra no Planeta Água”, nesta quinta-feira (27/11), pela climatologista do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Lucka Bogotaj.

A convidada considerou, ainda, que a educação social pode ser mais eficaz que pagar pela preservação de florestas. Estabelecendo uma relação entre pobreza e corrupção, a Lucka explicou que, em países pobres, as compensações financeiras podem não ser investidas na preservação ambiental, em razão dos constantes episódios de corrupção relatados nestas nações.
A climatologista fez referência às formas de compensação que seriam mais adequadas em países pobres e em vias de desenvolvimento. Ela citou programas de educação entre mulheres para controle do crescimento populacional e apoio internacional para que estas nações inovem tecnologias e possam minimizar efeitos do aquecimento global.

Mesmo avaliando que o planeta sofrerá alterações climáticas irreversíveis, a climatologista enfatizou a importância de medidas preventivas que, segundo ela, só serão implantadas por meio de conscientização e mobilização social. “A mobilização social pode ser garantida através da internet, da TV e de todas as outras mídias, de estudantes e intelectuais jovens”, disse ela, ponderando que não podemos esperar que os políticos façam mudanças no modelo econômico clássico sem impulsos sociais. “É preciso haver pressão de diferentes fontes para alcançar sustentabilidade”, defendeu Lucka.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Encontro entre ONGs e sociedade civil fortalece a “Carta dos Rios da Terra”

Foto de Helena Omena. Disponível no www.flickr.com
Carta em defesa dos rios do mundo é discutida por ONGs e sociedade civil durante fórum "Diálogos da Terra no Planeta Água"


A AMDA participou de um encontro setorial, nesta quinta-feira (27/11), durante o Seminário internacional “Diálogos da Terra no Planeta Água”, como o tema “Planeta Terra: A Grande Bacia Hidrográfica”. A reunião contou com a presença do público do evento e do ambientalista Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão.


Apolo Hering, coordenador do encontro, fez considerações sobre a situação dos rios no mundo, lembrando que águas onde se podiam pescar e nadar, hoje estão virando esgotos. “Tudo que acontece fora dos rios vira parte da água”, explicou.


O objetivo da reunião é incorporar a “Carta dos Rios da Terra”, que tem como signatários o Projeto Manuelzão, o Instituto Guaicuy e a Amda, à “Carta de Minas Gerais”, documento que, ao final do fórum “Diálogos da Terra”, será enviado ao 5º Fórum Mundial da Água (2009), em Istambul, na Turquia.


De acordo com Apolo, a “Carta dos Rios da Terra” é uma tentativa de modificar a mentalidade mundial com relação ao uso e preservação dos recursos hídricos do planeta. “O debate sobre a situação da água pode agregar a humanidade e gerar sabedoria popular. Quem tem de governar o mundo é a sabedoria. A economia é poderosa, mas não tem juízo”, disse ele, analisando que o atual modelo econômico não será capaz de resolver problemas globais, como a falta de moradias, escola e saúde.


A assessora jurídica da Amda, Cristina Chiodi, sugeriu que a carta mencionasse o crescimento populacional a níveis insustentáveis e o consumo excessivo como fatores que aceleram a degradação ambiental no planeta. Ao final do diálogo, os presentes entraram em consenso no que diz respeito às alterações propostas para o texto da “Carta dos Rios da Terra”.

Por Gorgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Thursday, November 27, 2008

Evento internacional é também palco de manifestações ambientalistas

Fotos Horácio Martins
Ambientalistas do Projeto Manuelzão, do Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas e da Amda – Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente manifestaram contra a poluição das águas e em defesa do Rio São Francisco
Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, entregou pessoalmente a “Carta dos Rios da Terra” ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e demais membros que integravam a mesa de abertura do evento.
O palestrante Mohan Munasinghe, dirigente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, disse que é imprescindível estimular o novo modelo econômico-social para combater às crises financeira e ambiental.

