Tuesday, December 25, 2007

O B-A-Ba do meio ambiente

Foto: Horácio Martins

Crianças aprendem na escola a reciclar lixo e economizar água

Por Georgiana de Sá

O Projeto de Lei n.º 1089/2007, em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), torna obrigatório o estudo sobre o meio ambiente e as conseqüências do aquecimento global, no ensino médio e fundamental das escolas públicas e particulares do Estado.

Conforme Maria da Conceição Ferreira, orientadora educacional da Escola Estadual Barão do Rio Branco, a medida é necessária para garantir a sobrevivência humana no planeta. “Grande parte da população não tem consciência de ações diárias e atitudes que contribuem para a degradação ambiental”. Segundo ela, medidas simples de reeducação poderiam diminuir os impactos da ação do homem sobre a natureza.

Maria da Conceição lembra que os alunos da escola ficaram assombrados quando começaram a contar a quantidade de lixo que eram capazes de gerar.“As crianças tiveram como para-casa somar quantos quilos de lixo a família produzia em um dia. Depois de multiplicarem isso para uma semana e um ano puderam perceber porque o lixo é um problema para a natureza”, explica a educadora.

A professora de ciências Nancy Rebouças Julião, que leciona para a 5ª e 6ª série do ensino fundamental, se tornou responsável pelo desenvolvimento de projetos de reciclagem na escola. Passo a passo, a professora mostra aos alunos a importância da reciclagem do lixo na preservação ambiental. “Fazemos um trabalho bem bacana. Informamos às crianças sobre a importância da reutilização do lixo. Os estudantes estudam conteúdos de ciências, os tipos de lixo que existem, para onde vão e como são produzidos”, diz ela com entusiasmo.


Foto: Horacio Martins

Nas aulas de ciências os alunos aprendem a importância de reutilizar o lixo

A professora começa com uma explicação de como é feito o lixo e para onde vai. Com caixas de leite, copos de iogurte e garrafas de refrigerante, as crianças criam brinquedos e objetos de uso e, dessa forma, aprendem a reaproveitar e evitar o desperdício. “O lixo nem sempre é lixo. Mostramos que a maior parte do que jogamos fora não é sujo. Falamos também sobre os impactos do consumismo, das coisas que a gente compra sem necessidade e como podemos reutilizar embalagens em trabalhos artesanais”.

Durante as aulas, professora e alunos expressam idéias e sugerem que haja não somente reciclagem, mas também novas formas de produção e comercialização. “Em vez de copinho de plástico, o iogurte poderia ser vendido em embalagem de vidro para a gente lavar, voltar ao supermercado e comprar só o liquido”, idealiza uma criança. “Com o leite poderia ser do mesmo jeito”, conclui outro colega.

Para completar os conhecimentos obtidos no ambiente escolar, os estudantes fazem visita ao aterro sanitário de Belo Horizonte e são motivados a pesquisar sobre os problemas do lixo na Capital. No aterro, as crianças ficam sensibilizadas com a quantidade de lixo produzido na cidade. Elas ficam atentas a todas as explicações e aos diferentes materiais encontrados. É vidro, papel, plástico, metal e pneus. “E agora professora, para onde vai o lixo?”, pergunta um aluno.

Outra escola da Capital que está desenvolvendo projeto de educação ambiental é a Escola Estadual Caetano Azeredo, que vem se dedicando ao Projeto Semeando e orientando os estudantes a economizarem os recursos naturais. Uma de suas alunas, Valesca Caroline Mathias, 12 anos, da 4.ª série do ensino fundamental, se alegra com que tem aprendido durante as aulas. Valesca descobriu que pode economizar na hora escovar os dentes e passou a multiplicar os litros de água que consegue poupar por dia. “Para escovar os dentes posso gastar até 12 litros de água. Mas, se usar um copo de água para enxaguar a boca e fechar a torneira enquanto escovo os dentes, posso economizar mais de 11 litros de água”, ensina Valesca.

Foto: Georgiana de Sá

Valesca Caroline Mathias descobriu que pode economizar água até na hora de escovar os dentes

Saturday, December 01, 2007

BALANÇO POSITIVO PARA A CULTURA EM BH

Festival de arte discute os anos de luta do povo negro

Presente no FAN, o ator Fabrício Boliveira, que fez o ‘Bastião’ na novela da Rede Globo, Sinhá Moça, e o Saci Pererê da série de 2001 do Sítio do Picapau Amarelo, lamenta o sofrimento de seus antepassados durante a ditadura.


Durante o FAN, a estilista Lydia Garcia, do Atelier Cultural Bazafro, mostrou sua especialista em moda étnica no “Ojá” e defender a importância da população negra nos movimentos sociais brasileiros.
Em sua passagem pelo FAN, o artista plástico Jorge dos Anjos, lembrou que o negro ajudou a construir a história política do país.


Em visita ao FAN o cantor Netinho de Paula elogia a atuação dos afrodescendentes na política nacional.




No “Dia da Consciência Negra”, a Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ao lado da coordenadora de Assuntos da Comunidade Negra da Prefeitura de Belo Horizonte, Maria da Graça Sabóia, fala da cultura negra no país e assiste as apresentações mineiras de danças afro-brasileiras


No FAN, o ator Romeu Evaristo, que vive o ‘Angolano’ no programa de humor ‘Zorra Total’, também conhecido por ter feito, nos anos 70, o Saci Pererê no Sítio do Picapau Amarelo, falou da repressão à cultura negra durante a ditadura.
O FAN - “4.º Festival de Arte Negra-2007”- comemorou o “Dia da Consciência Negra” com debates, apresentações musicais e danças de origens afro-brasileiras


Dançarinos da Associação Cultural “Eu Sou Angoleiro” (Acesa) apresentam coreografias afrobrasileiras.


Fotos e texto Georgiana de Sá

Belo Horizonte termina o mês de novembro com saldo positivo para a diversidade cultural. Entre os dias 19 a 25/11, o FAN, “4.º Festival de Arte Negra-2007”, ocupou vários espaços da cidade com música, teatro, dança, cinema, exposições e debates sobre a participação do negro na história brasileira.

No dia 20 de novembro, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), esteve na Casa do Conde para comemorar o “Dia da Consciência Negra”, uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra à escravidão no Brasil. A ministra falou da importância da cultura negra para a história do país e assistiu apresentações de danças de origens afro-brasileiras, da Associação Cultural “Eu Sou Angoleiro” (Acesa).

Durante o evento, personalidades e artistas afro-brasileiros conheceram o “Ojá” - palavra africana que significa mercado - que foi montado na Casa do Conde. Os convidados concederam entrevistas e falaram sobre a resistência do negro durante a ditadura militar. O ator Romeu Evaristo, que vive o ‘Angolano’ no programa de humor Zorra Total, também conhecido por ter feito, nos anos 70, o Saci Pererê no Sítio do Picapau Amarelo, lembrou que a repressão militar proibia, de propósito, manifestações da cultura negra, como o samba e a capoeira.“Mais que ninguém o negro sofreu com a ditadura, com causas e efeitos perversos”, opinou ele.
O cantor Netinho de Paula, 36 anos, defendeu a inserção dos negros na política do país e elogiou representantes como Gilberto Gil e Benedita da Silva. “A presença do negro na história política brasileira, em termos quantitativos, pode parecer insignificante, mas merece aplausos”, considerou o cantor.

O ator Fabrício Boliveira, 25 anos, que atuou como o ‘Bastião’ na novela da Rede Globo, Sinhá Moça, e o Saci Pererê da série de 2001 do Sítio do Picapau Amarelo, recordando as histórias de seus antepassados lamentou o sofrimento dos afrodescendentes à época da repressão no país. “A religião, a música e a capoeira eram vistos como expressão cultural proibida”, disse.

Mineiro de Ouro preto, o artista plástico Jorge dos Anjos analisou que, tanto na abolição da escravatura, quanto no período da ditadura, o negro ajudou a construir a história política do Brasil. Ele destacou que, durante a repressão, a arte da capoeira era impedida de ser celebrada e os terreiros de candomblé invadidos. “A polícia quebrava tudo e os pais-de-santo eram presos. Os sambistas eram perseguidos e considerados vagabundos”.Lydia Garcia, do Atelier Cultural Bazafro, especialista em moda étnica, ressaltou que os movimentos sociais, durante a ditadura, contaram com a participação da população negra. “A religião e a música de origens africanas, já marcadas por preconceitos históricos, foram manifestações artísticas ainda mais perseguidas durante a ditadura”. Em sua luta pela resistência dos afrodescendentes, Lydia se tornou militante do movimento negro em Brasília, na década de 70. “Fui uma das primeiras a subir a Serra da Barriga, em Alagoas, templo de resistência e sede de um dos maiores quilombos do Brasil”, contou ela.