Friday, April 17, 2009

Reciclagem de óleo no cardápio do dia

Foto de Maximiliano Javier 

Pastéis, batatinhas, peixes e ovos fritos. Não se pode dizer que estes são os pratos mais indicados pelos nutricionistas, mas, depois que o paladar é fisgado pelo ‘frito na hora’, o que fazer com o óleo que sobra do preparo destes alimentos? Trata-se de planejar um destino coerente para esse tipo de produto, já que seu descarte inadequado em aterros sanitários e na rede de esgoto provoca impactos ambientais negativos.
Em áreas sem saneamento, o material pode chegar aos rios e prejudicar a sobrevivência dos peixes. Um litro de óleo descartado na natureza contamina um milhão de litros de água. Segundo informações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - Copasa, que faz serviços de limpeza e desentupimento nas tubulações, quando jogado no ralo da cozinha, o óleo causa entupimento e, conseqüentemente, retorno de esgoto para o imóvel.
Do mesmo modo, depositá-lo no lixo comum não é solução para quem se preocupa com o meio ambiente. Enterrado com os demais resíduos pode contaminar o lençol freático. Além do mais, o óleo tem a capacidade de impermeabilização, ou seja, impede a água das chuvas de penetrar no solo. Recente pesquisa, realizada pelo professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre D’Avignon, diz que essa atitude também contribui para o aquecimento global. A pesquisa aponta que a decomposição do óleo de cozinha emite na atmosfera um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, o metano.
Mas, o que muita gente ainda não sabe é que o óleo de cozinha pode retornar ao ciclo de produção, economizar energia e preservar recursos naturais. Com a reciclagem, os resíduos do óleo se tornam matéria-prima para ração animal, biocombustível, massa para vidro, graxa e outros químicos usados em empresas. “A crise financeira tem atraído compradores porque o óleo é opção barata de matéria prima”, diz Nívia de Freitas, diretora administrativa da Recóleo, que trabalha com coleta e reciclagem de óleo vegetal em Belo Horizonte.
A diretora explica que nos últimos meses houve maior número de adesões de bares, pastelarias, lanchonetes e restaurantes da cidade. “Acredito que isso ocorreu porque as pessoas estão percebendo a gravidade dos problemas ambientais”. Segundo ela, a Recóleo recompensa os fornecedores com sabão, detergente ou amaciante e oferece o “vale-óleo” para mães da região da Pampulha, que podem trocar óleo por uniformes escolares para os filhos. Ainda de acordo com Nívia, a empresa recolhe o óleo em comércios, residências e condomínios e disponibiliza um telefone para o agendamento da coleta: (31) 3418-5790.
Maria do Rosário Timóteo, proprietária de um self-service no Barro Preto, região centro-sul da cidade, já se habituou a armazenar o óleo usado no restaurante. “Guardo o que sobra e uma empresa especializada faz a coleta duas vezes por mês. Além de colaborar com o meio ambiente, a cada cinco litros eu ganho produtos de limpeza”, diz, aconselhando os interessados em reciclar óleo a conferirem se a entidade recolhedora tem certificação legal para executar o serviço.
Da mesma forma, Dimas Borém (foto abaixo), dono do Bar 222, no bairro Anchieta, recicla o óleo que sobra no seu estabelecimento. “Há dois anos atrás uma empresa se ofereceu para recolher o material, o que foi importante por que havia uma preocupação com o óleo que a gente jogava fora". Antes, conforme o empresário, o óleo era colocado em sacos plásticos para que o caminhão de lixo pegasse.
Foto deLuiz Rafael
Segundo Dimas, o bar chega a consumir cerca de vinte litros de óleo por dia. Filipe Borém, sócio do bar, pretende começar a receber óleo de alguns vizinhos e destina-lo para reciclagem. "Mesmo não sendo possível receber de todos os nossos vizinhos, vamos definir um espaço melhor para armazenar os recipientes com óleo que podemos receber de alguns”, disse. De acordo com os sócios, em contrapartida, o bar recebe materiais de limpeza da empresa recolhedora, como detergente, sabão e vassoura.
Já a dona de casa Geni Reis (foto abaixo), 69, aprendeu a fazer seu próprio sabão. Há dez anos ela vem aproveitando resto de óleo comestível para fabricar sabão caseiro, o que, segundo ela, pode ser feito sem muito esforço. “Parentes e amigos já sabem que eu faço sabão e todo mundo guarda o óleo para mim”. Satisfeita, ela diz que sua produção é distribuída para toda a família. “Não compramos sabão e fazemos uma boa economia”.         
Foto de Kelly Fonseca
Dona Geni ensina uma receita caseira. São cinco litros de óleo de cozinha usado; dois litros de água morna; dois copos de amaciante e um quilo de soda cáustica em escama. Depois, é preciso colocar, com cuidado, a soda cáustica no fundo de um balde; adicionar a água morna e mexer até diluir a soda, junta-se o óleo e mexe; por último, acrescenta o amaciante, mexendo lentamente por cerca de vinte minutos a trinta minutos. A mistura é então colocada em uma forma e reservada até o dia seguinte, quando a consistência está firme e as barras podem ser cortadas.
Dona Geni recomenda o uso de luvas, óculos de proteção e utensílios de madeira ou plástico para preparar a receita, uma vez que a soda caustica é tóxica e, portanto, deve-se evitar contato direto com o produto.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje , da Amda.