Ambientalistas do Projeto Manuelzão, do Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas e da Amda – Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente manifestaram contra a poluição das águas e em defesa do Rio São Francisco. O protesto ocorreu nesta quarta-feira (26/11), no Minascentro, em Belo Horizonte, durante a abertura do evento “Diálogos da Terra no Planeta Água”. Os manifestantes entraram no auditório com alegorias e faixas que diziam: “A Petrobrás polui criminosamente as águas de Minas”, “O rio está doente” e “Diga não a transposição” e finalizaram o protesto ao som da música dos Beatles, Imagine.
Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, entregou pessoalmente a “Carta dos Rios da Terra” ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e demais membros que integravam a mesa de abertura do evento. No documento, os ambientalistas justificam a importância da água para o planeta e sugerem uma nova metodologia de ação para uso dos rios e bacias.
Pela primeira vez na América Latina, a 6ª versão do fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água” discute desenvolvimento sustentável, com destaque para a gestão da água no planeta. Durante seu pronunciamento, o governador Aécio Neves disse que o resultado do encontro será levado ao Fórum Mundial da Água, em março de 2009, em Istambul, Turquia.
O governador citou estudos, indicando que se não houver redução das emissões de gases de efeito estufa, o aquecimento global e suas conseqüências podem custar até 5% do PIB global. “No futuro essa perda pode atingir 20% ou mais”, disse, ressaltando que o desafio dos líderes na atualidade não é o de simplesmente defender a economia, mas de garantir a sobrevivência humana no planeta.
Em entrevista coletiva, Alexander Likhotal, presidente da Green Cross International, advertiu que o homem vem usando os recursos renováveis 27% mais rápido do que a Terra leva para renová-los e que as atividades das empresas têm motivado fortes danos ambientais. Likhotal defendeu a parceria entre governos e investidores, como estratégia de combate à crise climática e financeira. O presidente fez referência à redução do uso de combustíveis fósseis, aos investimentos em energias renováveis (como a eólica e solar) e ao uso consciente da água, como rotas seguras para o desenvolvimento integrado e sustentável das nações.
O palestrante Mohan Munasinghe, dirigente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, disse que é imprescindível estimular o novo modelo econômico-social para combater à crise financeira que, segundo Munasinghe, surge associada à outra crise, a ambiental. Conforme ele, o desenvolvimento sustentável só se garantirá se for atrelado à diminuição da pobreza. O palestrante lembrou que cerca de dois bilhões de pessoas no mundo ainda vivem abaixo da linha da pobreza e que as mudanças climáticas devem promover ainda mais desigualdades sociais, como a escassez de alimentos acarretada pelas secas.
O ex-presidente de Portugal, Mário Soares, também ponderou que a crise global não é só econômica, mas energética, ambiental, alimentar e de valores éticos. O participante disse ter esperanças em uma mudança de paradigmas e considerou o governo de George W. Bush como grande responsável pela atual crise global. “Bush foi um flagelo para a humanidade”, disse, acrescentando que a vitória de Barack Obama nas eleições americanas representa uma janela de esperanças e uma mudança de consciência política e social dos Estados Unidos.

Embora tenham sido realistas quanto a atual crise global, relacionando problemas ambientais, econômicos e sociais, os palestrantes se revelaram esperançosos quanto ao futuro da humanidade e do meio ambiente. Contudo, os participantes recomendaram, de forma quase unânime, a integração urgente da sociedade civil, do setor empresarial e do poder público, na busca de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico sustentável.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Tuesday, November 25, 2008

Em debate: poluição na fabricação de ferro-gusa, recuperação nas margens do ribeirão Sabará e controle ambiental de postos de gasolina

Foto de EsteMar Dantas. Disponível em www.flickr.com
Produção de ferro-gusa: considerada fonte potencial de poluição atmosférica
A Unidade Regional Colegiada – URC Rio das Velhas se reuniu em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (24/11), para votar a pauta de sua 11ª Reunião Ordinária. Todos os Processos Administrativos foram aprovados durante o encontro, exceto o que tratava de Exame de Licença de Operação da Fergubel Ferro Gusa Bela Vista, para tamboramento de ferro gusa em Matosinhos/MG.
A Conselheira Irene Vaz, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, pediu vistas para apurar denúncia sobre poluição atmosférica envolvendo o empreendimento. O processo será retomado depois que o IBAMA conferir se a Fergubel está em desconformidade com os padrões exigidos pela legislação.
Foi aprovada a proposta de Licença Prévia Concomitante com Licença de Instalação de diques de proteção de margens do ribeirão Sabará, cujo empreendedor é a Prefeitura Municipal de Sabará, condicionada que os projetos adicionais cumpram o Art. 8º, da Resolução CONAMA 369 de 2006. A sugestão foi da conselheira e assessora jurídica da Amda, Cristina Chiodi, que destacou a necessidade de recuperar áreas degradadas em Área de Preservação Permanente – APP, que serão abrangidas no projeto, bem como a recomposição de vegetação com espécies nativas.
A Conselheira ressaltou também que a Prefeitura de Sabará precisa conciliar seus projetos de recuperação nas margens do Rio Sabará, um dos principais afluentes do Rio das Velhas, com a atuação do Projeto Manuelzão, que tem como eixo principal a recuperação da bacia do Rio das Velhas.
A representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Fiemg, Paula Meireles Aguiar, aprovou os Processos Administrativos para exames de Autos Infrações dos Postos Cerradão, Esmeraldas e Neblina da Serra, mas enfatizou a importância dos pareceres jurídicos identificarem com clareza os motivos das autuações dos postos de gasolina.
De acordo com o secretário adjunto de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e presidente da URC/COPAM Rio das Velhas, Shelley de Souza Carneiro, as infrações tem como objetivo regular as atividades dos postos em Minas e assegurar medidas de controle ambiental. O secretário lembrou que o Estado possui cerca de quatro mil postos, extrapolando o limite estabelecido por norma federal, de dois mil postos.
“As atuações são geradas por descumprimento de itens da Deliberação Normativa do COPAM nº 50, de 2001, que estabelece procedimentos para o licenciamento de postos de gasolina”, justificou Shelley.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Saturday, November 15, 2008

O FUTURO DO BRASIL

"na imensidade" por Igor Alecsander. Disponível em www.flickr.com

Conselheiro da ONU fala da revolução energética e da potencialidade do Brasil no setor


“Estamos sustentados em paradigmas falidos. Os mais jovens estão condenados a inventar, porque a história não se repete”, considerou o "ecossocioeconomista" Ignacy Sachs, durante o encontro preparatório do evento “Diálogos da Terra”.


“A Grande Transição: As Saídas da Era do Petróleo”, foi tema da palestra do professor, na tarde desta quarta-feira (13/11), no Auditório do Conservatório da UFMG. Sachs falou das grandes transições nos processos civilizatórios do homem, citando a revolução neolítica, que há cerca de doze mil anos iniciou o primeiro processo de urbanização, e o início do século XVII, quando ocorreu a transição para energias fósseis.



Segundo ele, o momento atual sinaliza uma terceira transição para uma nova economia produtora. “Estamos no limiar da terceira grande revolução, um momento favorável para mudar o paradigma energético”, disse. O professor ponderou que o novo ciclo de desenvolvimento não se sustenta somente pela substituição de gasolina por etanol, mas pelo uso de fontes não convencionais de energia, como solar, eólica e de biomassa, inclusive a produção de bicombustíveis através de algas marinhas.


Sachs criticou o uso de carvão vegetal produzido de forma predatória, tirado de matas nativas, e promoveu reflexões sobre os limites da biocivilização moderna.Como exemplos de estratégias menos vorazes para o desenvolvimento econômico, o palestrante citou a recuperação de áreas degradadas, a adoção de políticas públicas de incentivo à agricultura familiar e investimentos para o trabalhador rural. “Temos de pensar num feixe de políticas públicas, aliar produtividade com visão ambientalista correta e passar essa visão para o agricultor”.


Finalizando sua palestra, o Ignacy Sachs, que também é conselheiro das Nações Unidas, salientou a alta potencialidade do Brasil no setor energético. “ O trópico não é mais um obstáculo para o desenvolvimento, mas vantagem comparativa natural”. Ele salientou, ainda, que o avanço pelos recursos naturais impõe tarefas urgentes para a comunidade cientifica mundial, e para o Brasil em particular. “O país precisa conhecer melhor suas potencialidades e aprender a fazer bom uso da natureza, através de pesquisa e organização social propícia”.


Por Gerogiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Saturday, November 08, 2008

Desmatamento ocasiona a mortandade de peixes

Foto: Tomasz Þór Veruson. Disponível em www.flickr.com

O assoreamento é um dos problemas mais sérios do rio São Francisco, tendo como causa o desmatamento que vem ocorrendo em suas margens. Esse foi um dos temas abordados na tarde desta terça-feira (04/11), durante o Seminário "Situação atual e estratégias de conservação de espécies de peixes em Minas Gerais", promovido pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda e Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig.


A mesa redonda intitulada "Revitalização do rio São Francisco - aspectos relacionados à proteção dos ambientes ribeirinhos" suscitou um amplo e efusivo debate, incluindo o desmatamento como uma das intervenções humanas que pode ocasionar a morte dos peixes.


O vice-presidente da Associação dos Pescadores de Três Marias, Norberto Antônio dos Santos, expôs que o IEF - Instituto Estadual de Florestas concedeu licença para desmatamento de 310 hectares de cerrado nativo para uma fazenda de 510 hectares, localizada no Arraial do Silga, na divisa de Três Marias e Lassans (MG).

Segundo Norberto, estão sendo derrubadas espécies nativas como sucupiras e jatobás. "Já conseguimos duas liminares que suspenderam provisoriamente o corte autorizado pelo IEF. Entre uma liminar e outra foram derrubadas mil sucupiras. O corte das árvores está ocorrendo próximo de um dos afluentes do Rio São Francisco".

Compondo a mesa redonda, o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, se manifestou após a denúncia de Norberto, prometendo a suspensão imediata da licença concedida até que a questão fosse esclarecida. O diretor garantiu que o caso narrado se tratava de uma questão pontual e que os Escritórios Regionais do IEF estão mobilizados para evitar o desmatamento em mata nativa do Cerrado.

Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, ponderou que a garantia da fauna de peixes da bacia do rio São Francisco depende do planejamento sistêmico e integrado do IEF nos processos de licenciamento. "A mentalidade dos legisladores precisa ser de gestão de bacias, caso contrário os licenciamentos saem sem fundamento. A natureza funciona de forma sistêmica e por isso não podemos desintegrar a gestão ambiental", disse, considerando a função das Unidades Regionais Colegiadas - URC's e dos Comitês de Bacias Hidrográficas.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Seminário apresenta medidas para impedir morte de peixes

Foto de rik janssen. Disponível em www.flickr.com


O manejo de recursos pesqueiros em reservatórios foi foco do Seminário "Situação atual e estratégias de conservação de espécies de peixes em Minas Gerais", na tarde dessa segunda-feira (03/11), no auditório da Cemig. O pesquisador da Universidade Federal de Maringá - PR, Ângelo Antônio Agostinho, apresentou as conclusões de seus estudos sobre o tema, explicando que é inerente aos reservatórios alterarem consideravelmente a ictiofauna (conjunto de espécies de peixes) nas bacias hidrográficas onde se localizam.


"O tamanho dos peixes diminui com a idade dos reservatórios e a abundância de peixes também sofre alterações. Espécies de grande porte são substituídas por espécies sedentárias e de pior qualidade, o que traz prejuízos aos pescadores", pontuou o pesquisador, com base em vários reservatórios estudados. "Ações de manejo bem sucedidas dependem do compromisso com a conservação da biodiversidade", disse Agostinho, apresentando um conjunto de ações ambientais que podem ser praticadas em áreas de influência dos reservatórios.


Segundo ele, para o êxito do manejo (interferência no sistema) e do monitoramento (avaliação do manejo), é preciso definir objetivos e contemplar informações sobre o ambiente, os recursos, os usuários e atividades da área considerada. Conforme o palestrante, a mortandade dos peixes, a poluição nos rios e os conflitos de uso entre os pescadores são algumas das causas para se iniciar o manejo.


O biólogo da Cemig, João de Magalhães Lopes, apresentou um estudo intitulado "Estratégias para a conservação da ictiofauna nativa: Programa de repovoamento da Cemig". Em suas colocações, Lopes revelou formas de manejo que a Cemig vem usando para prevenir a extinção e garantir a reintegração de espécies de peixes que sofrem ameaças com a construção de usinas hidrelétricas. Entre as estratégias citadas pelo palestrante estão o controle de poluição dos rios, a criação de áreas protegidas e programas de educação ambiental.


Conforme informou Lopes, os pesquisadores da Cemig fizeram visitas a centros de pesquisa no exterior, no sentido de reestruturar os programas de ictiofauna da Companhia. Projetos implantados em Washington, Texas e na cidade de Dexter (Novo México), nos Estados Unidos (EUA), relativos à indústria de piscicultura de salmão, ao repovoamento de espécies ameaçadas e à educação ambiental foram focos de observação dos pesquisadores.


Partilhando os saberes adquiridos durante as viagens, o biólogo citou os tanques do "Dexter National Fish Hatchery & Technology Center", (Dexter-EUA), que mantém populações de espécies ameaçadas para serem usadas em caso de catástrofes ecológicas e extinções.


O Seminário foi promovido pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda, com o apoio da Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig, nos dias 3 e 4 de novembro de 2008, no auditório do edifício-sede da Cemig, na Av. Barbacena, n°1200, no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda