Friday, December 26, 2008

AVENTURAS NA NATUREZA

Serras e parques mineiros fortalecem o mapa turístico do Brasil
É chegado o momento das férias e os roteiros ecológicos são opções freqüentes nos programas de viagens. Minas Gerais, de norte a sul, se torna território do ecoturismo. São paisagens surpreendentes, sítios arqueológicos e caminhos trilhados por colonizadores.
Minas Gerais possui sete Parques Estaduais abertos à visitação. Um deles é o Parque Estadual do Ibitipoca, na Zona da Mata, a 241 km de Belo Horizonte (BH), com praias naturais e espécies em extinção como a onça parda e o lobo guará.
Foto de Glauco Umbelino
Parque Estadual do Ibitipoca/MG
Localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto, a 100 km da Capital, o Parque Estadual do Itacolomi também é habitat de expressiva fauna (macacos, tatus e capivaras).
Já o Parque Estadual de Nova Baden guarda a beleza da cachoeira Sete Quedas, de jequitibás, jacarandás, bromélias e orquídeas. Localiza-se em Lambari, região do Circuito das Águas que tem uma boa infra-estrutura para visitantes.
E por falar em água, o Parque Estadual do Rio Doce possui quarenta lagoas, entre elas a Dom Helvécio, onde se pode pescar, nadar e andar de barco. Está situado no Vale do Aço, a 249 km de BH.
Outro que possui praias fluviais com areais brancas é o Parque Estadual do Rio Preto, na Serra do Espinhaço, a 355 km da capital. Destacando-se como paraíso botânico, o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro fica na Mata Atlântica, a 290 km de BH, possui vales, chapadas, encostas, cursos d’água e picos cobertos por neblina.
Foto de Arthur Tahara
Trilha no Parque Estadual do Rio Preto
O mais próximo de BH é o Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Fica nos arredores de Nova Lima e Ibirité, possui vastos mananciais e vegetação de colorido impressionante. Coordenadas de onde ficar e como chegar aos parques estaduais mineiros estão disponíveis no site www.ief.mg.gov, do Instituto Estadual de Florestas – IEF.

OUTROS RECANTOS ECOLÓGICOS DE MINAS
Além de unidades de conservação, as montanhas mineiras abrigam outros municípios com encantos naturais. Carrancas é um desses lugares, que atraem pela natureza exuberante.
Imagem de Anderson, Néia e Giulia. Disponível em www.flickr.com
Carrancas - MG
Com acesso pela BR-381, Carrancas fica no Sul de Minas, tem quatro mil habitantes e está a 295 km de BH. A cidade tem área para camping, passeios a cavalo, trilhas, igrejas barrocas e cachoeiras. O site http://www.carrancas.com.br relaciona atrações e pousadas disponíveis.
Santuário Nossa Senhora da Piedade - Caeté - MG
Mais um destino de ecoturistas, Caeté, que em tupi-guarani significa “Mata Virgem”, se localiza a 50 km de BH. Foi palco da Guerra dos Emboabas. Lá também estão o santuário católico da Serra da Piedade e o Observatório Astronômico da UFMG. O roteiro de Caeté inclui vistas deslumbrantes, mountain bike e alpinismo na “Pedra Branca”, bloco de pedra com 60 metros de altura.
Foto: Leandro ReisAlpinismo em bloco de pedra com 60 metros de altura - Pedra Branca - MG
Santuário Nossa Senhora da Piedade - Caeté - MG
Na continuidade dos roteiros ecológicos, o Circuito da Serra do Cabral possui grande valor arqueológico. No centro-norte de Minas, abriga cavernas e lapinhas onde, a cerca de 350 anos atrás, viveram povos nômades que registraram por ali muitas pinturas rupestres. São abundantes trilhas que podem ser percorridas a pé, como as que levam à Serra do Espinhaço e as águas termais. Estas águas, com temperatura de 30 graus, ficam nos Distritos de Santa Bárbara e Curimataí e muicípios de Augusto de Lima e Buenópolis. As cidades que integram o circuito possuem hotéis e pousadas e o acesso é possível pela BR-040, BR-365, e MG-208. No portal de turismo, MinasTour - http://www.minastour.com.br, é possível escolher onde ficar.
Crédito da imagem: iagothecomedy. Disponível em www.flickr.com Serra do cabral - Corinto Mg
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje da Amda

Saturday, December 20, 2008

Desafios para a proteção ambiental em Minas Gerais

Foto de Cláudia Tavares. Disponível em www.flickr.com
Serra da mantiqueira/MG. O desafio de preservar

Nesta sexta-feira, 19 de dezembro, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), José Carlos Carvalho, divulgou um balanço das principais ações ambientais em Minas e os planos do governo para 2009. O Protocolo de Intenções firmado entre o governo mineiro e o setor sucroalcooleiro, que prevê a redução do uso da queima nas colheitas da cana de açúcar, deve se transformar em Deliberação Normativa do Copam. Essa foi uma das projeções do secretário para o próximo ano.
Outra novidade citada foi a aprovação, esta semana, do Projeto de Lei 1.269/2007, que institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos. Para José Carlos, comerciantes e produtores poderão ser mais envolvidos na destinação do lixo gerado pelo consumo, numa espécie de “mecanismo reverso”. “A responsabilidade do lixo não é só do governo. Atualmente, a Avenida Paraná, em Belo Horizonte, precisa ser varrida seis vezes ao dia. Já houve tempo em que era preciso varrê-la onze vezes ao dia”, disse ele, exemplificando sobre o valor de toda a sociedade aprender a cuidar melhor do lixo gerado.
Mais inovações, como a cobrança do uso da água na bacia do Rio das Velhas e a parceria do Estado com o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) para conciliar construção de estradas e preservação ambiental, também foram mencionadas.
Dos êxitos de 2008, o secretário fez referência à conclusão do Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE (disponível no site www.zee.mg.gov.br) e do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Estado, além do cadastramento de 180 mil usuários das bacias hidrográficas.
Ainda de acordo com o secretário, em seis anos o governo mineiro aumentou cerca de 500% o orçamento destinado ao meio ambiente - de R$ 70 milhões em 2002 para R$ 340 milhões em 2008. A verba de 2008 foi aplicada em Projetos Estruturadores, como o de “Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata Atlântica”, onde foram gastos mais de R$ 33 milhões.
Para a regularização fundiária foram investidos cerca de R$ 25 milhões e adquiridos quase 32 mil hectares. O secretário citou os Parques Estaduais da Lapa Grande, no Norte de Minas, do Sumidouro, em Lagoa Santa, e o do Pico do Itambé, na região do Alto Jequitinhonha, como exemplos de aplicação destes recursos.
Questionado sobre a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental, o secretário disse que é meta da Semad para o próximo ano efetivar a conexão de Comitês de Bacias Hidrográficas com Unidades Regionais Colegiadas (URCs). “Teremos uma base única de informações geo-referenciais. Serão dois trilhos em um só trem”, garantiu.
“67% do território mineiro já foi desmatado. Temos 33% do território coberto com mata nativa”, disse o secretario, avaliando que foram várias conquistas, mas que os desafios para a proteção ambiental em Minas Gerais continuam em 2009.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Monday, December 15, 2008

ARTE: CHAMARIZ DO MEIO AMBIENTE

Dialogos possiveis instalacao de Fabrício Fernandino na represa de Biribiri Diamantina/MG 2005. Fotografia Paulo Baptista

Fabrício Fernandino garante espaços no museu para defender a natureza

Créditos das imagens: Arquivo do artista e do MHNJB-UFMG
Sobrevivendo ao crescimento da metrópole, uma preciosidade da natureza abriga em Belo Horizonte importantes espécies da fauna e flora brasileira. Para administrar o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, um espaço que conta com 600 mil metros quadrados de área verde, nascentes e lago artificial, seu diretor Fabrício Fernandino, tem priorizado a educação ambiental. Ele explica que o espaço do Museu tem sido utilizado para a conexão arte-ciência, com foco na promoção de práticas ambientais que contribuam para a preservação da natureza.