Thursday, April 16, 2009

Autorização para obras em rodovias sem licenciamento prévio preocupa ambientalistas

Foto de  J. F. Lacerda

A notícia da aprovação pela Câmara dos Deputados, na última terça-feira (14/04), da Medida Provisória (MP) 452/08, surpreende ambientalistas e autoridades governamentais da área. A MP foi assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado (26/12/2008) e, originalmente, abordava apenas o Fundo Soberano e ações do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte (Dnit). Em sua versão final, após treze emendas apresentadas na Comissão, foi votada pela Câmara, seguindo ao Senado e à sanção presidencial.

Um dos pontos mais criticados na medida se refere às licenças prévias para projetos de construção e reforma, nas faixas de domínio das rodovias federais já existentes. O relator da MP, deputado José Guimarães (PT/CE),  alterou o texto, permitindo que obras realizadas dentro da faixa de domínio das rodovias já existentes sejam dispensadas do licenciamento ambiental prévio. O licenciamento só continuaria obrigatório para a construção de novas rodovias e, neste caso, o empreendedor tem 60 dias para que o projeto possa ser aprovado pelos órgãos competentes e, após esse prazo, pode dar início às obras, independentemente do resultado do licenciamento, embora com condicionantes. Até então, são exigidos uma série de documentos ligados à questão ambiental, mesmo para obras de recuperação.
Nesta quinta-feira (16/4/09), durante reunião na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, se mostrou surpreso com a decisão. “Estou incrédulo e quero confirmar”, disse ele. O secretário ponderou que a medida pode enfraquecer o Licenciamento Ambiental. “Não é nem tanto o prazo, embora ele seja curto, demasiadamente curto, mas, a Medida cria o princípio da caducidade para o licenciamento ambiental, o que é gravíssimo”. Após essas considerações preliminares, José Carlos Carvalho ressaltou que só vai se manifestar sobre o tema depois que analisar com mais profundidade a MP.
Contrárias à medida, entidades ambientalistas encaminharam nota de repúdio à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Doze entidades ambientalistas, entre elas a ‘SOS Mata Atlântica’, a WWF Brasil e o Greenpeace, consideraram que “a proposta pretende burlar a Constituição Federal, uma vez que é notório que o impacto maior ocorre após a pavimentação”. A nota registra, ainda, que o simples anúncio do asfaltamento já é suficiente para estimular o desmatamento e a grilagem na Amazônia, no que se refere às rodovias federais que cortam a região.

Crédito da imagem: Claudio Marcon

A superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, concorda com inconstitucionalidade da medida e adverte que a rapidez na execução deste tipo obra, mesmo para as rodovias já existentes, compromete o meio ambiente. “Não resta dúvida que é preciso considerar os impactos radiais da pavimentação e que boa parte das rodovias já existentes precisa de correção ambiental”, analisou.
Segundo a superintendente, a pavimentação nas proximidades de áreas de ecossistemas pode causar danos potenciais em cursos d’água, supressão de vegetação, movimentação de terras, aumento do tráfego de veículos e pessoas, atropelamento de fauna, captura de animais silvestres e estímulos ao desmatamento por empreendimentos imobiliários, pela ocupação marginal. “Se questões como essas não forem consideradas, ao invés das rodovias servirem para locomoção e desenvolvimento do país, podem se tornar, ainda mais, instrumentos efetivos de degradação do meio ambiente”. 
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

E POR FALAR EM FUTURO, ÁGUA, PARA ONDE VAI VOCÊ?

Foto por Helio Rocha

Pagamento pelo uso da água alerta empreendedor para o risco da escassez

O que tem sido feito pela preservação da água e de seus ciclos? Seria repetição indagar outra vez, se a água não fosse fonte de sobrevivência do Homem no Planeta, principal garantia de vida para as gerações futuras. Não foi à toa que, para acompanhar a trajetória da gestão dos recursos hídricos, do local ao mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU), criou o Dia Mundial da Água (22 de março).
Em Minas Gerais, para comemorar a data, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) realizou em parceria com a Assembléia Legislativa do Estado (ALMG) e o Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas o 8º Fórum das Águas. Entre os dias 23 a 27 de março, palestras, mini-cursos e debates serviram para avaliar os “Avanços e desafios da política das águas em Minas Gerais”, aliás, título da primeira discussão do ciclo, na ALMG.
A cobrança pelo uso da água, que deve ser implantada até o final de 2009 em diversas bacias hidrográficas do Estado, foi tema amplamente discutido. A medida, prevista na Lei 13.199, e regulamentada pelo Decreto nº 41.578, de 2001, vai atingir os 51 municípios inseridos na área do rio das Velhas, incluindo a Região Metropolitana de BH; as bacias do Araguari, no Triângulo; a do Pomba/Muriaé; e do Preto/Paraibuna. De acordo com o Igam, a cobrança não será aplicada aos pequenos produtores, mas aos grandes empreendimentos industriais e de irrigação, além de concessionárias de abastecimento de água, que já prevêem o repasse de até 3% para o consumidor.
Para o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, a cobrança representa o avanço da lei. “Há um esforço pela efetividade da cobrança do uso da água, mas não é fácil colocar em execução. Há a necessidade de valorar o uso dos recursos naturais, não para onerar. Pagamento para uso da água é para contribuir com fiscalização nas bacias”. Segundo ele, a cobrança está condicionada à criação de agências das bacias hidrográficas, que definirão valores e aplicação dos recursos. O secretário destacou que dos 36 comitês previstos na legislação, 34 já foram instituídos e dois estão sendo criados.

Neste sentido, o representante do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias, Mário Dantas, lembrou que, apesar das implantações, ainda faltam recursos financeiros, pessoal de apoio, equipamentos, meios de comunicação e internet. O representante sugeriu a criação de um sistema de informação sobre os recursos hídricos para uso dos comitês. “O sistema de informação dos recursos hídricos iria economizar muito com o gasto que há na elaboração de planos diretores de bacias”.

Conforme dados da ONG WWF, a irrigação na agricultura responde por cerca de 70% do consumo de água mundial; 20% vão para a indústria; e os 10% restantes destinam-se ao uso doméstico. No que se refere ao gasto do setor industrial, o pagamento pode promover a conscientização do uso adequado do recurso. Durante mini-curso do Fórum, a gerente de meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ana Cristina da Silveira, disse as empresas não estão considerando a cobrança como um imposto, mas como forma de colaboração. Ela garantiu que quinze empresas ligadas à Associação Peixe Vivo/AGB - Peixe Vivo, já contribuem para viabilizar a gestão da bacia hidrográfica do rio das Velhas, antes mesmo da prática da cobrança. Sob o mesmo ponto de vista, Maria de Lourdes Pereira dos Santos, engenheira da Cia Vale do Rio Doce, considerou que a medida não será impactante para o setor. No entanto, ela ressalvou que as discussões devem continuar sendo compartilhadas, com justiça e adequação.
O gerente de meio ambiente da Fiemg, Wagner Costa, disse que não será fixado um valor padrão de repasse. Segundo ele, caberá a cada setor decidir se vai adicionar o gasto nos preços dos produtos, ou se inclui a ação em programas de responsabilidade social, em benefício do meio ambiente. “Para a indústria, tudo é uma questão de oportunidade e a cobrança da água vai demandar análises de custo e benefícios”, explicou.
Foto por Helio Rocha

A agricultura responde por cerca de 70% do consumo de água mundial

Já com relação à agricultura, o setor mineiro ainda se mostra resistente à nova aplicação. Responsável por quase 40% da produção mundial de alimentos e maior consumidora dos recursos hídricos disponíveis, a agricultura irrigada influencia na degradação de água, solo e mata ciliar. O secretário-adjunto da Agricultura de Minas Gerais, admitiu o desmatamento na agricultura como principal problema ambiental do meio rural. “São imensas áreas de solos desnudos e a água não vai para o seu aconchego”, disse durante o Bate-Papo no Sisema, no penúltimo dia do Fórum.
Paulo Romano analisou que a rentabilidade do setor é baixa e o risco é alto, para pequenos e grandes produtores, já que as safras variam de acordo com condições climáticas e outros eventos. Para ele, esse é um dos motivos da resistência do setor quanto à cobrança. “O motivo da resistência é também uma questão cultural, o agricultor, pela sua própria atividade, ficou isolado do processo”, disse, acrescentando que o produtor rural precisa se aproximar mais da discussão para entender a demanda. 
Crédito da Imagem: Márcio Angelo
DESPERDÍCIO E POLUIÇÃO

Ainda falta mobilização conjunta para cuidar da água

Além da cobrança pelo uso da água, outro tema discutido no Fórum foi o papel do cidadão na preservação dos recursos hídricos, sobretudo no seu ambiente local. O desinteresse da sociedade em reduzir consumo de água e esgoto lançado na rede pública, foi considerado desafio de gestão. “Gestão tem avanços, mas tem que contar com participação de cada segmento, estado, nação, empresas, sociedade. São olhares diferentes e que têm que convergir para a sustentabilidade”, articulou a diretora-geral do Igam, Cleide Pedrosa.
“Precisamos ter uma disposição final adequada do lixo urbano, para evitar que, com as chuvas, o lixo seja carregado para dentro do leito do rio. É preciso fazer também um trabalho com os agricultores para reduzir o uso de agrotóxico, ou seja, há um conjunto de atividades que estamos articulando”, ponderou o secretário José Carlos Carvalho.
A poluição nos corpos d’água por sofás velhos, animais mortos abandonados nas águas e lixo lançado em bocas-de-lobo e bueiros, são exemplos de contribuições dos cidadãos que, segundo o secretário, cobram do governo águas limpas, mas se esquecem da parcela que lhes cabe na degradação dos rios.
Para se ter uma idéia de quanto custa a poluição, o governo vai gastar R$ 1,3 bilhão para revitalizar a bacia do rio São Francisco. A chamada Meta 2010 é um projeto do Manuelzão, Governo do Estado e Copasa que propõe navegar, pescar e nadar nesse rio, e onde já foram aplicados cerca de R$ 550 milhões.
Na agenda de programação do Fórum, vinte e seis prefeitos de municípios mineiros, inseridos na bacia do rio das Velhas, se reuniram no Palácio da Liberdade e assumiram um compromisso com a Meta 2010. “Existem medidas de âmbito municipal que, se não forem tomadas, tornam inócuo o nosso esforço e até é um desperdício do recurso que nós estamos aplicando”, explicou o governador Aécio Neves.
O despejo de esgoto e lixo na bacia os municípios é considerado entrave para o sucesso do programa, sendo os municípios de Sabará e Sete Lagoas citados como poluidores potenciais. O coordenador geral do projeto Manuelzão, da UFMG, Apolo Heringer, pediu a integração da sociedade como um todo, incluindo não somente as prefeituras, mas os setores agropecuário e industrial.
Crédito da imagem Wellington Pedro

Apolo Heringer pede mobilização de setores para recuperação do rio das Velhas

O governador autorizou a Copasa a investir mais R$ 239 milhões na bacia do Velhas para o biênio 2009/2010 e o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) a usar R$ 20 milhões na destinação adequada de lixo urbano que atinge a área. Em contrapartida, as administrações municipais garantiram, entre outras ações, favorecer políticas sustentáveis de uso e ocupação do solo, de coleta e destinação adequada do lixo e de manutenção da qualidade dos cursos d'água.
Entre as conquistas do projeto, a mais festejada é a volta dos peixes ao rio. O biomonitoramento realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirmou que peixes que subiam somente 250 km na bacia, hoje já estão ao longo de 580 km, ocupando áreas antes degradadas. Outro aspecto favorável se refere ao esgoto coletado que já atingiu o percentual de 57,33%. A criação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE do Onça), eliminou outros 207 lançamentos de esgoto. 

Crédito da imagem Wellington Pedro

Secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, também fala da importância da mobilização de todos os setores para o sucesso de gestão das águas.
 
O secretário José Carlos Carvalho, disse que 2010 é uma data simbólica e que os trabalhos para melhorar a qualidade de vida na bacia hidrográfica do rio das Velhas vão continuar após a data limite. De acordo com dados do projeto, a próxima fase será de investimentos na recuperação de áreas florestais degradadas - com ênfase na recuperação de matas ciliares – e atividades de educação ambiental.
Além da Bacia do rio das Velhas, os níveis de “Índice de Qualidade das Águas” (IQA) no Estado foram considerados ‘bom’ e ‘médio’ em cerca de 80% das águas. Esta foi a conclusão do Mapa da Qualidade das Águas, divulgado pelo Igam. O estudo revela que a qualidade das águas de Minas em 2008 permaneceu quase nos mesmos níveis do ano passado. “O resultado demonstra que estamos conseguindo controlar o impacto das pressões econômicas e populacionais em nossos recursos naturais”, disse o secretário José Carlos, considerando o resultado positivo porque revela o controle do estado, frente ao aumento da população e do uso da água. 

Crédito da Imagem: Georgiana de Sá

Simone Lage de Araújo, gerente setorial de Meio Ambiente da Refinaria Gabriel Passos (Regap), garantiu que a Petrobrás está investindo na adequação de efluente para reuso em torre de resfriamento, ao lado do gerente de meio ambiente da Fiemg, Wagner Costa, que disse que não será fixado um valor padrão de repasse diante da cobrança de uso da água.


AS MIL FACES DA ÁGUA

O risco de escassez de água gera mudanças em processos produtivos e de consumo

No sentido de economizar ou para se encaixar na prática do desenvolvimento sustentável, muitas empresas descobriam nas tecnologias oportunidades de reuso da água. Durante a discussão do tema “A Indústria Mineira e a Gestão das Águas”, José Ângelo Paganini, da Usiminas, falou que a siderúrgica trocou aterros sanitários pelo co-processamento de resíduos, no sentido de aproveitar sobras em fornos de cimenteiras. “Com isso, ficamos livres dos passivos. Os aterros, mesmo após encerramento, exigiam cuidados posteriores”, disse, realçando que a medida evita riscos de lançamento de resíduos em aterros ou cursos d’água.
Simone Lage de Araújo, gerente setorial de Meio Ambiente da Refinaria Gabriel Passos (Regap), garantiu que o reaproveitamento de água da refinaria chega a 25% e que a Petrobrás está investindo na adequação de efluente para reuso em torre de resfriamento. Ela considerou que cada litro de petróleo consome um litro de água e que, para atender os novos padrões de qualidade do diesel, mais água será empregada. “Minimizar um impacto ambiental gera outro impacto, que é o aumento na demanda por água”, disse.

Crédito da Imagem: Georgiana de Sá

Beatriz Borges Botelho, analista da Divisão de Ações Mercadológicas da Copasa, sobre a instalação de medidores individualizados nos condomínios. Segundo ela vai gerar a inibição de desperdícios, redução de consumo e consequente queda no faturamento da concessionária.

A parcela da água para consumo da população foi discutida pela Cemig - Companhia Energética de Minas Gerais e Copasa - Companhia de Saneamento de Minas Gerais, que promoveram palestras durante o evento. Beatriz Borges Botelho, analista da Divisão de Ações Mercadológicas da Copasa, falou que a concessionária está instalando medidores individualizados nos condomínios, em conformidade com a Lei Estadual nº 17.506, de 29 de maio de 2008.

Conforme a analista, o serviço, que só pode ser implantado mediante 100% de adesão dos proprietários, vai gerar a inibição de desperdícios, redução de consumo e consequente queda no faturamento da concessionária. "Não é lucro para a Copasa, mas é o certo. Todo mundo quer morar num prédio com hidrômetro individual, com racionalização de consumo e valor".

Crédito da imagem: Georgiana de Sá

O superintendente de Planejamento de Geração e Transmissão da Cemig, Evandro Leite Vasconcelos defendeu novos hábitos de consumo e sugeriu a instalação de aquecedores solares para diminuir gastos, sobretudo dos chuveiros.

O superintendente de Planejamento de Geração e Transmissão da Cemig, Evandro Leite Vasconcelos defendeu novos hábitos de consumo e sugeriu a instalação de aquecedores solares para diminuir gastos, sobretudo dos chuveiros. "A energia elétrica é cara e nobre, não deveria ser gasta para esquentar água de chuveiro”. O palestrante ouviu do público sugestões para que a Cemig criasse parcerias com o governo a fim de tornar os aquecedores solares acessíveis a todos e que instituísse uma maior interatividade com os Comitês de Bacias Hidrográficas. 
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje, da Amda.

O convívio da arte com a natureza

Crédito da imagem: arquivo do Inhotim "Bisect triangle", espelho feito com aço inoxidável com 220 x 713 x 504 - Dan Graham

Situado no município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Centro de Arte Contemporânea Inhotim (Caci) abriga jardins projetados por Burle Marx e está cercado por mata nativa, com espécies raras e pertencentes aos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado. O espaço combina paisagismo com pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações de artistas nacionais e internacionais.

“Entre as definições para Belo Horizonte está a da típica roça grande, onde todo mundo fala ‘uai’ e como queijo”, diz Bruno Oliveira, 21, estudante de artes plásticas da Escola Guignard. Para ele, o acervo do Inhotim e sua coleção botânica mostram que, além de ambientes interioranos, o mineiro tem mais a oferecer. “O Inhotim privilegia o intercâmbio de arte contemporânea, fora do eixo Rio - São Paulo”, completa.
O acervo de Inhotim atrai estudantes, artistas plásticos, apreciadores de artes e da natureza; estrangeiros e brasileiros de todas as partes. Em seis galerias de obras permanentes e outras quatro dedicadas às obras temporárias o visitante pode assistir a um ‘vídeo arte’, se projetar num jogo de espelhos, ou apreciar uma obra que mistura elementos teatrais e áudios. Mas, o diferencial do local está mesmo nos intervalos. Entre uma galeria e outra a arte contemporânea interage com uma natureza exuberante, com status de jardim imperial.

Crédito das Fotos Georgiana de SáArte cercada por natureza exuberante"Inmensa", de Cildo Meireles, aço, 400 x 810 x 445 cm, 1982 - 2002

Para o artista plástico e professor Getúlio Moreira em Inhotim existe a estética do paisagismo, uma natureza artificial criada para abrigar a arte, que difere de outras instalações artísticas montadas em áreas de matas nativas e que interagem com ambientes naturais. Mas, feita essa ressalva, ele reconhece que o espaço é de inegável importância para a arte contemporânea. “A idéia de fundir espaços destinados a pinturas, esculturas e instalações com jardins aponta para outras possibilidades e experiências artísticas”.