Fabrício e o artista e ativista ecológico Frans Krajcberg
Valendo-se da arte como proposta de educação ambiental, Fabrício tem promovido exposições como as de Frans Krajcberg, artista de origem polonesa, brasileiro de coração e ativista ecológico, que revela em suas obras a degradação das florestas do Brasil. Assim como Krajcberg, Fabrício Fernandino, que também é professor de Belas Artes, pintor e escultor, tem a relação entre o ser humano e o meio ambiente como inspiração de seus trabalhos. Nesta entrevista ao Ambiente Hoje, Fabrício fala de seus anseios em transformar a arte em instrumento de sensibilização e conscientização ambientais. “O jogo”, escultura do atista com 21 pedras de granito
Você associa “O jogo”, uma escultura sua feita com 21 pedras de granito, aos seus questionamentos sobre a intenção humana no Planeta Terra. Para você, é possível harmonizar desenvolvimento econômico e proteção ambiental?
Ao mesmo tempo em que os avanços adquiridos no século XX serviram para mostrar ao ser humano que a natureza pode ser aliada do conhecimento e do desenvolvimento, também colocou a busca pela riqueza e pelo dinheiro no centro de tudo. Por isso, no século XXI, a conscientização ambiental se tornou uma questão de sobrevivência do planeta. Para acumular riquezas a qualquer preço, determinados segmentos empresariais tomam rumos que não se justificam mais. Somas volumosas são acumularas explorando compulsivamente a natureza. Esse jogo de força, de poder, tem de ter solução em favor da vida. Essa é a metáfora implícita em me trabalho “O jogo”.

“Pedra Saturnina”
Em outra criação artística sua, batizada de “Pedra Saturnina”, você questiona a ação do homem sobre a natureza. Enquanto sua obra mostra o Mercúrio em pedras de granito, você reflete sobre esse elemento químico que pode contaminar a água a vida quando mal utilizado. Para você, o aquecimento global pode ser considerado um exemplo da ação inconseqüente do homem no planeta?
O Planeta Terra é um ser vivo e todos os seres que aqui vivem estão interligados. A sobrevivência de uma espécie depende da outra. Imagine um grande relógio. Esse relógio só funciona com normalidade se puder contar com todas as suas peças. O homem está corrompendo esse mecanismo da natureza e a Terra está dando respostas. Poluição, efeito estufa, derretimento das geleiras e aquecimento global são conseqüências. O que estamos presenciando são reações da natureza. Ainda assim, sou esperançoso. Eu acredito que o ser humano tem condição de reverte essa situação, usando sua tecnologia e o seu conhecimento em favor da vida. E, assim, continuar participando na evolução do universo.
“Torre”
“Torre”, um mais um trabalho artístico seu, remete à instabilidade arquitetônica e a desorganização do espaço público nas metrópoles. Em sua opinião, qual é a importância de plantar árvores e manter parques nas cidades?
A ausência da natureza no espaço urbano torna os habitantes da cidade obtusos e alheios à realidade. E, ao contrário, o contato do ser humano com a natureza pode despertá-lo para a percepção de si mesmo e do mundo que o cerca. As árvores e toda a natureza estão associadas à própria vida e podem gerar mudanças comportamentais, podem sensibilizar. Em razão disso, é importante para o ser humano conviver com espaços naturais, ou mesmo plantar uma árvore em frente de casa, cultivar uma horta no quintal ou vasos de flores. São pequenos espaços verdes que exercitam o cuidar, abrigam A vida e possibilitam transformações de nossa maneira de sentir. Citando o eterno poeta das crianças: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Neste sentido, imagine a grandeza das florestas, de todos os espaços naturais convivendo em equilíbrio, e a nossa percepção de que todos os seres da natureza são tão importantes quanto nós (talvez até mais importantes, porque conseguem facilmente viver com harmonia entre si).
O Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG tem oferecido cursos, atividades, oficinas e exposições de arte em favor da conscientização ambiental. É missão do artista realizar ações de proteção à natureza?
Promover consciência ambiental coletiva é missão não só do artista, mas dos homens de boa vontade. Cada profissional, atuando em seu segmento, tem responsabilidades importantíssimas no processo de informação social. Nós, humanos, corremos o risco de dizimar a raça humana e um conjunto de ecossistemas terrestres. O que, infelizmente, pode começar a acontecer nos próximos cinqüenta anos, se a tendência de continuidade da degradação ambiental for mantida. Sou artista e acredito no potencial transformador da arte, que tem uma interface amigável e pode promover conhecimento com sensibilização. a arte tem o poder de motivar consciência diferenciada, não cartesiana, trabalha no plano dos sentimentos e dos desejos, da fruição estética e do prazer. Valer-se da a arte para despertar consciência ecológica é o mesmo que criar possibilidades, de forma delicada, para mudanças de comportamento nas pessoas. A arte é uma proposta, uma forma de educar para um convívio mais ético, humano e sensível.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o Jornal Ambiente Hoje da Amda - Assoiação Mineira de Defesa do Ambiente

Plano para as águas de Minas

Imagem: velhochico.net
Terminou hoje (10/12), no Dayrell Minas Hotel, em Belo Horizonte, a primeira etapa do Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais - PERH/MG. Foram realizadas nove consultas públicas, em diversas regiões de Minas, com o objetivo de coletar sugestões da população sobre a gestão das águas no Estado. Para a diretora de Gestão de Recursos Hídricos do Igam, Luiza de Marillac Camargos, a participação social simbolizou o avanço na implantação do planejamento hídrico.

A diretora explicou que a primeira consulta teve caráter informativo e consultivo. Já a segunda etapa, prevista para ocorrer entre os meses de maio e junho de 2009, será propositiva, discutindo propostas, programas e planejamentos. O resultado dos encontros será apresentado na última etapa, através de diretrizes, metas e programas para a gestão das águas em Minas.

Para o coordenador do Plano pelo Consórcio Holus, Fernando Rodriguez, o plano vai se concretizar em longo prazo e constituir, através de suas etapas, a visão do conjunto dos problemas de cada bacia. “Serão 27 consultas públicas, envolvendo sociedade, poder público e cientistas. Teremos que avaliar o que é politicamente viável, de consenso social e tecnicamente fundamentado”, considerou.


Os grupos discutiram temas que envolvem a qualidade e quantidade das águas subterrâneas e superficiais, as diferentes vazões das bacias, a importância de harmonizar políticas de recursos hídricos com políticas setoriais das hidrelétricas, das atividades agrícolas, agropecuárias e de mineração. “A água não pode ser fator restritivo ao desenvolvimento do Estado”, opinou Fernando Rodriguez, ressaltando que os resultados podem definir cenários de desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental.

A elaboração do documento terá um investimento de cerca de R$ 3 milhões e a previsão de conclusão é para dezembro de 2009.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Thursday, December 04, 2008

Impactos ambientais dos sistemas agrossilvipastoris em análise

Foto de Carlos Villalba. Disponível no www.flickr.com
Continuam em debate as novas regras de redução de classe e simplificação de processos de licenciamento para sistemas agrossilvipastoris – interação de áreas de pastagens com outros tipos de espécies, como árvores – para o Estado de Minas Gerais. O tema foi destaque na pauta de discussões da 9ª Reunião da CNR – Câmara Normativa e Recursal do Copam – Conselho Estadual de Política Ambiental, nesta quarta-feira (03/12).
A Câmara está analisando normas de regularização ambiental específicas para este processo produtivo, atualizando artigos da DN 74 - Deliberação Normativa de 2004, que já estabelecia critérios de classificação e licenciamento ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente. De acordo com Shelley de Souza Carneiro, secretário adjunto da Semad – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e presidente da CNR, as adaptações pretendem modernizar instrumentos de gestão ambiental em Minas.
A fim de avaliarem as novas propostas, a assessora jurídica da Amda, Cristina Chiodi, a promotora Shirley Fenzi Bertão, da Procuradoria Geral de Justiça, e Ana Paula Bicalho, da Faemg – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, pediram vistas da Minuta que altera os artigos da DN 74. Shelley de Souza Carneiro garantiu que será marcada nova reunião, ainda este ano, para que a CNR decida o que pode ser passível de licenciamento e quais serão os limites para a redução de classe das atividades agrossilvipastoris.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Saturday, November 29, 2008

Resultados do Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água”

Imagem: letxunineu. Disponível no www.flickr.com

Terminou nesta sexta-feira (28/11) o Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água”, que contou com 2.226 credenciamentos, incluindo estudiosos e representantes de mais de 30 países. Durante o encontro, quatro grupos de debates, formados por diferentes segmentos da sociedade, discutiram os temas: “Água e Mudanças Climáticas”, “Energia Renovável para uma Sociedade Sustentável”, “Novas Abordagens para o Planejamento Territorial” e “Solidariedade e Cooperação Sul-Sul”.

Ao final do encontro, Xavier Guijarro, da Green Cross e coordenador mundial dos Diálogos da Terra, ponderou que o encontro serviu para fortalecer a Cooperação Sul-Sul, compartilhar conhecimentos e experiências. “Chegou o momento de quem sabe ensinar para quem não sabe”, disse.


Octávio Elísio, subsecretário de Ensino Superior da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, explicou que a “Carta de Minas”, apresentada ao fim do evento e que será levada ao Fórum Mundial da Água, em Istambul - 2009, tem a finalidade de estabelecer propostas através de princípios políticos. Segundo ele, a Carta não aprofunda análises de temas específicos e deve ser aperfeiçoada em no máximo quatro dias, quando então será disponibilizada no site http://www.dialogosdatera.org.br/, mas, permanece submetida à participação popular.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Personagens de Ziraldo colaboram com educação infantil e ensinam a cuidar da água

Imagens: Cartilha Gênero e Água - Ziraldo


Durante o encerramento do Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água” foi lançada a Cartilha Gênero e Água, do cartunista Ziraldo. Maria de Fátima Chagas, do Programa Gender and Water Aliance (GWA), do Instituto Ipanema e Rede CapNet, explicou que o trabalho é um guia educativo infantil, dentro dos princípios da Declaração de Haia, que incorpora a perspectiva de gênero (homem-mulher-família) como determinante de políticas públicas.

Os personagens de Ziraldo vão servir para motivar a participação das mulheres e da família na gestão dos recursos hídricos. “Até lagosta eu pegava no rio Doce quando era menino. Hoje o rio está morto”, disse Ziraldo, comentando sobre a atual degradação da Bacia do Rio Doce e a importância da educação ambiental na formação das gerações futuras.

Ziraldo ponderou que embora os índices oficiais registrem 30% de analfabetos funcionais no Brasil, na prática são mais de 80% sem habilidades de interpretação de textos. “60% dos brasileiros nunca leu um livro. A educação no Brasil é uma questão tão emergencial quanto salvar a água”, disse.
Por Georgiana de Sá - exclusivo para a Amda

Friday, November 28, 2008

Climatologista fala das mudanças climáticas e ações preventivas em países pobres

Crédito da imagem: Jeff Sullivan. Disponível em www.flickr.com

Investimentos em educação, tecnologia e maior interesse em torno do controle da natalidade podem preparar melhor os países pobres para ações preventivas frente às atuais mudanças climáticas. Essas questões foram suscitadas durante o evento “Diálogos da Terra no Planeta Água”, nesta quinta-feira (27/11), pela climatologista do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Lucka Bogotaj.

A convidada considerou, ainda, que a educação social pode ser mais eficaz que pagar pela preservação de florestas. Estabelecendo uma relação entre pobreza e corrupção, a Lucka explicou que, em países pobres, as compensações financeiras podem não ser investidas na preservação ambiental, em razão dos constantes episódios de corrupção relatados nestas nações.
A climatologista fez referência às formas de compensação que seriam mais adequadas em países pobres e em vias de desenvolvimento. Ela citou programas de educação entre mulheres para controle do crescimento populacional e apoio internacional para que estas nações inovem tecnologias e possam minimizar efeitos do aquecimento global.

Mesmo avaliando que o planeta sofrerá alterações climáticas irreversíveis, a climatologista enfatizou a importância de medidas preventivas que, segundo ela, só serão implantadas por meio de conscientização e mobilização social. “A mobilização social pode ser garantida através da internet, da TV e de todas as outras mídias, de estudantes e intelectuais jovens”, disse ela, ponderando que não podemos esperar que os políticos façam mudanças no modelo econômico clássico sem impulsos sociais. “É preciso haver pressão de diferentes fontes para alcançar sustentabilidade”, defendeu Lucka.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Encontro entre ONGs e sociedade civil fortalece a “Carta dos Rios da Terra”

Foto de Helena Omena. Disponível no www.flickr.com
Carta em defesa dos rios do mundo é discutida por ONGs e sociedade civil durante fórum "Diálogos da Terra no Planeta Água"


A AMDA participou de um encontro setorial, nesta quinta-feira (27/11), durante o Seminário internacional “Diálogos da Terra no Planeta Água”, como o tema “Planeta Terra: A Grande Bacia Hidrográfica”. A reunião contou com a presença do público do evento e do ambientalista Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão.


Apolo Hering, coordenador do encontro, fez considerações sobre a situação dos rios no mundo, lembrando que águas onde se podiam pescar e nadar, hoje estão virando esgotos. “Tudo que acontece fora dos rios vira parte da água”, explicou.


O objetivo da reunião é incorporar a “Carta dos Rios da Terra”, que tem como signatários o Projeto Manuelzão, o Instituto Guaicuy e a Amda, à “Carta de Minas Gerais”, documento que, ao final do fórum “Diálogos da Terra”, será enviado ao 5º Fórum Mundial da Água (2009), em Istambul, na Turquia.


De acordo com Apolo, a “Carta dos Rios da Terra” é uma tentativa de modificar a mentalidade mundial com relação ao uso e preservação dos recursos hídricos do planeta. “O debate sobre a situação da água pode agregar a humanidade e gerar sabedoria popular. Quem tem de governar o mundo é a sabedoria. A economia é poderosa, mas não tem juízo”, disse ele, analisando que o atual modelo econômico não será capaz de resolver problemas globais, como a falta de moradias, escola e saúde.


A assessora jurídica da Amda, Cristina Chiodi, sugeriu que a carta mencionasse o crescimento populacional a níveis insustentáveis e o consumo excessivo como fatores que aceleram a degradação ambiental no planeta. Ao final do diálogo, os presentes entraram em consenso no que diz respeito às alterações propostas para o texto da “Carta dos Rios da Terra”.

Por Gorgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Thursday, November 27, 2008

Evento internacional é também palco de manifestações ambientalistas

Fotos Horácio Martins
Ambientalistas do Projeto Manuelzão, do Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas e da Amda – Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente manifestaram contra a poluição das águas e em defesa do Rio São Francisco
Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, entregou pessoalmente a “Carta dos Rios da Terra” ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e demais membros que integravam a mesa de abertura do evento.
O palestrante Mohan Munasinghe, dirigente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, disse que é imprescindível estimular o novo modelo econômico-social para combater às crises financeira e ambiental.

Ambientalistas do Projeto Manuelzão, do Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas e da Amda – Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente manifestaram contra a poluição das águas e em defesa do Rio São Francisco. O protesto ocorreu nesta quarta-feira (26/11), no Minascentro, em Belo Horizonte, durante a abertura do evento “Diálogos da Terra no Planeta Água”. Os manifestantes entraram no auditório com alegorias e faixas que diziam: “A Petrobrás polui criminosamente as águas de Minas”, “O rio está doente” e “Diga não a transposição” e finalizaram o protesto ao som da música dos Beatles, Imagine.
Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, entregou pessoalmente a “Carta dos Rios da Terra” ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e demais membros que integravam a mesa de abertura do evento. No documento, os ambientalistas justificam a importância da água para o planeta e sugerem uma nova metodologia de ação para uso dos rios e bacias.
Pela primeira vez na América Latina, a 6ª versão do fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água” discute desenvolvimento sustentável, com destaque para a gestão da água no planeta. Durante seu pronunciamento, o governador Aécio Neves disse que o resultado do encontro será levado ao Fórum Mundial da Água, em março de 2009, em Istambul, Turquia.
O governador citou estudos, indicando que se não houver redução das emissões de gases de efeito estufa, o aquecimento global e suas conseqüências podem custar até 5% do PIB global. “No futuro essa perda pode atingir 20% ou mais”, disse, ressaltando que o desafio dos líderes na atualidade não é o de simplesmente defender a economia, mas de garantir a sobrevivência humana no planeta.
Em entrevista coletiva, Alexander Likhotal, presidente da Green Cross International, advertiu que o homem vem usando os recursos renováveis 27% mais rápido do que a Terra leva para renová-los e que as atividades das empresas têm motivado fortes danos ambientais. Likhotal defendeu a parceria entre governos e investidores, como estratégia de combate à crise climática e financeira. O presidente fez referência à redução do uso de combustíveis fósseis, aos investimentos em energias renováveis (como a eólica e solar) e ao uso consciente da água, como rotas seguras para o desenvolvimento integrado e sustentável das nações.
O palestrante Mohan Munasinghe, dirigente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, disse que é imprescindível estimular o novo modelo econômico-social para combater à crise financeira que, segundo Munasinghe, surge associada à outra crise, a ambiental. Conforme ele, o desenvolvimento sustentável só se garantirá se for atrelado à diminuição da pobreza. O palestrante lembrou que cerca de dois bilhões de pessoas no mundo ainda vivem abaixo da linha da pobreza e que as mudanças climáticas devem promover ainda mais desigualdades sociais, como a escassez de alimentos acarretada pelas secas.
O ex-presidente de Portugal, Mário Soares, também ponderou que a crise global não é só econômica, mas energética, ambiental, alimentar e de valores éticos. O participante disse ter esperanças em uma mudança de paradigmas e considerou o governo de George W. Bush como grande responsável pela atual crise global. “Bush foi um flagelo para a humanidade”, disse, acrescentando que a vitória de Barack Obama nas eleições americanas representa uma janela de esperanças e uma mudança de consciência política e social dos Estados Unidos.

Embora tenham sido realistas quanto a atual crise global, relacionando problemas ambientais, econômicos e sociais, os palestrantes se revelaram esperançosos quanto ao futuro da humanidade e do meio ambiente. Contudo, os participantes recomendaram, de forma quase unânime, a integração urgente da sociedade civil, do setor empresarial e do poder público, na busca de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico sustentável.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Tuesday, November 25, 2008

Em debate: poluição na fabricação de ferro-gusa, recuperação nas margens do ribeirão Sabará e controle ambiental de postos de gasolina

Foto de EsteMar Dantas. Disponível em www.flickr.com
Produção de ferro-gusa: considerada fonte potencial de poluição atmosférica
A Unidade Regional Colegiada – URC Rio das Velhas se reuniu em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (24/11), para votar a pauta de sua 11ª Reunião Ordinária. Todos os Processos Administrativos foram aprovados durante o encontro, exceto o que tratava de Exame de Licença de Operação da Fergubel Ferro Gusa Bela Vista, para tamboramento de ferro gusa em Matosinhos/MG.
A Conselheira Irene Vaz, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, pediu vistas para apurar denúncia sobre poluição atmosférica envolvendo o empreendimento. O processo será retomado depois que o IBAMA conferir se a Fergubel está em desconformidade com os padrões exigidos pela legislação.
Foi aprovada a proposta de Licença Prévia Concomitante com Licença de Instalação de diques de proteção de margens do ribeirão Sabará, cujo empreendedor é a Prefeitura Municipal de Sabará, condicionada que os projetos adicionais cumpram o Art. 8º, da Resolução CONAMA 369 de 2006. A sugestão foi da conselheira e assessora jurídica da Amda, Cristina Chiodi, que destacou a necessidade de recuperar áreas degradadas em Área de Preservação Permanente – APP, que serão abrangidas no projeto, bem como a recomposição de vegetação com espécies nativas.
A Conselheira ressaltou também que a Prefeitura de Sabará precisa conciliar seus projetos de recuperação nas margens do Rio Sabará, um dos principais afluentes do Rio das Velhas, com a atuação do Projeto Manuelzão, que tem como eixo principal a recuperação da bacia do Rio das Velhas.
A representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Fiemg, Paula Meireles Aguiar, aprovou os Processos Administrativos para exames de Autos Infrações dos Postos Cerradão, Esmeraldas e Neblina da Serra, mas enfatizou a importância dos pareceres jurídicos identificarem com clareza os motivos das autuações dos postos de gasolina.
De acordo com o secretário adjunto de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e presidente da URC/COPAM Rio das Velhas, Shelley de Souza Carneiro, as infrações tem como objetivo regular as atividades dos postos em Minas e assegurar medidas de controle ambiental. O secretário lembrou que o Estado possui cerca de quatro mil postos, extrapolando o limite estabelecido por norma federal, de dois mil postos.
“As atuações são geradas por descumprimento de itens da Deliberação Normativa do COPAM nº 50, de 2001, que estabelece procedimentos para o licenciamento de postos de gasolina”, justificou Shelley.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Saturday, November 15, 2008

O FUTURO DO BRASIL

"na imensidade" por Igor Alecsander. Disponível em www.flickr.com

Conselheiro da ONU fala da revolução energética e da potencialidade do Brasil no setor


“Estamos sustentados em paradigmas falidos. Os mais jovens estão condenados a inventar, porque a história não se repete”, considerou o "ecossocioeconomista" Ignacy Sachs, durante o encontro preparatório do evento “Diálogos da Terra”.


“A Grande Transição: As Saídas da Era do Petróleo”, foi tema da palestra do professor, na tarde desta quarta-feira (13/11), no Auditório do Conservatório da UFMG. Sachs falou das grandes transições nos processos civilizatórios do homem, citando a revolução neolítica, que há cerca de doze mil anos iniciou o primeiro processo de urbanização, e o início do século XVII, quando ocorreu a transição para energias fósseis.



Segundo ele, o momento atual sinaliza uma terceira transição para uma nova economia produtora. “Estamos no limiar da terceira grande revolução, um momento favorável para mudar o paradigma energético”, disse. O professor ponderou que o novo ciclo de desenvolvimento não se sustenta somente pela substituição de gasolina por etanol, mas pelo uso de fontes não convencionais de energia, como solar, eólica e de biomassa, inclusive a produção de bicombustíveis através de algas marinhas.


Sachs criticou o uso de carvão vegetal produzido de forma predatória, tirado de matas nativas, e promoveu reflexões sobre os limites da biocivilização moderna.Como exemplos de estratégias menos vorazes para o desenvolvimento econômico, o palestrante citou a recuperação de áreas degradadas, a adoção de políticas públicas de incentivo à agricultura familiar e investimentos para o trabalhador rural. “Temos de pensar num feixe de políticas públicas, aliar produtividade com visão ambientalista correta e passar essa visão para o agricultor”.


Finalizando sua palestra, o Ignacy Sachs, que também é conselheiro das Nações Unidas, salientou a alta potencialidade do Brasil no setor energético. “ O trópico não é mais um obstáculo para o desenvolvimento, mas vantagem comparativa natural”. Ele salientou, ainda, que o avanço pelos recursos naturais impõe tarefas urgentes para a comunidade cientifica mundial, e para o Brasil em particular. “O país precisa conhecer melhor suas potencialidades e aprender a fazer bom uso da natureza, através de pesquisa e organização social propícia”.


Por Gerogiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Saturday, November 08, 2008

Desmatamento ocasiona a mortandade de peixes

Foto: Tomasz Þór Veruson. Disponível em www.flickr.com

O assoreamento é um dos problemas mais sérios do rio São Francisco, tendo como causa o desmatamento que vem ocorrendo em suas margens. Esse foi um dos temas abordados na tarde desta terça-feira (04/11), durante o Seminário "Situação atual e estratégias de conservação de espécies de peixes em Minas Gerais", promovido pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda e Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig.


A mesa redonda intitulada "Revitalização do rio São Francisco - aspectos relacionados à proteção dos ambientes ribeirinhos" suscitou um amplo e efusivo debate, incluindo o desmatamento como uma das intervenções humanas que pode ocasionar a morte dos peixes.


O vice-presidente da Associação dos Pescadores de Três Marias, Norberto Antônio dos Santos, expôs que o IEF - Instituto Estadual de Florestas concedeu licença para desmatamento de 310 hectares de cerrado nativo para uma fazenda de 510 hectares, localizada no Arraial do Silga, na divisa de Três Marias e Lassans (MG).

Segundo Norberto, estão sendo derrubadas espécies nativas como sucupiras e jatobás. "Já conseguimos duas liminares que suspenderam provisoriamente o corte autorizado pelo IEF. Entre uma liminar e outra foram derrubadas mil sucupiras. O corte das árvores está ocorrendo próximo de um dos afluentes do Rio São Francisco".

Compondo a mesa redonda, o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, se manifestou após a denúncia de Norberto, prometendo a suspensão imediata da licença concedida até que a questão fosse esclarecida. O diretor garantiu que o caso narrado se tratava de uma questão pontual e que os Escritórios Regionais do IEF estão mobilizados para evitar o desmatamento em mata nativa do Cerrado.

Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, ponderou que a garantia da fauna de peixes da bacia do rio São Francisco depende do planejamento sistêmico e integrado do IEF nos processos de licenciamento. "A mentalidade dos legisladores precisa ser de gestão de bacias, caso contrário os licenciamentos saem sem fundamento. A natureza funciona de forma sistêmica e por isso não podemos desintegrar a gestão ambiental", disse, considerando a função das Unidades Regionais Colegiadas - URC's e dos Comitês de Bacias Hidrográficas.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Seminário apresenta medidas para impedir morte de peixes

Foto de rik janssen. Disponível em www.flickr.com


O manejo de recursos pesqueiros em reservatórios foi foco do Seminário "Situação atual e estratégias de conservação de espécies de peixes em Minas Gerais", na tarde dessa segunda-feira (03/11), no auditório da Cemig. O pesquisador da Universidade Federal de Maringá - PR, Ângelo Antônio Agostinho, apresentou as conclusões de seus estudos sobre o tema, explicando que é inerente aos reservatórios alterarem consideravelmente a ictiofauna (conjunto de espécies de peixes) nas bacias hidrográficas onde se localizam.


"O tamanho dos peixes diminui com a idade dos reservatórios e a abundância de peixes também sofre alterações. Espécies de grande porte são substituídas por espécies sedentárias e de pior qualidade, o que traz prejuízos aos pescadores", pontuou o pesquisador, com base em vários reservatórios estudados. "Ações de manejo bem sucedidas dependem do compromisso com a conservação da biodiversidade", disse Agostinho, apresentando um conjunto de ações ambientais que podem ser praticadas em áreas de influência dos reservatórios.


Segundo ele, para o êxito do manejo (interferência no sistema) e do monitoramento (avaliação do manejo), é preciso definir objetivos e contemplar informações sobre o ambiente, os recursos, os usuários e atividades da área considerada. Conforme o palestrante, a mortandade dos peixes, a poluição nos rios e os conflitos de uso entre os pescadores são algumas das causas para se iniciar o manejo.


O biólogo da Cemig, João de Magalhães Lopes, apresentou um estudo intitulado "Estratégias para a conservação da ictiofauna nativa: Programa de repovoamento da Cemig". Em suas colocações, Lopes revelou formas de manejo que a Cemig vem usando para prevenir a extinção e garantir a reintegração de espécies de peixes que sofrem ameaças com a construção de usinas hidrelétricas. Entre as estratégias citadas pelo palestrante estão o controle de poluição dos rios, a criação de áreas protegidas e programas de educação ambiental.


Conforme informou Lopes, os pesquisadores da Cemig fizeram visitas a centros de pesquisa no exterior, no sentido de reestruturar os programas de ictiofauna da Companhia. Projetos implantados em Washington, Texas e na cidade de Dexter (Novo México), nos Estados Unidos (EUA), relativos à indústria de piscicultura de salmão, ao repovoamento de espécies ameaçadas e à educação ambiental foram focos de observação dos pesquisadores.


Partilhando os saberes adquiridos durante as viagens, o biólogo citou os tanques do "Dexter National Fish Hatchery & Technology Center", (Dexter-EUA), que mantém populações de espécies ameaçadas para serem usadas em caso de catástrofes ecológicas e extinções.


O Seminário foi promovido pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda, com o apoio da Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig, nos dias 3 e 4 de novembro de 2008, no auditório do edifício-sede da Cemig, na Av. Barbacena, n°1200, no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

Thursday, October 30, 2008

A URGÊNCIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Imagem: heliwow. Disponível em www.flickr.com

No segundo dia da III Edição do “Seminário Internacional O Futuro da Energia, na tarde de terça-feira, (27/10), no auditório do CREA-MG, o cientista econômico André Tavares, falou sobre a "Agenda Elétrica Sustentável 2020", um estudo da ONG WWF-Brasil que exibe perspectivas para o setor elétrico brasileiro. De acordo com o cientista, há alguns anos não se falava em eficiência energética e, atualmente, além de ser um dos pilares das políticas públicas, vem alterando os rumos da construção civil, que passa a incluir soluções sustentáveis em água e energia, como os aquecedores solares”.
“Os levantamentos da WWF-Brasil pretendem gerar consciência das potencialidades do país em termos de eficiência energética, ressaltando projetos pilotos como bons exemplos”, justificou o palestrante. Na opinião do cientista é preciso investir em políticas públicas para aproveitar todo o potencial energético que o país possui. “Precisamos de programas para motivar, por exemplo, as edificações sustentáveis. Leis municipais, estaduais e federais seriam bons instrumentos para instituir uma política energética eficiente, segura e competitiva”.
O palestrante enfatizou também a necessidade de popularização da energia solar entre famílias de baixa renda. Para ele, além de promover a competitividade do mercado de energias renováveis, a energia solar pode reduzir custos do consumidor, evitando ligações elétricas clandestinas (furto de energia) por quem não tem condições para pagar a conta de luz. “No final todo mundo sai ganhando”, considerou.


Desafios sociais para adaptação às mudanças no clima

Em sua palestra, Fúlvio Cupolillo, coordenador do 5º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) comentou o quanto a sociedade humana é vulnerável em relação às inevitáveis mudanças climáticas. Como propostas para diminuir a vulnerabilidade social, o coordenador citou a importância de garantia a segurança alimentar da população, através do aumento das reservas de alimentos e emprego de outros potenciais naturais. “É importante investir em plantas que suportam grandes variações térmicas”, explicou. Outro aspecto considerado pelo palestrante foi o valor do planejamento rodoviário a fim de possibilitar deslocamentos de suprimentos e evitar isolamentos de comunidades, em casos de enchentes e inundações.
Fúlvio Cupolillo explicou, ainda, que além do efeito da variabilidade natural, as alterações climáticas decorrem em conseqüência das ações antrópicas (realizadas pelo homem), principalmente em áreas urbanas. “Uma sociedade se previne quando aprende a controlar seus recursos financeiros, materiais e tecnológicos”, ponderou.
Por Georgiana de Sá - Excusivo para Amda

COMO ADIAR O JÁ IRREVERSÍVEL AQUECIMENTO GLOBAL

Imagem de heliwow. Disponível em www.flickr.com


A palestra do climatologista Carlos Nobre, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do INPE, na noite de segunda-feira, 27, abriu a III Edição do Seminário Internacional "O Futuro da Energia" com o tema "Energia e Mudanças Climáticas", que se estendeu até a próxima quarta-feira, 29.


Durante a palestra, Carlos Nobre fez uma análise das emissões globais antropogências (causadas pelo ser humano) dos gases do efeito estufa (GEE), destacando que países muito populosos e em vias de desenvolvimento, como a China e a Índia, estão contribuindo significativamente na emissão de GEE. “O aquecimento global se tornou irreversível. Na escala de tempo de séculos não temos soluções e o que nos resta é diminuir os riscos futuros das emissões”, considerou.

No caso do Brasil, o palestrante enfatizou que a maior parte das emissões é atribuída ao desmatamento, e que é preciso desenvolver estratégias de mitigação dos GEE, incluindo atividades de reflorestamento. “O setor florestal no Brasil tem enorme potencial para essa contribuição, seguido pelo setor energético”. O climatologista alertou, ainda, que caso os índices de desmatamentos na Amazônia cheguem a 40% ou 50%, o clima na região será alterado, devendo ficar mais quente e mais seco, além de grande parte da floresta se transformar em savana.

Carlos Nobre acrescentou que o Brasil apresenta vantagem competitiva no que se refere à geração de “energias limpas”, mas que o desenvolvimento do setor está associado ao investimento em tecnologias para absorver estas energias. O palestrante explicou que as usinas hidrelétricas atualmente suprem certa de 74,6% da oferta interna de energia elétrica no país. Segundo ele, o Brasil precisa explorar outros potenciais, por meios de fontes renováveis como a energia eólica e solar (termosolar e fotovoltaica). “Poderá o Brasil do século XXI se tornar potência ambiental ou o primeiro país tropical desenvolvido? Temos recursos naturais renováveis em abundância para isso, o que precisamos é inventar um novo paradigma de desenvolvimento, com ciência e tecnologia”, concluiu o palestrante.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

ROTA PARA A ENERGIA SUSTENTÁVEL

Imagem: JonTait2002. Disponível em www.flickr.com

Com a finalidade de gerar um mapa de sustentabilidade para a questão energética, a Amda promoveu a III Edição do Seminário Internacional "O Futuro da Energia", em parceria com o Sistema Estadual do Meio Ambiente - Sisema, por meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente – Feam e da Companhia Energética de Minas Gerais- Cemig. Através dos seminários, a entidade iniciou há dois anos a mobilização de profissionais e instituições na coleta e análises de dados, objetivando subsidiar a política energética de Minas Gerais.

Neste ano, o evento propôs o tema “Energia e Mudanças Climáticas”, para avaliar as principais causas das alterações no clima do planeta. “A finalidade do Seminário é promover parcerias interprofissionais e institucionais, além de gerar propostas capazes de contribuir efetivamente para um novo direcionamento do mercado energético. Os encontros são articuladores e mobilizadores, atuando de forma a transcender o caráter informativo do tema”, explica a assessora institucional da Amda, Elizabete Lino.

O evento, que este ano ocorreu entre 27 a 29 de outubro de 2008, e promoveu palestras preparatórias, como forma de iniciar as discussões sobre a questão. Em 26 de abril último, ocorreu o primeiro encontro preparatório, no auditório do Sistema Estadual do Meio Ambiente – Sisema. Nesta ocasião, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Paulo Eduardo Fernandes de Almeida, falou sobre o crescente uso de energia, explicando como isso pode acelerar o aquecimento global.

De acordo com o palestrante, o CO2, principal gás causador do efeito estufa, contribui com aproximadamente 80% das emissões, seguido do Metano (CH4) e do Oxido Nitroso (N2O). Também segundo ele, de 1971 a 2004 houve aumento nas emissões mundiais de CO2, paralelamente a evolução da renda per capita entre diversos países. Foto: Hartwig HKD . Disponível em ww.flickr.com
Neste primeiro encontro, a superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, advertiu sobre a urgência de reestruturar o ciclo de produção e consumo energético e defendeu a necessidade de diminuir o desperdício de energia. “A tecnologia precisa deixar de ser vilã do efeito-estufa e promover o progresso da eficiência energética e das energias renováveis”, acrescentou a ambientalista.

Na seqüência do ciclo, o segundo encontro foi realizado no auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/MG (22/09). A palestra foi ministrada pelo engenheiro da Cemig e coordenador do Projeto Conviver, Henrique Fernando França Costa. O palestrante apresentou projeções para o uso do petróleo que, segundo ele, deve continuar ocupando posição de destaque na matriz energética brasileira até 2030.

Considerando os riscos na evolução do consumo de energia, o engenheiro destacou que o desperdício de energia elétrica no Brasil chega a 18%, e que o mundo já consome 25% a mais de energia que a Terra consegue produzir. “Hoje, se todas as comunidades consumissem como nos países ricos precisaríamos de mais quatro planetas”, ponderou.

Os debatedores presentes, Patrícia Romeiro Silva Jota, professora do Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET-MG, e Eduardo Machado de Faria Tavares, ambientalista do Instituto Hóu, consideraram a necessidade da CEMIG investir mais na redução do consumo, intensificando informação pública e campanhas educacionais para o uso consciente de energia elétrica.

O biólogo e conselheiro da Amda, Francisco Mourão Vasconcelos, aproveitou o evento para defender a proteção da fauna ictiológica (peixes), citando como exemplo a polêmica no licenciamento ambiental do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia. “Não podemos descartar o uso da energia elétrica, mas precisamos ponderar os impactos ambientais das usinas. No caso da construção de hidroelétrica no Rio Madeira, seria preciso analisar os danos decorrentes do projeto, já que as barragens podem impedir a migração e levar à extinção inúmeras espécies de peixes”.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

UM OUTRO OLHAR SOB AS ÁRVORES

O significado da relação Homem-Natureza para Dorothy Maclean

Foto: charlesp. Disponível em www.flickr.com
A escritora canadense e conferencista internacional Dorothy Maclean, 88 anos, esteve em Belo Horizonte em setembro para um ciclo de conferências e workshops. Dorothy veio ao Brasil reforçar a importância das árvores num momento em que, segundo ela, a sociedade brasileira despertTamanho da fontea para valores de sustentabilidade e cidadania. Para falar sobre a presença viva das árvores no mundo, a canadense escreveu o livro “The call of the trees” (O chamado das árvores).
Na obra, revela diálogos que remetem à importância de empreender ações efetivas para o cultivo de árvores, de preservação e cuidado, desde pequenos jardins até nossas florestas. A educadora, que já trabalhou para os Serviços Secretos Britânicos em Nova Iorque, abandonou suas antigas atividades e se dedicou à fundação de uma ecovila na Escócia, a Findhorn Foundation (www.findhorn.org/index.php). Agora, Dorothy lança a campanha "Vamos plantar 1.000.000 de árvores", coordenada no Brasil pelo arquiteto mineiro Carlos Solano. Nessa entrevista ao Ambiente Hoje, a autora fala do valor da integração entre o homem e as forças da natureza.
Imagem do livro “The call of the trees”
O livro “O chamado das árvores” registra suas experiências no contato e diálogo com as árvores. Que mensagens elas lhe transmitem?

A mensagem das árvores para os seres humanos diz que é preciso encontrar o ‘Todo’ e o ‘Amor’ que está em nosso interior e aprender a agir a partir destes suportes. As árvores nos convidam a uma viagem dentro de nós mesmos, a encontrarmos nosso verdadeiro lar. Eu concordo. Elas estão certas! Como fazer isso em nossas vidas? Nesses dias atuais, nosso planeta está sendo cada vez mais atacado por turbulência e violência.
Quando despertarmos para o impensado tratamento que estamos oferecendo ao mundo natural, perceberemos também que é preciso refletir sobre a vida na Terra como um todo. Nossas escolhas individuais afetam todo o planeta. Como podemos fazer escolhas que apóiem uma visão cooperativa? As árvores dizem de forma simples: torne-se o que você realmente é, um ser amoroso e criativo. É simples, mas não é fácil.
A maior parte de nós gostaria de ser inteiro e amoroso, mas encontra muita resistência em si. Entretanto, temos a capacidade de sobrepujar nossa resistência. É possível encontrar paciência e constância quando estamos encostados numa árvore. Eu, de minha parte, tinha muita resistência e idéias fixas limitando-me. Por exemplo, estava firmemente convencida de que os lugares silvestres da Terra eram muito mais poderosos, maravilhosos, e exoticamente mais belos do que qualquer jardim, não importando quão bem planejado ele pudesse ter sido. Então, um dia, durante um passeio nos subúrbios de Amsterdã, deparei-me com um jardim que tinha toda a magia e a alegria dos lugares agrestes. Por fora ele não tinha nada diferente de seus vizinhos, mas por dentro era maravilhoso. Eu só poderia achar que seus jardineiros trabalhavam com amor e, a partir de então, soube que nós, seres humanos, não temos que destruir a natureza; na verdade, podemos melhorá-la.
Em vez de ficarmos desarvorados com nossa situação, podemos até melhorá-la. Podemos escolher agir com amor e alegria em qualquer ato, até mesmo atos diários como lavar a louça. Tais escolhas são poderosas porque nascem de nossa divindade interior, de nossa fonte de criatividade, e a cada momento ajudam a mudar o mundo. “Quer estejamos nos desertos, nas cidades ou nas florestas, irradiamos uma benevolente estabilidade que tem grande influência sobre os seres humanos”. Esta é uma das mensagens das árvores.
Imagem do livro “The call of the trees”

E qual seria a lição mais importante do livro?

Provavelmente a lição mais importante de “O chamado das árvores” é a necessidade urgente de existirem árvores maduras no planeta, ao invés de simplesmente serem cortadas. Além disso, pessoalmente, acredito que as árvores podem nos ajudar imensamente, estabelecendo troca conosco quando estamos conectados a elas. Podemos trazer para o nosso dia-a-dia a estabilidade e a claridade das árvores.
Imagem do livro “The call of the trees”

Para você, qual é o significado da simplicidade das árvores ao redor do concreto e da complexidade dos modernos espaços urbanos?

As árvores nos introduzem no contato com as vibrações da natureza. Lembram-nos de uma parte mais natural de nós mesmos. Elas agem como estabilizantes e contribuem para uma influência tranqüilizante em meio ao grande movimento da cidade.
Você tem esperanças em relação ao futuro da humanidade?

Sim. Tenho. A liberdade nos foi dada e nós temos a capacidade de modificar a situação do mundo. Claro que isso significa que nós temos que usá-la em benefício de um ‘Todo’, ao invés de pensarmos de forma egoísta.
Imagem do livro “The call of the trees”

A biodiversidade enfrenta uma crise global. Em sua opinião, quais são os caminhos que o indivíduo contemporâneo deve percorrer para delinear um novo horizonte de conduta e ética ambiental?

Em primeiro lugar, temos que ter consciência que, de fato, existe uma crise global e que o planeta está nos contando isso através dos perigos óbvios da nossa água, ar e solos poluídos, da diminuição das florestas, da crise mundial dos alimentos etc. Depois, se isso tudo nos preocupa, devemos nos perguntar em que sentido podemos individualmente mudar nossas vidas, para contribuir com a melhoria dessa situação.
Devemos pensar na redução do uso de papel, na conservação e proteção da água e em ações em geral que possam ser capazes de reduzir nosso impacto no meio ambiente. Em nossas preocupações, desvendamos nosso amor pelo planeta e mandamos amor para ele. Com o tempo, vamos perceber que precisamos expandir nossa consciência e eventualmente descobrir, assim como eu, que ter a consciência vasta significa ser mais amoroso e que o amor é o caminho.
Nós podemos escolher amar e ficar ciente, profundamente e espiritualmente, de quem somos nós. Assim, podemos reconhecer que somos nós os supervisores do planeta, que necessitamos de desenvolvimento e equilíbrio econômico, mas com cuidado e amor para o bem estar de toda a vida que se encontra aqui.
Imagem do livro “The call of the trees”
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda

O desafio de explorar sem devastar

Foto de Ludmila Tavares. Disponível em www.flickr.com

Nos últimos 50 anos, o Brasil perdeu 30% de vegetação nativa, segundo dados do Mapa da Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros, recentemente divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA. Apesar dos resultados positivos em algumas áreas, como no controle da poluição provocada pelas atividades industriais, a histórica questão do desmatamento no Brasil continua com desfecho imprevisível.
“Uma das dificuldades para se controlar o desmatamento está relacionada ao fato de ocorrer de forma pulverizada, por grandes áreas, quase sempre pelo avanço da fronteira agropecuária. O modelo de expansão destas atividades no país sempre foi marcado por privilegiar o avanço horizontal da agricultura e pecuária sobre áreas naturais, ao invés buscar o incremento dos índices de produtividade. E, no rastro desta expansão, vão ficando para trás grandes extensões de terras degradadas e com níveis baixíssimos de produtividade”, destaca o biólogo e conselheiro da Amda, Francisco Mourão.
Neste sentido, Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da entidade, acrescenta que o problema do desmatamento se agrava porque parte do setor industrial brasileiro enxerga florestas nativas como estoques de madeira para a produção de energia. “O governo estimula empreendimentos e não faz disso oportunidades para preservar”.
No caso de Minas Gerais, a ambientalista adverte que o Estado, a cada dia que passa, vem perdendo mais áreas de mata nativa. “A grande questão é: será que algum dia o saldo será positivo para as áreas que foram recuperadas, em relação as que foram desmatadas?”, questiona a superintendente.
Hoje, Minas Gerais possui em torno de 59 milhões de hectares ainda cobertos por vegetação nativa, o que significa 33,5% de sua extensão territorial. De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), para aumentar a área de cobertura vegetal para 40%, até o ano de 2011, o governo lançou o Projeto Estruturador para a Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata Atlântica.
Segundo Luiz Carlos Cardoso Vale, diretor de Desenvolvimento e Conservação Florestal do IEF, entre 2003 a 2005, o Estado perdeu áreas em vegetação nativa equivalente 65 mil hectares/ano. Já no biênio 2006/2007, a perda foi de 53 mil hectares/ano, o que poderia indicar uma ligeira queda de desmatamento nos períodos destacados.
Francisco Mourão lembra, porém, que esta interpretação pode esconder a troca de formações florestais em estágios mais avançados por fragmentos em estágios iniciais de recuperação, decorrente do processo de abandono de pastagens, fato comum no Estado. Este equívoco interpretativo, segundo ele, normalmente resulta em perda expressiva de biodiversidade, já que as capoeiras em estágios iniciais são, quase sempre, ainda pobres em riqueza biológica.
“O fato do monitoramento florestal feito pelo IEF/UFLA não envolver ainda uma avaliação qualitativa dos remanescentes de vegetação nativa impossibilita a análise mais precisa dos dados produzidos”, explica o biólogo.
Foto de Sylvia Hille . Disponível em www.flickr.com

O diretor do IEF, Luiz Carlos Cardoso Valle, enfatizou também que a lenha e seus derivados representam 30% da produção primária de energia em Minas; e que o atendimento desta demanda depende ainda do uso de mata nativa. “A explosão de ‘commodities’, em especial, de produtos siderúrgicos, vem elevando o preço das matérias primas florestais, o que agrava o problema da pressão sobre florestas nativas”, acrescenta.
Nas avaliações do diretor, para superar esta dependência seria preciso ampliar a produção baseada em florestas plantadas, utilizando estoques de áreas antropizadas (já ocupadas pelo homem).
Questionado sobre as possibilidades de conciliar a demanda de carvão com a proteção de florestas nativas, o biólogo Francisco Mourão enfatizou que a legislação mineira em vigor abriu espaço para o crescimento da produção de carvão a partir de florestas nativas, ao derrubar os limites impostos pela lei anterior. “A Lei 10.561/2000, estabelecia um teto máximo de 10% do consumo de cada empresa, baseada em florestas e cerrados nativos. A recente proposta encaminhada pelo governo mineiro ao Legislativo deve mudar esta situação, restabelecendo novos limites”. Segundo ele, mesmo não sendo os limites esperados pelos ambientalistas, a proposta do governo deve resultar em mudanças positivas.
Francisco lembra, porém, que o sucesso da medida depende do aprimoramento dos mecanismos de controle do desmatamento pelo governo, envolvendo, principalmente, avanços na política de recursos humanos dos órgãos de meio ambiente. Para ele, a baixa remuneração das equipes da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Semad tem gerado perdas de técnicos para o setor privado, impedindo avanços maiores na qualificação pessoal.
Foto de Zedu Monte - Disponível em www.flickr.com
O eterno impasse entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental

Além dos problemas relacionados ao consumo de matérias primas florestais e à expansão da fronteira agropecuária, a ampliação de obras de infra-estrutura também se torna ameaça aos remanescentes de vegetação nativa em Minas gerais. Recente exemplo é o plano de instalação do segundo maior aeroporto do Estado, ao lado do Parque Estadual do Rio Doce, obra em processo de licenciamento no Conselho de Política Ambiental - Copam, relacionada ao projeto de expansão da Usiminas, em Ipatinga.
Francisco Mourão adverte que a área escolhida se situa no centro de um complexo de lagoas naturais, considerado o mais extenso ambiente lacustre do Estado. A área abriga fauna e flora expressivas, envolvendo especialmente espécies típicas de ecossistemas aquáticos e brejosos. “É difícil avaliar os impactos sobre espécies que dependem de ecossistemas completamente naturais, sem a presença de ruídos, luzes e movimentação de aeronaves”, considera ele.
A Superintendente da Amda, Maria Dalce, ressalta que o Parque do Rio Doce protege o maior e mais importante remanescente de Mata Atlântica em Minas. “Considerando que o Estado mantém menos de 4% desse bioma, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, não há dúvida de que todas as alternativas possíveis para a implantação do aeroporto devem ser apuradas, de maneira a evitar possíveis impactos sobre a flora e fauna da região. A importância da área justifica, até mesmo, a escolha por alternativas de custos mais elevados”.
O Projeto Estruturador do governo estadual declara que como meta a redução do desmatamento e a ampliação das áreas protegidas, através de unidades de conservação - UCs. O plano pretende também recuperar áreas degradadas, desenvolver a silvicultura com espécies nativas, aprimorar a fiscalização e monitorar a cobertura da vegetação natural, além de intensificar os processos de averbação de reservas legais. Se atingidas as metas, espera-se a ampliação da superfície coberta por vegetação nativa no Estado.
De acordo com Francisco Mourão se a meta de criação de novas UCs for realmente cumprida, vai representar um incremento significativo de áreas protegidas em Minas. Entretanto, ele analisa como modesta a meta de regularização fundiária de UCs, advertindo que o Estado não tem sequer em seu orçamento rubrica de recursos para esta finalidade. “A destinação de recursos para a aquisição de terrenos particulares no interior de unidades de conservação tem sido uma das principais reivindicações dos ambientalistas mineiros. A manutenção destas áreas nas mãos de particulares, além de gerar conflitos sociais, impede que as unidades cumpram integralmente a função de proteger a biodiversidade”.

Foto de Leonardo F. Freitas . Disponível em www.flickr.com

Lógica da lucratividade X Preservação ambiental
A dificuldade em se obter empréstimos bancários quando o assunto é conservação ambiental foi outro fator considerado pelo diretor do IEF, Luiz Carlos Cardoso Valle. Segundo ele, os créditos disponíveis através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Banco do Nordeste – BNB e Banco de Desenvolvimento de Minas – BDMG/Proflorestas estão direcionados para setores de base florestal (siderúrgico e celulose) e para empreendimentos rurais (Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas – Propflora e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf Florestal).
Estas linhas de crédito são operadas por bancos comerciais e de desenvolvimento e seguem trâmites normais de operação bancária, com períodos de carência e prazos de pagamento compatíveis com os períodos de maturação da atividade.
Perguntado sobre o fato dos bancos não terem linhas de crédito específicas para produtores que tenham projetos de preservação de mata nativa, Luiz Carlos respondeu que isto ocorre porque os bancos trabalham com a lógica de lucratividade financeira, ou seja, fazem investimentos e créditos em projetos que apresentem liquidez e capacidade de pagamento garantido.
O gerente da Divisão de Agropecuária do Setor de Agronegócios do BDMG, Leonardo Parma, garante que o BDMG oferece financiamentos para recomposição e manutenção de áreas de preservação e reserva florestal legal. “Disponibilizamos até R$ 200 mil com juros fixos de 6,75%. O produtor rural tem o prazo de sete anos para começar a pagar e três anos para liquidar o financiamento. Para conseguir crédito, basta procurar uma cooperativa de crédito de sua região”, orienta o gerente.
Foto de Carlos Levistrauss. Disponível em www.flickr.com

Falta apoio para reservas legais

A reportagem “Quanto custaria para salvar a natureza”, publicada pelo jornal alemão “Der Spiegel”, em 02 de junho de 2008, pelos repórteres Philip Bethge, Rafaela Von Bredow e Christian Schwägerl, revela mudanças nos paradigmas ambientais. Segundo dados divulgados, a cada ano, florestas virgens maiores que Suíça são desmatadas para extração de madeira e até 130 espécies são extintas a cada dia.
A matéria alerta para a aterrorizante situação de perdas de florestas, espécies, habitats e ecossistemas e lembra ser fundamental a criação de mecanismos de estímulos financeiros para a preservação da natureza no mundo. A reportagem cita, como exemplo, instrumentos relacionados ao mercado de créditos de CO2 e ao desenvolvimento do ecoturismo, como áreas promissoras para a geração de recursos necessários à proteção de ecossistemas. Outro aspecto considerado foram os novos acordos multilaterais de comércio entre as nações, que passam a inserir ações que visam à proteção ambiental.
No entanto, para estimular a preservação da natureza e mostrar aos investidores que a perda de biodiversidade custa muito ao mundo, cabe aos governos criarem incentivos para proteção de florestas que, em grande parte, estão em mãos de particulares.
No Brasil, por exemplo, proprietários de Reservas Particulares de Patrimônio Natural - RPPN não encontram motivações, além da isenção do ITR – Imposto Territorial Rural, possibilidade esta que já é facultada aos proprietários de Reservas Legais.
Conforme Maria Cristina Weyland Vieira, Diretora Técnica da Confederação Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural - CNRPPN e presidente da Associação de Reservas Particulares de Minas Gerais – ARPEMG, a manutenção de RPPNs implica em uma série de dificuldades. A diretora cita como exemplo a perseguição da Receita Federal. “A Receita tem infernizado a vida dos proprietários de terras que preservaram florestas, capturando-os na malha fina e cobrando impostos sobre as florestas não averbadas nos anos 90”.
De acordo com Maria Cristina, em Minas Gerais existe também o ICMS ecológico, que destina recursos aos governos municipais, relativos à criação e manutenção de unidades de conservação em seus espaços territoriais. Entretanto, estes recursos raramente são dirigidos para programas de estímulo às unidades de conservação particulares.
“Para que esses recursos sejam revertidos para as RPPNs são necessárias estratégias de repasse, através de leis municipais e atuação de ONGs”, explica ela.
Foto de Magru Floriano . Disponível no ww.flickr.com
Visando aprofundar neste tema, a redação do jornal “Ambiente Hoje” entrou em contato com alguns proprietários de RPPNs relacionados no cadastro da ARPEMG. Todos foram unânimes em mencionar a falta apoio e esclarecimentos por parte do governo. Wallace Ferreira Pedrosa, um dos proprietários da Fazenda Boa Vista e cafeicultor em São Francisco da Glória/MG, informou que dos 77 hectares da fazenda, 15 ha foram declarados como RPPN.
O proprietário ressalta que quem não tem áreas preservadas, conforme determina a legislação, não consegue mais financiamento em bancos. Porém, segundo ele, este é um dos poucos mecanismos de estímulo à preservação ambiental em áreas rurais. “O governo não oferece incentivos e o produtor tem de arcar sozinho com custos para averbação em cartório e para a proteção da área. O que mais me deixa esperançoso é que, no futuro, quem desenvolver ações concretas pela preservação ambiental receberá tratamento diferenciado na colocação de seus produtos no mercado internacional. Essas exigências estão relacionadas ao crescimento da preocupação mundial com o desmatamento”, opina ele.
Diante de todo esse cenário, a pergunta que se coloca é se a natureza vai esperar mudanças decorrentes do avanço da conscientização mundial quanto ao tema, já que a perda de ecossistemas naturais e a extinção de espécies ocorrem em níveis assustadores.
Por Georgiana de Sá - Apuração exclusiva para a Amda- Texto original