Como está localizado próximo de Belo Horizonte, a 60 km da Capital, Inhotim tem atraído não só profissionais de áreas ligadas à arte e ao meio ambiente, mas um público diverso que mora na região da Grande BH. O Tecnólogo em redes de computadores, Sérgio Horta, 24, conta que já visitou o local mais de uma vez. “É uma maneira que encontro de aliviar o stress do dia-a-dia. Gasto cerca de uma hora de carro para chegar, mas vale à pena. É um lugar fascinante. Um descanso que me faz esquecer do escritório e do meu trabalho na frente de um computador”.
Passeando pelo museu a céu aberto, é possível apreciar obras como o Magic Square no 5 – De luxe (1978), escultura de grandes dimensões que só poderia mesmo estar ao ar livre, de Hélio Oiticica (1937-1980), artista que influenciou o movimento tropicalista nos anos 1960 e 1970. Outro trabalho que ocupa o lado de fora do museu é o Bisected triangle, um espelho feito com aço inoxidável com 220 x 713 x 504 cm (2002). O trabalho é do artista conceitual Dan Graham (1942, Illinois, EUA) e explora a relação público-obra-natureza. Além destes artistas, obras de Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Doris Salcedo, Victor Grippo e Matthew Barney são exibidas no local.
Conforme informações da assessoria de imprensa do Inhotim, o parque recebe, semanalmente, estudantes das redes pública e privada de ensino, de Brumadinho e da Grande Belo Horizonte, no intuito de promover a ‘arte educação’ e ‘educação ambiental’. Os interessados podem se informar pelo telefone (+ 55 31) 3227 0001. O local está aberto para visitação de quintas e sextas-feiras, das 9h30 às 16h30. Aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Existe uma linha de ônibus BH-Inhotim com saídas regulares da Rodoviária de BH, todos os sábados e domingos, sempre às 9 horas.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje, da Amda.

Thursday, April 09, 2009

Cobrança pelo uso da água em debate

Crédio da imagem:  Raul Guereque
A cobrança pelo uso da água no Estado foi tema do "Bate-Papo no Sisema", nesta segunda-feira (06/04). O histórico da legislação hídrica no Brasil e em Minas Gerais, a participação do governo na organização dos comitês de bacias hidrográficas e a aplicação dos recursos provenientes da cobrança foram alguns dos temas discutidos durante o encontro. 

Luiza de Marilac, diretora de Gestão dos Recursos Hídricos do Igam - Instituto Mineiro de Gestão das Águas, fez um retrospecto da legislação hídrica aplicada ao gerenciamento das águas, citando, entre outras, a Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que instituiu a política nacional de recursos hídricos, e a Lei 13.199, de 1999, que definiu a política estadual mineira para tratar a questão.

Questionada pelo público sobre a capacidade dos membros dos comitês para deliberar sobre preços e aplicação dos recursos arrecadados pela cobrança da água, a diretora advertiu que os comitês estarão subordinados às legislações existentes. "A questão da representatividade dos comitês é mesmo complicada. A cobrança faz parte de um processo contínuo e, nesta evolução, será papel do Igam identificar e qualificar novas lideranças", disse Luiza de Marilac. Segundo ela, a cobrança vai começar em setembro deste ano, na bacia do Rio das Velhas e, a partir de novembro, nas demais bacias hidrográficas do Estado. 

O representante do Sindiextra - Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais, Willer Pós, ressaltou que o setor produtivo não se posiciona contra o pagamento e que a implantação eficaz da cobrança vai depender da gestão organizada do Estado. Ele ponderou, ainda, que possíveis deficiências na atuação dos comitês de bacias serão desafios para os órgãos internos de governo. 

O representante da Copasa, Valter Vilela, falou sobre a destinação dos recursos arrecadados com a cobrança. "7,5% destinados para manutenção da agência de bacia hidrográfica e 92,5% aplicados na recuperação da bacia de origem", repassou ele. 

Durante o encontro, foi esclarecido que o Igam já definiu fonte específica no orçamento para abrigar os recursos da cobrança pelo uso da água (fonte 61) e as etapas da cadeia de transferência. Inicialmente, os recursos serão direcionados para a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais, que procederá ao repasse da arrecadação para o Igam que, por conseguinte, destinará os valores para as agências de bacias. A fiscalização da arrecadação e aplicação dos recursos vai contar com auditorias internas e acompanhamento do Tribunal de Contas do Estado.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda