Friday, May 23, 2008

NOVA RELAÇÃO DE CONSCIÊNCIA ENTRE HOMEM E NATUREZA

Fotos: www.flickr.com

Bate Papo no Sisema:
Considerações sobre ética ambiental

“Desejo e dinheiro são topografias muito próximas, mas o mercado não é o senhor da cidade”, analisou o filósofo e professor José de Anchieta Corrêa durante mais uma edição do fórum de discussões "Bate-Papo no Sisema - Discutindo a Política Ambiental do Estado”. O encontro aconteceu nessa segunda-feira (19) e promoveu discussão sobre a ética ambiental.



O filósofo defendeu mudanças de paradigmas em um mundo que, segundo ele, precisa criar tecnologias mais brandas e menos poluentes. De acordo com José de Anchieta, para formar novos hábitos de vida e incentivar a participação da população na política da Agenda 21 é imprescindível desenvolver estratégias de ação, que vão além dos investimentos burocráticos.



“A ética é tarefa social, histórica, inventiva e inconclusa. Ética envolve comunicação, responsabilidade, justiça, virtudes e principio de vulnerabilidade, em um mundo que vai ser sempre plural”, explicou. O professor também reconheceu que, para implementar mudanças nos meios de consumos das fontes energéticas e gerar novos hábitos de vida, é imperativo conhecer as diferentes formas culturais vigentes no país e a relação do povo com a natureza.






Durante o bate-papo, o filósofo esclareceu que, enquanto a moral se subordina às normas sociais, a ética é ditada pelo desejo e prevê autonomia. Disse também que a ética ambiental age de forma antecipativa e depende de conhecimento para realização do ideal desejado. O expositor lembrou que, para elaborar estratégias eficazes em defesa do meio ambiente, é importante refletir sobre complexos interesses econômicos, saberes científicos e geográficos, afrontar experiências, colocar em cheque medidas e encontrar soluções. “É preciso astúcia para tratar dos assuntos ambientais”, advertiu.



Eduardo Nascimento, do Conselho de Política Ambiental – Copam, analisou o processo de construção da ética ambiental como conjunto de dimensão individual e coletiva. “Devemos questionar se o crescimento econômico atual, motivado pela maré global, está apoiando cidadãos ou criando consumidores. A ética ambiental é um desafio que possibilita alcançar uma sociedade mais justa, tendo como pressuposto a gestão participativa”, disse o debatedor, concluindo que não pode haver blindagens para a participação social nas decisões políticas sobre o meio ambiente.



Eduardo Tavares, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, concordou que a preservação ambiental depende da ética antecipativa e de planejamentos, enfatizando a importância de ações internas, consolidadas no respeito que todo homem dever ter a si próprio e ao outro. “A ética é livre, mas, não libertina”, opinou o conselheiro.



Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o site da Amda - Associação Mineira de Defesa do Ambiente

Implantação de mineradora em discussão

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Audiência pública discute estudo de impacto ambiental da MMX
O encontro aconteceu em março último, na Quadra Poliesportiva de Conceição do Mato Dentro/MG, e reuniu cerca de mil pessoas para discutir licenciamento ambiental para extração de minério de ferro pela MMX Minas-Rio na serra do Espinhaço, nos municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro.



Presente na audiência, a superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, observou que abordagens de aspectos sociais e políticos tenham merecido mais destaque por parte de interventores que os impactos ambientais da mineração. “Um bom número de inscritos mostravam intenções políticas e priorizaram ataques à administração municipal. Aspectos ambientais propriamente ditos foram pouco levantados. Muitas intervenções apontaram problemas sociais, econômicos, de saúde e segurança, alguns realmente muito interessantes e que têm de ser bem avaliados e discutidos” disse, enfatizando, que a avaliação de custos/benefícios ambientais do empreendimento é o principal objetivo do licenciamento.

Incoerências no Estudo de Impacto Ambiental
Durante a audiência, a Comissão Pastoral da Terra – CPT entregou documento à Semad com diversas interrogações sobre as análises do EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental, apresentadas pela MMX. O documento questiona a incoerência do EIA ao considerar a área de alta relevância para proteção da biodiversidade e concluir pela viabilidade técnica da mineração. Para a superintendente Amda, este é um aspecto que precisa ser discutido. “Não é a primeira vez que isso acontece. Para que definir áreas prioritárias se elas não recebem tratamento diferenciado? Enquanto não houver decisão quanto a isto, os pedidos de licenças continuarão entrando. É direito de qualquer empreendedor de pleiteá-las”.


O Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Conceição do Mato Dentro, Luiz Cláudio de Oliveira, aproveitou a ocasião para ressaltar que, independentemente das alterações ambientais negativas que o empreendimento irá causar, a região já sofre com sérios problemas de degradação por queimadas, desmatamentos, invasão de áreas de preservação permanente – apps, pisoteio de gado, tráfico de animais e erosões por motivos diversos. Para discutir problemas ambientais, sociais, econômicos, de saúde, segurança, entre outros, a Prefeitura criou um grupo denominado Comissão Sustentável, do qual participaram, inclusive, funcionários da MMX, tendo gerado um documento contendo 54 itens, protocolado junto à Semad. O documento contém propostas abrangentes, que são dirigidas em grande parte ao governo do Estado, cobrado pela Comissão pela ausência de medidas concretas de apoio à região.


Conflitos gerados pelo uso da água
Muitas entidades manifestaram preocupação com captação da água do Rio do Peixe para transposição, uma vez que, quando a mineradora estiver em funcionamento o rio terá vazão diminuída. O Professor Gabi Fernandes também ressaltou que, com o mineroduto a água pode ficar mais cara para a população local.


O Secretário Luiz Cláudio sintetizou em sua fala que a mineradora reconhece os impactos que deve causar, e se compromete a ser também produtora de água, através da implementação de um projeto de proteção da bacia do Rio Santo Antônio, atualmente prejudicado com desmatamentos, erosões, degradação de nascentes e margens de seus cursos d´água.

Problemas na malha viária
Carlos Eduardo Teixeira Nery, da organização não-governamental (ONG) Sociedade dos Amigos do Tabuleiro, reivindicou melhorias para a malha viária da MG-10. Na audiência, foi a cobrada construção de anel rodoviário para desviar o tráfego da área urbana de Conceição. Para Maria Dalce Ricas, o avanço do asfalto que ligará Belo Horizonte a Governador, passando pela Serra do Espinhaço, é fato preocupante, pois deve gerar potencial aumento do tráfego, inclusive de carretas. Segundo ela, só o desvio do tráfego da área urbana de Conceição não é suficiente. “Esta medida, apesar de fundamental, ainda é pouco. O DER não cumpriu as condicionantes de asfaltamento da MG-10, entre Santana do Riacho e Conceição do Mato Dentro, concedida pelo Copam há mais de seis anos. Existem áreas a serem reabilitadas, duas delas grandes e sem nenhuma sinalização, os mirantes não têm um cesto para lixo e os ‘amantes da natureza’, que param para contemplar a maravilhosa paisagem, jogam o lixo encosta abaixo”, lamentou ela.


Na opinião da superintendente da Amda, as estradas são encaradas apenas como pista de rolamento de veículos e deixam de ser consideradas nos processos de planejamento e licenciamento. Para ela, é preciso considerar os terríveis impactos que podem resultar o tráfego de caminhões e caminhoneiros, por uma das áreas mais importantes ambientalmente e mais belas do Estado, que é a Serra do Cipó. “Em Cardeal Mota, a ponte sobre o Rio Cipó, linda e antiga, está estragada, remendada, e só dá passagem para um veículo”, exemplificou Dalce.

Distinguindo o “bom” e o “mau”
Ramon Rodrigues Ramalho, do Núcleo de Estudos Sobre o Trabalho Humano da UFMG, defendeu que a avaliação dos impactos ambientais da MMX deve priorizar as preocupações sociais e ambientais e não a lucratividade do negócio. “É bom lembrar que o lucro do empreendimento não vai ficar em Conceição do Mato Dentro, muito menos no Brasil. Os donos estão fora do país”, disse o professor se referindo a venda das ações da MMX Minas-Rio para a gigante multinacional Anglo American. Em contrapartida, um procurador da prefeitura de Conceição de Mato Dentro, apresentou protocolos assinados com a empresa, assegurando, entre outros acordos, repasse de R$ 4 milhões para melhorias na infra-estrutura do município, ainda no período de instalação da mineradora.


Na audiência, houve também muita manifestação de apoio da população à instalação da empresa, por causa da possibilidade de geração de empregos. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Extrativa Mineral de Minas Gerais – Sindiextra, Fernando Coura, a MMX tem potencial para levar o progresso para os municípios envolvidos. “A mineração pode oferecer qualificação profissional e oportunidades para jovens com sustentabilidade ambiental”, disse.
“O progresso bom e ruim caminham de mãos dadas. É preciso investir na segurança da região”, defendeu Marcelo Teixeira, Policial Civil em Conceição de Mato Dentro. Assim como Marcelo, muitos outros manifestantes defenderam soluções para o aumento da prostituição, violência, demanda sobre serviços básicos, cobrando da empresa e do governo estadual medidas para impedir as conseqüências negativas da mineração, o que, na opinião de Maria Dalce Ricas, mostra o nível de consciência do povo com os possíveis efeitos impactantes do empreendimento.


A empresa prometeu preservar a qualidade de vida da população e garantiu compensações para os municípios. A MMX apresentou metas para investir no turismo da Estrada Real, em reservas naturais e agropecuária, além de propor programas como os de recuperação de nascentes, matas ciliares e desenvolvimento da agricultura familiar. Anunciou ainda que deve efetivar planos de proteção aos sítios arqueológicos e controle de emissões atmosféricas.

Incêndios na Serra do Espinhaço

A Superintendente da Amda considerou a importância de expansão das áreas legalmente protegidas e de investimentos em programas de prevenção e combate a incêndios, que vêm destruindo vários quilômetros da Serra do Espinhaço. “Mesmo com as chuvas recentes, que estão tendo pouco intervalo, em um só dia conseguimos avistar dois incêndios, um deles grande. Imaginem quando a seca chegar”.


Avaliando o licenciamento ambiental da MMX Minas-Rio, Maria Dalce considera ser praticamente irreversível a concessão da licença, devido aos compromissos já assumidos entre os governos de Minas e Rio e investimentos já realizados pela empresa, além da expectativa de geração de empregos nos municípios. “Soma-se a isto o fato da região ser classificada como ‘economicamente deprimida’ pelo jargão economista, com outras perspectivas econômicas ainda muito frágeis como o turismo, que está longe de ser atividade expressivamente demandadora de mão-de-obra. Se assim for, nos resta mais uma vez correr atrás de ganhos ambientais, principalmente no que se refere à ampliação de áreas legalmente protegidas”, analisa a Superintende.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje, da Amda - Associação Mineira de Defesa do Ambiente

Thursday, May 22, 2008

REFLEXÕES SOBRE TELEVISÃO E MÍDIA



O CONTROLE DO MUNDO


Fichamento - Por Georgiana de Sá


Faria.BUCCI, Eugênio; KEHL, Maria Rita. Videologias. São Paulo: Boitempo, 2004



O livro explica como a sociedade burguesa amplia sua busca de heróis, ídolos e seguidores, numa procura que transforma o cotidiano em espetáculo. Nesse processo, os veículos de comunicação são responsáveis pela propagação de reflexos que reeditam a vida real através de reality shows, oferecendo ao público todo tipo de herói. “A mídia produz os sujeitos de que o mercado necessita, prontos para responder a seus apelos de consumo sem nenhum conflito” (BUCCI E KEHL, 2004. p 67). A condição básica para o fetiche da mercadoria e banalização da intimidade, é a “rendição absoluta ao brilho não exatamente dos objetos, mas da imagem dos objetos” (Idem, Ibidem, p 65).



É na exposição constante da individualidade de artistas e famosos e até mesmo de anônimos (Idem), que nasce a espetacularização da imagem. Os indivíduos se tornam consumidores de uma subjetividade que “transforma tudo em imagem. Até o berro” (Idem, Ibidem. p 64). A idolatria cria dependência da imagem do objeto, transformando o ser nesta mesma imagem. Ou seja, pessoas viram ícones, com vozes imorais ou de moralização, e se tornam mercadorias, mesmo sem terem consciência disso. Essa servidão se estabelece numa dependência natural e passa a existir sob o brilho da notoriedade, através de ações que se definem como idolatria, fetichismo e paganismo (Idem, Ibidem).



Em outro aspecto abordado é possível entender o motivo da irrelevância dos aspectos morais, uma vez que o indivíduo já massificado tende a abandonar a moralidade para possuir o objeto. O ser moderno, em seu contínuo desejo de ter o que é do outro, se volta para o valor da coisa desejada, ainda que em detrimento de valores morais. O desejo, dependente sempre do querer alheio, passa a ser compartilhado, estabelecendo a massificação e alienação social, sob a justificativa de que “coisas” podem existir independentes de aspectos morais.



Sennett (APUD Bucc e Kehl, 2004), diz que a preocupação do indivíduo com a exposição da personalidade em público, e com os efeitos que a imagem poderia causar, é episódio do século XVIII, lembrando dos figurinos usados pela corte. Contudo, a modernidade vai além: coroa os cidadãos com a espetacularização da imagem, gerando uma multidão de iguais, sob o domínio do consumo da subjetividade alheia. O indivíduo não deseja por si mesmo, mas, no império da inveja, deseja o que os outros desejam, na dependência do espetáculo que se estabelece entre mercado e meios de comunicação de massa.



No fetichismo da mercadoria, as pessoas se conhecem e se relacionam como produtos à venda e valores de uso (Marx APUD Bucc e Kehl, 2004). Coisas ganham movimento próprio e dominam a vida dos seres, inversão “que nasce com a transformação dos produtos do trabalho em mercadorias” (Idem, Ibidem, p.67). Na continuidade do raciocínio, o livro compara a idéia de fetichismo também em Freud, como aquilo que o médico explicou ser recalque ou negação que planeja substituir objetos de desejo, através do fetiche que, segundo ele, poderia tornar indivíduos perversos, neuróticos ou psicóticos, de acordo com a “realidade psíquica” em que se encontrassem, no materialismo histórico ou na própria alienação social. Freud explica sobre essa angústia de possuir ponderando sobre a castração, “advinda da percepção de que, ‘se eu tenho, estou exposto à possibilidade de perder’ (...) o dinheiro, a potência sexual, o poder, o amor da mulher etc.” (Freud APUD Bucci e Kehl, 2004, p. 69).



Hoje (BUCCI E KEHL), a publicidade investe na produção do espetáculo e o mercado destaca indivíduos como objetos virtuais num gozo coletivo. O corpo-imagem é produto da cultura do objeto, onde amor-próprio e auto-estima se convertem em imagens fabricadas para os outros, para aceitação e inclusão social. Academias de musculação, cirurgias, silicones, consumo de moda, anabolizantes e hormônios: tudo incentivado pela indústria cultural, capaz de montar um corpo ideal como se constrói um destino (Idem). Os enigmas dos desejos se tornam capazes de construir destinos e levar uma nova geração de jovens a freqüentarem academias de musculação e associar “o aumento de seu volume muscular à conquista de respeito por si mesmo” (Sabino, APUD Bucci e Kehl, 2004, p. 176).

O DIREITO DE INFORMAR

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ÉTICA NO JORNALISMO
Redigido em 2007
Por Georgiana de Sá
Apurações durante curso de jornalismo

“O Código de Ética rege a conduta moral e legal do jornalista. A briga pela exclusividade da notícia e pela audiência, além da submissão, as vezes cega, de jornalistas aos seus patrões, pode afastar o profissional da esperada conduta moral”, opina o jornalistaHorácio Martins. Para o jornalista, a falta de ética na profissão gera notícias sem qualidade e fere a credibilidade do profissional, mediador entre os fatos e a sociedade. “Por medo de perder o emprego, por desobediência a ética do dono e dentro das regras econômicas do capitalismo, o jornalista corre o risco de transformar notícia em produto com valor mercadológico”, diz ele.


O cinegrafista Paulo Ozanan, aluno do curso de jornalista, acredita no apoio de sindicados e já se preocupa em filiar-se ao SJPMG - Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. “Criar um elo com a categoria é muito importante pra mim. É através do sindicato que terei apoio para uma atuação ética na profissão”.

O Decreto-Lei N.º 972, de 17 de outubro de 1969, dispõe sobre o exercício da profissão de jornalista, prevendo critérios de remuneração e de funções desempenhadas por estes profissionais, na condição de empregados. Já a Lei nº 5.250, de 09/02/1967, regulamentada a liberdade de manifestação do pensamento e da informação, prevendo punições legais para aqueles que cometerem infrações tais como propaganda de guerra, de preconceitos de raça ou classes, divulgações de notícias falsas ou fatos deturpados, que ofendam a moral pública e os bons costumes. O artigo 21 deste Decreto proíbe ao jornalista difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.

Para o funcionário público Aguinaldo José de Sá, 40, as penalidades para jornalistas antiéticos deveriam ser ainda mais rigorosas. Ele conta que seu pai, já falecido, foi vítima de difamação por parte do Jornal Estado de Minas. Aguinaldo lembra que uma matéria citava seu pai no envolvimento de desvio de cargas de caminhões. “O nome do meu pai foi citado em uma matéria sobre roubo de cargas, apenas com suposições, sem nenhuma prova contra ele. Depois disso, meu pai adoeceu, teve câncer e veio a falecer. Ficou provado na justiça que as acusações eram caluniosas e infundadas. Mesmo que a justiça tenha indenizado minha família, o dinheiro não vai trazer de volta meu pai”, lamenta.

Marciano Menezes da Cunha, 21 anos de profissão, do jornal “Hoje em Dia” e da Assessoria de comunicação da Secretaria do Estado de Desenvolvimento Social – SEDESE, acredita que a ética é a coerência na elaboração da notícia, tanto na captação dos dados quanto no trato com o entrevistado. “É preciso fazer um trabalho transparente, sem denegrir a imagem das pessoas. A ética do jornalista está ligada ao zelo que se deve ter com as fontes e com os próprios colegas”. Menezes acredita que cobrar preço abaixo do padronizado também é falta de ética. “É concorrência desleal com o colega cobrar preço bem abaixo do padrão para pegar o serviço de outro”, observa o jornalista.

Também segundo Menezes, a ética está cada vez mais em pauta no meio jornalístico. “A falta de ética está em todas as profissões. A maioria dos jornalistas que conheço procura fazer um bom trabalho e os poucos que agem de forma antiética, acabam prejudicando a imagem de toda a categoria”, opina ele. Filiado ao Sindicato dos Jornalistas, Menezes lamenta não ter tempo de participar de palestras e cursos sobre ética promovidos pelo SJPMG.

Para a jornalista e professora Hila Bernadete Rodrigues, 20 anos de profissão, a ética está relacionada à moralidade, virtude e boa intenção. Hila, que também é filiada ao SJPMG, defende que a conduta ética está acima dos códigos oficialmente estipulados. “Ética não é imposta, é conduta que você constrói” diz a professora, que citou como exemplo de conduta antiética os casos “Escola Base” e “ACM” (revista “Isto É”, quebra de off - caso Luiz Carlos Melo). Hila já foi freqüentadora dos cursos do SJPMG, sobre conduta ética, e hoje também lamenta a falta de tempo para se envolver com estes eventos. “É muito importante buscar informações e apoio no sindicado. Já precisei do Sindicato para questões de demissão e fui atendida”.

Elvira Maria Falabella de Castro trabalha como jornalista há 26 anos, atualmente está na ASSCOM - Assessoria de Comunicação da Secretaria do Estado de Desenvolvimento Social. Para a assessora, ética significa respeitar o direito e a individualidade de todos. “Nunca vivi uma situação que me comprometesse com relação a conduta ética, portanto nunca precisei do sindicato por esse motivo. Já procurei apoio quando fui demitida e o veículo que faliu não queria me pagar. Entrei com recurso no Sindicato e consegui o pagamento.” Elvira, também por falta de tempo, não freqüenta palestras ou cursos promovidos pelo sindicato sobre ética, contudo, acredita ser algo muito benéfico se filiar ao mesmo.

Marcos Jorge Barreto, Professor da Faculdade Estácio de Sá, jornalista há 21 anos, confia na ética como conjunto de princípios baseados em valores morais e de prática sociais que tenham como objetivo o respeito do bem comum e da verdade. Barreto lembrou o episódio em que o apresentador “Gugu” levou ao ar supostas entrevistas com o líder do grupo PCC , consideradas forjadas pela produção do programa. O professor, do mesmo modo que a assessora Elvira é filiado ao sindicato, e como os demais entrevistados, não participa dos eventos devido à falta de tempo. “Mesmo não comparecendo a cursos e palestras procuro ler as publicações que o sindicato disponibiliza sobre ética”.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais - SJPMG, que funciona em Belo Horizonte, na avenida Álvares Cabral, 400, possui Estatuto e Comissão de Ética e Liberdade de Imprensa. O Estatuto do SJPMG tem como finalidade colaborar com o aprimoramento intelectual e profissional da categoria, além de oferece assistência jurídica aos filiados em suas relações trabalhistas. Já a Comissão de Ética é responsável pela aplicação de penalidades e advertências, que vão desde suspensão do profissional até sua eliminação do quadro do quadro social nos casos previstos no Código de Ética da categoria.

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, votado em Congresso Nacional dos Jornalistas, está em vigor desde 1987 e fixa as normas de atuação do profissional nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação e com jornalistas. Nele estão relacionadas condutas consideradas anti-éticas e passíveis de punições, tais como o desrespeito ao direito à privacidade e a obrigatoriedade de ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas envolvidas em acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas (art.14).

Além do SJPMG, a FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas discute o aperfeiçoamento do Código de Ética dos Jornalistas brasileiros e possui espaço em seu site para propostas e interação através de consulta pública. Informações atuais podem ser acessadas no endereço eletrônico: http://www.fenaj.org.br/

Estágio Final da Evolução Intelectual


"A ignorância da sociedade do conhecimento"
Robert Kurz
Fichamento de Georgiana de Sá

O sociólogo alemão Robert Kurz fala sobre a ignorância da sociedade do conhecimento. Segundo ele, nunca antes houve tanta informação sendo transmitida por tantos meios ao mesmo tempo. Kurz lembra que o conhecimento, antes da modernidade, era transmito como algo sagrado, acumulado e transmito entre homens. No século XXI, a sociedade oferece um novo significado para o progresso intelectual. A interferência econômica na fluidez do conhecimento é traço marcante da modernidade, segundo explica o autor.

Nos universos da comunicação e da informação, as filosofias das mídias são diretrizes relevantes. Para explicar a participação das mídias no progresso do conhecimento, Kurz cita o alemão Norbert Bolz:
"Poder-se-ia falar de um big-bang do conhecimento. E a galáxia do conhecimento ocidental se expande na velocidade da luz. Aplica-se conhecimento sobre conhecimento e nisso se mostra a produtividade do trabalho intelectual. O verdadeiro feito intelectual do futuro está no design do conhecimento. E, quanto mais significativa for a maneira como a força produtiva se torne inteligência, mais deverão convergir ciência e cultura. O conhecimento é o último recurso do mundo ocidental".

Sobre o conhecimento trivial ele esclarece que embora também se trate de uma forma de conhecimento, mas também representam o colapso informacional que vive o homem na modernidade. A interface entre máquina e homem cria um novo meio para adquirir conhecimento, que, segundo o autor, precisa processar dados corretamente, antes de qualquer ato. Isso traduz o cotidiano do indivíduo, em um sistema eletrônico potente que produz acúmulo reduzido de informações. Este cotidiano também se sustenta pelo processamento de dados e sistemas, das chamadas máquinas inteligentes.

O Domínio das Tecnologias de Informação

A Sociedade de Informação
Autor: Gianni Vattimo
Fichamento de Georgiana de Sá


Na reflexão de Gianni Vattimo, a sociedade da informação caracteriza uma era em que a TI (Tecnologia da informação) se tona uma unidade, conforme expôs Marshal Macluhan "uma consciência única". O autor disserta sobre a rede global interligando unidades e criando uma consciência una. Na citação de Theodore Roszk o computador surgiu como símbolo de salvação, relíquia da era da informação.

A explanação de Norbert Wierner (1940/1950), inventor da cibernética e da "Teoria da Mensagem" - TI se refere ao individuo que vive, efetivamente, traduzindo a vida com informações adequadas. Para Wierner, a comunicação e o controle são partes da essência da vida interior do homem e de suas práticas sociais.

A chamada ‘defesa nacional’ usou a TI desde a 2.ª Grande Guerra, por necessidades militares do ocidente, como os detonadores remotos para bombas dos EUA. O fato é que não foi apenas o EUA que passou a usar a TI. Os computadores e satélites se tornaram aliados das empresas multinacionais, tão importantes quanto os operários.

Em 1950, os complexos industriais, militares e científicos se tornaram parte fundamental da história da sociedade da informação. Na Terceira Revolução Industrial a desvalorização do pensamento humano permitiu que computadores passassem a coordenar operações econômicas e políticas.

O telégrafo, o telefone, o gramofone, o cinema, o rádio e a TV foram manifestações que possibilitaram a exaltação do computador, símbolo supremo da era da informação. A esfera pública passa então a ser monitorada pelo mercado global, que cria e manipula o gosto do consumidor. TV, cabo, satélite se tornam potenciais instrumentos para a publicidade de massa (1930-1940).

Nos tópicos principais de "A Sociedade da Informação" está o conceito de cibernética, a teoria do controle da informação/mensagem e interface, e a análise da complexa relação ‘homem x máquina’. É possível compreender como as empresas tecnológicas passam a controlar a comunicação, fazendo da informação moeda de valor da modernidade.

Este controle gera uma crise, já que política, através do Estado e seu exército, a economia, por meio das empresas multinacionais, passam a controlar a informação. Gastos, dados, índices de lucratividades e monitoramentos diversos são ferramentas de núcleos econômicos e políticos de poder. O valor da informação é analisado como privatização do conhecimento, moeda, mercadoria que promove desigualdades e define condições sócio-econômicas do homem moderno. No século XIX, a informação é mais cara que a mercadoria, já que ela se torna mediadora de qualquer consumo.

O poder estatal aplica altos investimentos em suas forças armadas e o exército passa a contar com o que há de mais moderno em termos de tecnologia da informação. No campo político, o controle ideológico do "vote em mim" passar a se sustentar também na TI, unificando a democracia numa rede tecnológica de convencimento do outro. O autor deixa claro que a privatização da informação promove as desigualdades sociais e econômicas no globo.

Sobre a Teoria de Norbert Wierner, o autor fala que Wierner foi o inventor da cibernética e que a comunicação e controle se tornam partes da essência da vida interior do homem e das práticas sociais. Surge uma interconexão total, aonde a produção de conhecimento vai além do trivial. Um bom exemplo desta explanção seria o internauta que está conectado em rede, tendo ao seu alcance sons e imagens decodificadas. São paisagens, imagens e textos se surgem através de fluxos numéricos, viajando na velocidade da tecnologia digital, iludindo sentidos humanos. Na rede, os discursos geram imagens que, conseqüentemente, transmitem narrativas a partir de combinações numéricas 00101 – zeros e uns.

Ainda sobre a cibernética, o texto esclarece que se trata de uma contemporânea do computador (1952/pós-2.ª Guerra), surgindo como a tecnologia da comunicação que poderia salvar o mundo, como uma ciência patrocinada pelo mercado.

Sunday, May 18, 2008

PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE X ECONOMIA

Fonte : banco de imagens Google.


A proteção e uso sustentável dos recursos naturais do Estado foi assunto da oficina coordenada pela Amda - Associação Mineira de Defesa do Ambiente. A oficina, intitulada “Áreas Protegidas e Projetos de Grande Impacto Ambiental”, aconteceu no II Congresso Mineiro de Biodiversidade – Combio, nesta quinta-feira (24/04). O tema, eixo de debates no Congresso, atraiu a atenção do público que lotou o auditório montado no Expominas, batizado de “Sala Orquídeas”.


A apresentação foi um desdobramento das iniciativas da entidade, que tem trazido à tona debates sobre os conflitos resultantes de grandes projetos econômicos em áreas protegidas. “Vivendo acuados nas grandes metrópoles, bem ou mal, os seres humanos continuam com a idéia equivocada da natureza como eterna provedora de recursos naturais ilimitados”, disse a superintendente da Amda, Maria Dalce Ricas. Segundo ela, os empreendimentos econômicos de grande porte são os principais indutores de degradações em áreas de relevância ambiental.



Detectando danos e apontando soluções



“Encomendado à Universidade Federal de Lavras, o zoneamento econômico-ecológico de Minas Gerais apontou quais são as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no Estado, que não são muitas, e deveria estar sendo usado como ferramenta de gestão ambiental em processos de licenciamento. Mas, não basta isso. É preciso que o poder público se manifeste, instituindo diretrizes, instrumentos legais e políticas, de forma a proteger, preservar e recuperar o meio ambiente”, sugeriu.
Durante a oficina, a ambientalista citou histórico de vários casos de degradação em áreas consideradas de proteção ambiental do estado, decorrentes de atividades minerárias, indústrias, estradas e outros. “São extensos danos ambientais em complexos de cavernas de valor paleontológico e arqueológico, descaracterizações de regiões, desertificações, desmatamentos e queimadas. E, muitas vezes, não sabendo dos investimentos e acordos já firmados entre os grupos interessados, as entidades ambientalistas não conseguem agir preventivamente”, lamentou.


Expansão urbana e mineração ameaçam parque


A oficina contou com a participação do biólogo e membro do conselho consultivo da Amda, Francisco Mourão, que apresentou “Estudo de Caso com foco em grandes empreendimentos imobiliários e mineração no entorno do Parque Estadual da Serra do Rola Moça”. O biólogo mostrou mapas da cobertura vegetal e uso do solo no espaço geográfico do parque, localizado na APA-Sul/RMBH – Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para falar da importância do Parque, Francisco ressaltou que a APA-Sul é parte do patrimônio natural, cultural, arqueológico e paleontológico de Minas e maior responsável pelo abastecimento de água na RMBH.
“Grande parte da vegetação é predominante campestre, composta de cerrados e campos de altitude. Os ambientes florestais, que hoje estão restritos, numa situação original ocupavam grandes extensões das superfícies mais baixas, a partir do sopé da Serra do Curral. À medida que as atividades econômicas e a ocupação humana se expandiram, seus fragmentos florestais foram ficando ilhados”. De acordo com ele, atividades de mineração e expansão urbana desordenada são as grandes ameaças do parque e seu entorno.
O biólogo defende investimentos econômicos mais compatíveis para a área, que possam conscientizar a sociedade da necessidade de combater a degradação ambiental e conservar seus recursos naturais. “Ainda pouco explorado, o Parque Estadual do Rola Moça tem potencial para o turismo ecológico, para proporcionar lazer e recreação em contato com a natureza”.



Cadeia produtiva atende à voz da sociedade


O presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), José Cláudio Junqueira Ribeiro, participou dos debates e enfatizou que a sociedade é quem estimula e condiciona o consumo. “Os setores empresariais têm sido facilitadores e atendem os complexos desejos da sociedade de consumo. Indústrias de mineração e de transformação, produção de ferro gusa e uso de carvão vegetal. Toda essa cadeia produtiva existe para atender desejos. É a sociedade quem decide. Precisamos refletir sobre as origens das sobras e resíduos que poluem a atmosfera, os rios e os solos”.


José Cláudio mostrou ao público o teor do parágrafo 4.º, do Artigo 225 da Constituição da República, que trata da exigência de estudo prévio para atividades causadoras de impactos ambientais e a Resolução n.º 01/86, do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, que exige estudo de impacto ambiental para contemplar alternativas tecnológicas e de localização de empreendimentos. Na opinião do presidente, o Estudo e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA são ferramentas importantes quando se analisa solicitação de Licença Ambiental.

IMAGENS QUE FALAM

Histórias de florestas e riquezas brasileiras

Foto do arquivo da Assessoria de Araquem Alcântara

Por Georgiana de Sá - exclusivo para o Jornal Ambiente Hoje (AssociaçãoMineira de Defesa do Ambiente)
Eu gostaria de ser lembrado como alguém que amou o mundo, as pessoas, os bichos, as árvores, a terra, a água, a vida”. A frase é de Paulo Freire, mas consegue traduzir tão bem a intenção que existe por trás de suas imagens, que o artista pegou emprestado a fala do educador brasileiro para explicar porque resolveu seguir a carreira de fotógrafo ambiental. Determinado na luta pela conservação da natureza e da biodiversidade, Araquém Alcântara, 57, nasceu em Florianópolis (SC) e foi criado em Santos (SP). Na adolescência queria ser jornalista ou escritor, mas apaixonou-se pela força da imagem e se tornou pioneiro na fotografia de meio ambiente. Desde a década de 70 publicou cerca de 30 livros, registros de suas expedições pelo Brasil, que o fizeram precursor inventariante da história natural do país. Nesta entrevista ao Ambiente Hoje, o fotógrafo fala de sua missão para garantir a sustentabilidade ambiental.
Suas obras sobre temas ambientais lhe renderam inúmeros prêmios nacionais e internacionais. "Terra Brasil", que retrata os parques nacionais brasileiros, é um dos livros de fotografias mais vendidos no país. Como nasceu o interesse em fotografar o meio ambiente?
Em 1970 entrei para a Faculdade de Comunicação de Santos. Como jornalista, informando e analisando fatos, eu já acreditava que minha missão era de combate, mas alguma coisa especial me aconteceu quando fui ver o filme ‘A Ilha Nua’, de Kaneto Shindo. Um filme sem muitas palavras. Com uma fotografia pura, o diretor mostrava uma família tentando sobreviver numa ilha. Fiquei tão impressionado com o poder da imagem que fui para casa chocado, como se houvesse recebido um chamado. No dia seguinte, uma amiga me emprestou uma Yashica e iniciei com a fotografia. Fui ao cabaré do Porto, em São Paulo, e fiquei a noite inteira com a câmera no bolso, sem coragem de fotografar. Quando voltava para casa, vi uma cena que me chamou a atenção: uma prostituta com a silhueta em contra-luz, ao nascer do sol. Criei coragem e perguntei se podia tirar uma foto. Ela respondeu: quer fotografar? Então fotografa aqui! E levantou a saia. Essa foi minha primeira imagem fotográfica. Desde então, não parei. Saí pelo Brasil como um viajante, inquieto por revelar o que estava escondido, desvendar o país. Em 1973, em Santos, urubus atraídos pelos detritos de Cubatão apontavam a miséria na cidade. Por acaso, eu passava em frente a uma peixaria e vi uma menina, de uns três anos, maravilhada com a presença de um urubu na calçada. Não pude deixar de fotografar. Senti que aquele era um momento único. Em seguida, dois homens saíram da peixaria, puxaram a criança e espantaram o urubu. A seqüência de imagens do urubu na calçada foi meu primeiro trabalho fotográfico publicado numa revista. Alguns anos depois, fui convidado a fazer uma matéria jornalística na região da Juréia, em São Paulo. No complexo da Mata Atlântica, a natureza estava sofrendo ameaças de caçadores e madeireiros. Nesta ocasião, iniciei contato com a mata virgem, com trilhas, córregos, grandes árvores e as nuances diversas do verde. Entendi perfeitamente porque imagens falam mais que palavras. Quando comecei no jornalismo, sempre pronto para uma reportagem, levava comigo papel e caneta. Com o tempo, a câmera fotográfica se tornou imprescindível para meu trabalho, e chegou o momento em que não resisti ao fascínio das imagens. Assumi por completo a missão de registrar a beleza da fauna e flora do país, e, ao mesmo tempo, de combate e denúncia. Me dedico de corpo e alma. É como se estivesse na cauda de um cometa. Sinto-me a serviço e sou feliz com o que faço, o que é fundamental.
De tudo que já fotografou, qual foi a imagem que mais chamou sua atenção, pela beleza ou pela degradação?
Em 1980, em Manaus, tive uma experiência inesquecível. Estava no Hotel Tropical, fazendo um trabalho para uma empresa de revenda de pneus, quando ouvi dois garçons falarem de uma onça que estava perdida na região. Tive um daqueles pressentimentos, que me diziam que era para acreditar mesmo na coisa, na minha missão. E, verdadeiramente, me sentia pronto para acreditar. Fui de barco à procura da onça e consegui fotografá-la com parte do corpo submerso na água, mordendo um galho no Igarapé de Guedes. Vendi a foto para os revendedores de pneus e consegui comprar minha Nikon profissional. Mais que isso, aquela cena ficou para sempre na minha memória: a onça perdida que me atrelou ao povo e a natureza da Amazônia.
Araquém Alcântara (urubu na calçada)


Araquèm Alcântara (Onça no Igarapé de Guedes)

Você faz parte do Planeta Sustentável, Conselho que estimula a produção e difusão de conhecimento sobre sustentabilidade. Quais são suas perspectivas para o meio ambiente e para o futuro da Amazônia?
Embora se calcule que nada menos que 11% da Mata Atlântica tenha sido destruída apenas nos últimos dez anos, e que mais de 17% da Amazônia já foi devastada, prefiro continuar acreditando no mundo sustentável, na conservação ambiental. No caso da Floresta Amazônica, os desmatamentos na região têm gerado cada vez mais reações internacionais. Essa pressão externa deve ajudar a conter a degradação. Mas só vamos conseguir defender a floresta se toda a sociedade brasileira despertar consciência para o significado da Amazônia.
Sua produção fotográfica vai de um extremo a outro. Ao mesmo tempo em que nos revela o paraíso, através das belezas naturais, dá mostras do horror que é a miséria e o extermínio ambiental. O que estimula essa dualidade?
Fotografei a Mata Atlântica, 52 Parques Nacionais, a Chapada Diamantina, aldeias, índios, árvores, cores e sentimentos. Somos um povo privilegiado, temos paisagens exuberantes, rios, lagos, cachoeiras, peixes, águas doces e salgadas. Há muito tempo conclui que devo dedicar minha vida para registrar e repartir essas belezas. Considero-me um colecionador de mundos, que tem como objetivo arrebatar as pessoas com imagens das maravilhas do nosso país. Mas, da mesma forma, tenho um compromisso de apontar as duas faces distintas do Brasil: nossa natureza em estado puro e as devastações. Sinto que é preciso expor também os incêndios, a exploração insustentável dos recursos naturais, a relação desrespeitosa do homem com o planeta. Meu principal desejo é o de preservar nossos ecossistemas, por isso fotografo o que pode abolir nosso deslumbrante patrimônio natural. Não quero que a exuberância da nossa natureza, que deveria ser eterna, se torne apenas lembrança, material escolar no futuro, para que professores mostrem aos alunos como era o mundo em que viviam seus antepassados.

Araquem Alcântara

Araquem Alcântara
Como nasceu a idéia para seus mais recentes trabalhos, Águas do Brasil e Chapada Diamantina?

Penso no futuro, na seriedade que é a possibilidade de faltar água doce no mundo. O Brasil tem o maior manancial de recursos hídricos do planeta. Fotografei rios, lagos, cachoeiras, peixes, pescadores e banhistas com um olhar crítico, para mostrar que precisamos cuidar de nossos mananciais. No caso da Chapada Diamantina, a região já foi devastada por exploradores de ouro e diamantes, agora nos resta tentar preservar sua diversidade biológica.

PRISIONEIROS NA CIDADE

Foto: Georgiana de Sá

Tráfico de animais silvestres é a terceira maior atividade ilícita do mundo

Por Georgiana de Sá/Matéria exclusiva para o Jornal Ambiente Hoje, da Associação Mineira em defesa do Ambiente

Os personagens dessa história são reais. Eles servem para explicar porque animais selvagens não são de estimação e que longe do habitat natural serão sempre prisioneiros.

Era uma vez uma pequena Irara, predador típico de florestas brasileiras, que nasceu nas montanhas da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Talvez por ter sido abandonado pela mãe, não se sabe ao certo, o filhote fora encontrado no estacionamento de um clube, na BR 040, ao lado de seu irmão, que já estava morto. O biólogo Rodrigo Barata, 20, encontrou o bichinho, com receio de deixar o animal à própria sorte, resolveu ajudar. “Nunca pensei em comprar um animal silvestre ou manter um dentro de casa, mas tive medo que o filhote morresse. Ele parecia ter sido abandonado. Fiz o que achava certo”, diz Rodrigo para justificar porque decidiu levá-lo para casa.

‘Choriço’, como foi batizado, passou a viver no quarto do biólogo e, quando um pouco maior, foi para o canil da casa, apesar de permanecer solto na maior parte do tempo. “Eu o levava para passear na mata e brincava com ele, que vinha correndo quando eu chamava e me seguia para qualquer lugar”, recorda.

Para Rodrigo, acompanhar o processo de crescimento de um carnívoro, ver suas habilidades motoras se desenvolvendo e instintos de caça se manifestando, era bem interessante. “Ele se relacionava comigo como se eu fosse seu pai ou irmão, ficava perto e permitia abraços e beijos”. Mas, como diz o ditado, quem sai aos seus não degenera, o agitado predador, com seus dentes afiados, passou a morder os moradores da casa.

“Apesar do IBAMA ter concedido a guarda provisória da irara, até que fosse encontrado um lugar apropriado para sua destinação, o filhote pequeno e afetuoso começou a manifestar seu instintivo natural, conforme crescia, demonstrando que jamais seria um animal doméstico”, diz Rodrigo.

O comportamento selvagem de Choriço induziu o biólogo, mesmo já apegado ao bicho, a entregá-lo no Cetas - Centro de Triagem de Animais Silvestres, do Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. “A relação de apego do Choriço era diferente dos cães, ele foi se tornando cada vez mais independente. Hoje, se achasse outro animal como este não o deixaria abandonado, mas avisaria imediatamente ao Ibama. Além de evitar o risco de ser autuado e levar uma multa pesada, criar animais selvagens em casa é bem perigoso”, conclui ele.

Daniel Vilela, médico veterinário e analista ambiental do Núcleo de Fauna Silvestre do Ibama, foi quem recebeu Choriço no Cetas. “O destino da Irara agora será um criadouro registrado no Ibama, local de recria, com condições de favorecer a reprodução do espécime. Como não aprendeu habilidades necessárias à sobrevivência na selva, o animal não pode voltar à natureza”. O analista diz que a captura e transferência de bichos silvestres interfere seriamente na biodiversidade, comprometendo a integridade ecológica do habitat nos quais se estabeleceram. “É bom lembrar que, não só o tráfico, mas a manutenção e guarda de animais silvestre é crime. A pena varia de 03 meses a um ano de detenção, além de multa”, alerta o veterinário.

Considerado a terceira maior atividade ilícita do mundo, o mercado ilegal de vida silvestre só é menos rentável que os tráficos de drogas e de armas. Para o Tenente Écio Belo, da 7.ª Companhia de Meio Ambiente, manter um bicho silvestre como animal de estimação é o mesmo que torná-lo prisioneiro. De acordo com ele, são pessoas desinformadas que querem adquirir animais valorizados por serem exóticos, pela beleza ou pelo canto, como é o caso dos pássaros, que alimentam esse tipo de comércio. “No Brasil, infelizmente, faz parte da cultura manter animais em cativeiros. Temos de trabalhar a questão da conscientização, a começar pelas crianças”.

O policial revela que, normalmente, os animais são capturados em regiões pobres, onde os traficantes aproveitam a mão-de-obra dos nativos para aprisionar os bichos. “Os animais são transportados especialmente por meios rodoviários. Pela localização geográfica e por possuir extensa malha rodoviária, Minas Gerais se tornou uma das principais rotas do tráfico de animais silvestres no Brasil”. Écio ressalta que para combater este crime ambiental é importante denunciar quem vende, comercializa ou mantém animais silvestres em cativeiros. “Em Belo Horizonte, o telefone da Polícia de Meio Ambiente para denunciar é 2123 1637”, avisa o tenente.

Cristina Chiodi, assessora jurídica da Associação Mineira de Defesa do Ambiente – Amda, participou da discussão da possibilidade de criação e comércio de animais silvestres como animais de estimação, no Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama. “Grande parte destes animais são incompatíveis com a vida doméstica. Alguns podem transmitir zoonoses, ter comportamento agressivo e imprevisível ou representar ameaça a outras espécies domésticas. Além disso, a dificuldade de adaptação ao cativeiro pode ser uma tortura para os animais, fadados a se alimentarem daquilo que o ser humano fornecer e a viver em recintos pequenos e impróprios. Jamais será possível fornecer ao animal silvestre a diversidade e o habitat que ele encontra na natureza. É preciso pensar no bem estar animal, antes de buscar de forma egoísta o entretenimento humano.”

Para a assessora jurídica, a maior parte dos casos de guarda de animais silvestres é bem diferente da história do Choriço. “eles são retirados da natureza, de seus ninhos ou de suas mães com propósitos comerciais, e submetidos a condições degradantes de transporte e aprisionamento. Pássaros em tubos de PVC ou empilhados em gaiolas minúsculos e macacos dopados para parecerem mansos, sem água e sem comida, são apenas alguns exemplos da crueldade dos traficantes e comerciantes”, lamenta.

Cristina Chiodi concorda com o Tenente Écio que as campanhas de conscientização contra o tráfico e a aquisição de animais silvestres são fundamentais para informar sobre os problemas decorrentes da retirada de animais da natureza. “Muitos dos adquirentes são bem intencionados, mas acabam prejudicando os animais, ao invés de ajudá-los. A melhor forma de proteger é não comprar ou levar para casa animais silvestres, já que isto apenas alimenta o tráfico e os maus tratos”, opina.

“Assim será nossa Amazônia”: Primeira campanha da Amda de impacto nacional

Foto: Georgiana de Sá
Publicitácio Jaak Bosmans conta como foi a idéia do slogan "Assim será nossa Amazônia"
HISTÓRIA E MEMÓRIA

Por Georgiana de Sá - Matéria exclusiva para o Jornal Ambiente Hoje (da Associação Mineira em Defesa do Ambiente - Amda)

O ano era 1979. Num ambiente político e social de repressão militar, a Amda iniciava sua luta sem trégua em defesa do meio ambiente. A maior região florestal e hidrográfica do mundo, a Amazônia, sofria a problemática da modernização planejada pelo regime militar. Desde 1964 que a região se tornara importante foco de atenção do governo pelo seu potencial de recursos naturais.
O governo federal anunciava planos desenvolvimentistas para ocupar os vazios da Amazônia, como solução para alguns problemas econômicos que dificultavam o crescimento do país. Neste ano, o presidente João Baptista Figueiredo tentava aprovar no Congresso um projeto de lei para a exploração de madeira na região, oferecendo incentivos fiscais para instalação de empresas e baixíssimos preços para aquisição de terras.
Preocupados com mais uma ameaça à estabilidade ambiental da floresta, os fundadores da Amda lançaram a primeira grande campanha da entidade. Com o Slogan “Assim será nossa Amazônia”, a campanha alcançou seu objetivo: o projeto foi derrotado no Congresso Nacional. Mas, para contar história e construir memória, o publicitário Jaak Bosmans guarda até hoje a página da revista Visão, de 17 de março de 1980.
O publicitário, então presidente do Clube de Criação Publicitária de Minas Gerais, abraçou a causa da Amda e criou o slogan da campanha ‘Assim será nossa Amazônia’. “Um ano depois do lançamento da campanha, numa passeata no Rio de Janeiro, uma moça sem camisa protestava segurando nosso cartaz. Eu guardo essa revista porque ela mostra a força desta campanha, de uma manifestação que se propagaria no tempo, como bandeira de protestos".

Jaak conta que o Clube de Criação Publicitária de Minas Gerais surgiu para compensar a culpa dos publicitários pelo binômio publicidade-consumismo. “Era uma válvula de escape para o publicitário que queria fazer alguma coisa em benefício da sociedade”, explica. Segundo ele, o clube apoiava entidades sem fins lucrativos e acolheu o projeto da Amda, comprometendo-se a criar um slogan que causasse impacto em poucas palavras, com visual forte e simples.
O publicitário lembra que foi convidado para algumas apresentações da Amda que mostravam a situação da Floresta Amazônica, palestras, filmes e simpósio, e se envolveu com o trabalho dos fundadores da Associação. “O que mais nos motivou a fazer essa campanha foi a atitude das pessoas da própria Amda. Todo mundo lá vestia a mesma camisa. Acreditar é importante para o sucesso de qualquer incitativa”, diz ele, se referindo ao idealismo do grupo de estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Maria Dalce Ricas, Leonardo Fares Menhen, Francisco Mourão Vasconcelos, Paulo Roberto Paixão Bretas e Francisco Paes Barreto, criadores da entidade.

Jaak sorri ao lembrar como surgiu a idéia do slogan e se entusiasma para falar de um trabalho do qual ele se orgulha. “Um cartaz com foto colorida poderia produzir excelentes resultados, mas a Amda não tinha recurso para fazer policromias. Lembro de um maço de cigarros deixado sob a mesa do trabalho, ‘Chanceler, o fino que satisfaz’. A embalagem era em tom de azul degradê. Fique pensando em como o cigarro consome a vida de uma pessoa a cada tragada e, da mesma forma, a Amazônia poderia ser consumida pouco a pouco, em cada árvore desmatada. Veio a idéia: Um verde degradê e a frase ‘Assim será nossa Amazônia’. Um verde que fosse ficando cada vez mais fraco até se extinguir. Essa era a mensagem, nossa Amazônia poderia desaparecer, o verde poderia acabar pouco a pouco como o degradê das cores. No fim do cartaz uma última e decisiva chamada: se você não entrar nessa briga”, narra o publicitário.

Jaak quis usar a palavra ‘briga’ porque, segundo ele, lutar contra as ações governamentais na Amazônia era como travar uma guerra com o governo militar. “Tinha que ser forte, porque o que queriam fazer também era muito violento. Era forte”, defende ele, concluindo que a campanha cumpriu seu papel com simplicidade e surpreendeu ao atingir nível nacional. “Com pouco dinheiro ou quase nada, a campanha foi um sucesso”, diz satisfeito.

O Engenheiro Químico Gilberto Caldeira Bandeira de Melo, professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA-UFMG), foi um dos estudantes que participaram da campanha da Amda. Ele recorda que saía de madrugada para colar cartazes nos tapumes que cercavam as obras na cidade. “Eu já participava do Movimento Estudantil de reconstrução da UNE. Os estudantes lutavam pela anistia aos exilados e presos políticos, mas na área ambiental a atuação estudantil era mínima e a Amda foi pioneira nesse tipo de mobilização”.

Segundo o professor, os anos 70 e 80 foram decisivos para os movimentos ambientais. Ele cita o surgimento do Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam, criado em 1978, e das primeiras leis ambientais de Minas Gerais, como resultado de trabalhos como os da Amda. “Na época da campanha ‘Assim será nossa Amazônia’ o governo não pensava em legislação ambiental”, diz o professor, ressaltando que a preocupação dos militares era com o crescimento econômico e a ocupação da Amazônia só colocava em questão os motivos geopolíticos.

Gilberto conta que os estudantes tinham medo de serem presos por contestarem as ações do governo Figueiredo. “Ainda imperava o regime militar e era arriscado colar esse tipo de cartaz. O governo podia entender que era crime contra a segurança nacional, contra a ordem política e social. Por isso, os cartazes da Amda eram colados depois da meia-noite”, diz Gilberto.

Para a economista Maria Dalce Ricas, atual superintendente executiva da Amda, a campanha em defesa da Amazônia inaugurou em Minas a mobilização de massas em favor do meio ambiente. “Antes dessa campanha a Amda já havia se mobilizado contra o Acordo Nuclear Brasil – Alemanha”, diz se referindo ao Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento da Energia Atômica, assinado em 27 de junho de 1975, para fornecimento norte-americano de tecnologia nuclear para o Brasil. No entanto, Maria Dalce explica que a campanha em favor da Amazônia foi o primeiro grande sucesso da entidade, conseguindo reunir mais de 3.000 pessoas no Parque Municipal, num show musical gratuito. “Colávamos cartazes e madrugada, vendíamos adesivos nos sinais, promovíamos show, simpósio, sessões de filme sobre o ‘Projeto Jarí’ e palestras. Essas ações eram ganchos na briga, para mostrar ao povo como estava acontecendo a ocupação da Amazônia”, explica Dalce.

A superintendente conta que no dia da audiência para a votação do projeto do presidente Figueiredo, os ambientalistas da Amda alugaram ônibus e foram ate o Congresso Nacional, em Brasília, quando puderam assistir de perto a derrota do governo e comemorar o sucesso da campanha ‘Assim será nossa Amazônia’.
Retrospectiva da Amazônia

Para um dos fundadores e hoje conselheiro da Amda, o biólogo Francisco Mourão Vasconcelos, a campanha ‘Assim Será Nossa Amazônia’ serviu para esclarecer sobre o funcionamento dos ecossistemas da região amazônica e da composição de sua flora e fauna, conhecimentos ainda escassos na década de 70. “A Amda, preocupada com as conseqüências do projeto sobre a biodiversidade, elaborou um mapa demonstrando como os trechos de florestas que seriam concedidos pelo governo se sobrepunham às áreas de distribuição de algumas espécies de primatas consideradas endêmicas. Procuramos mostrar que, se o projeto fosse aprovado, poderia resultar em grave impacto ambiental”.

O biólogo lamenta que, mesmo diante do sucesso da campanha e da intensa movimentação da opinião pública, a devastação da floresta tenha avançado ao longo de uma série de ações. “Hoje, aproximadamente 17% da área original da Floresta Amazônica já foram destruídos, segundo dados do INPE. Podemos dizer que a situação poderia estar pior se o projeto fosse implantado. Mas, é necessário considerar que avaliações recentes sobre dinâmica e causas do desmate na região indicam que a formação de pastagens e a abertura de áreas para o plantio de soja são as grandes causas da perda de áreas florestais. A exploração madeireira ilegal continua avançando, independentemente das concessões. E, o pior, é que todas estas ações se fazem sobre terras públicas (devolutas). Ou seja, no final das contas, estas áreas são apossadas, e como historicamente se deu no país, o poder público não as recupera jamais”.

O conselheiro adverte que a atual gestão de florestas públicas para produção sustentável deve se desenvolver de modo a disciplinar a exploração madeireira e evitar o avanço do posseamento de terras públicas. “Hoje temos muito mais informações sobre a região amazônica e sobre o funcionamento de seus ecossistemas do que há trinta anos atrás. Esse conhecimento permite ao governo assentar estas concessões sobre bases técnicas e montar forte estrutura de fiscalização”.
Francisco Mourão ressalta que os governos deixaram nascer na Amazônia cidades inteiras, cujas economias passaram a depender quase que exclusivamente da exploração da floresta. O biólogo cita o exemplo do município de Tailândia, no Estado do Pará, cuja população chega a 60 mil habitantes e a economia florestal é responsável pela geração de empregos e renda. “A concessão de área florestais, obedecendo às regras de preservação da floresta, é a única forma de direcionar estas populações para o desenvolvimento de atividades de forma menos danosa ao meio ambiente”, defende o conselheiro.

MORTE NA FLORESTA: UM POEMA IMPERFEITO

Foto: Fundação O Boticário

Zoólogo Fernando Fernandez escreve crônicas de biologia e conservação da natureza

Por Georgiana de Sá ( exclusivo para o Jornal Ambiente Hoje, da Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda)
O biólogo Fernando Fernandez escreveu o Poema Imperfeito. O título do livro é uma metáfora sobre quanta natureza o homem já destruiu. Fernandez fez mestrado na UNICAMP e PhD na Inglaterra (Durham University), e atualmente é professor de Ecologia e Biologia da Conservação na UFRJ. Se fosse para falar da natureza, nua e crua, vulnerável às intempéries, às tempestades, tornados e furacões, ao imprevisível e inevitável, mas natural, Fernandez poderia ter escrito um poema perfeito. Mas não é o caso de quem quis explicar por que tantos animais se extinguiram no planeta. Em 257 folhas de papel reciclado, numa linguagem para leigos, fácil de compreender e direta, o livro traz reflexões sobre a intervenção humana sobre o meio ambiente. Os capítulos, em forma de crônicas, tratam de temas como extinções, fragmentação florestal, superpopulação e outros problemas ecológicos. Nesta entrevista ao Ambiente Hoje, o professor explica que o homem só pode conservar a natureza se o fizer para o bem da própria natureza.

O que o motivou a ir além da ecologia acadêmica e escrever O Poema Imperfeito?
Fernando Fernandez -
O Poema Imperfeito nasceu de uma primeira crônica que escrevi sobre as extinções pré-históricas recentes que foram causadas pelo homem. Quando descobri que a extinção de seres maravilhosos, como mamutes, mastodontes, preguiças gigantes, foram causadas pelos homens, levei um choque muito grande. Tive vontade de exprimir minha tristeza e escrevi essa primeira crônica. A segunda nasceu de um papo no bar com o amigo Julião, sobre um cientista incompreendido, Leon Croizat. Essa conversa eu quis colocar no papel. Depois foram aparecendo outras crônicas, até que o Miguel Milano, da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, ficou sabendo do meu trabalho, leu minha primeira crônica e sugeriu escrever mais algumas para reuni-las em um livro.

O livro fala da dificuldade do homem em viver em harmonia com a natureza. Como aconteceu a interferência do ser humano na história biológica do planeta?
Fernando Fernandez –
A espécie humana tem se expandido muito, ocupa quase o planeta inteiro. Isso causa um efeito devastador sobre a biodiversidade. Desde sua chegada à Austrália, há 40-50 mil anos, o homem começou a extinguir espécies de grande porte, a chamada megafauna. Eram bichos maiores de 50 quilos, de baixo potencial reprodutivo e com populações pequenas, por isso mais fáceis de extinguir. Essa onda de extinções continuou com a chegada do homem nas Américas, há uns 15 mil anos atrás. Para se ter uma idéia, há 50 mil anos atrás a Terra era coberta de florestas e, aos poucos, grande parte foi destruída com o processo de devastação para uso da agricultura e pecuária. Essas atividades do homem também serviram para garantir a sobrevivência de animais como cavalos, bois, gatos e moscas domésticas. Mais recentemente o homem tem gerado outras formas de interferência ecológica, como a poluição e o esgotamento de estoques pesqueiros. Essas ações aumentam as chances de extinção de espécies também de pequeno porte, antes mais difíceis de extinguir. Hoje, o maior risco para o planeta é o crescimento da população. A superpopulação mundial tem impulsionado a devastação das poucas áreas florestais que ainda nos restam, como é o caso da Amazônia. E, finalmente, nas últimas décadas o homem se tornou também responsável pelas mudanças climáticas.

Quantas espécies já se extinguiram em razão de ações humanas? A partir de quando começaram a ocorrer estas extinções?
Fernando Fernandez -
As extinções foram, em termos geológicos, muito rápidas. Não sabemos exatamente quantas espécies foram extintas, mas foram muitas centenas. A extinção da megafauna ocorreu de 50 mil a 500 anos atrás, quando terminou a extinção da megafauna da Nova Zelândia, a última grande massa de terra a ser alcançada pelo homem. Nesse período, o homem extinguiu cerca de dois terços das espécies de grande porte que encontrou no planeta. Além disso, segundo mostra o trabalho de paleontólogo David Steadman, só durante a colonização das Ilhas do Pacífico, a partir de uns 3.500 anos atrás, extinguimos cerca de duas mil espécies de aves, de grande, médio e pequeno porte. Nos últimos séculos, de forma documentada, o homem já extinguiu centenas de espécies de aves, plantas, mamíferos, répteis e anfíbios. Quanto aos insetos e organismos menores, a gente não faz idéia porque são mal conhecidas. Muitas espécies de insetos devem ter sido extintas sem serem identificadas.

Como o ser humano, ao longo de sua história, interfere na natureza?
Fernando Fernandez - De muitas formas. Além das devastações pelos caçadores, o homem interfe com desmatamento e extrativismo, com animais domésticos introduzidos, favorecimento de espécies agrícolas e introdução de espécies exóticas. O estrago na cobertura vegetal tem gerado uma coleção de desertos fabricados ou aumentados pelo homem. Ultimamente, a quantidade excessiva de CO2, e outros gases liberados pelo homem, tem levado ao aumento do efeito estufa, ocasionando alterações profundas no clima da Terra.

Quais as conseqüências dessas interferências para o próprio ser humano?
Fernando Fernandez - O ciclo de interferências se dá sob várias formas e as conseqüências são várias. Em nome do chamado desenvolvimento sustentável, a exploração de recursos naturais tem sido permitida em áreas que antes seriam protegidas, sem que a tal sustentabilidade tenha sequer sido testada, quanto mais demonstrada. O homem tem gerado uma série de efeitos negativos, como a transformação de áreas que antes eram férteis em solos degradados, pouco produtivos, tem causado poluição dos rios, do ar, desmatamentos e extinção da fauna e da flora. Todas essas ações são responsáveis pela perda de serviços ecológicos como regulação hídrica, geração de chuvas e purificação do ar. Esses efeitos negativos desequilibram os elementos necessários para a nossa própria qualidade de vida.

Para você a natureza tem valor em si mesma ou apenas enquanto utilidade reconhecida pelo ser humano?
Fernando Fernandez - A importância da natureza está além do valor dos serviços prestados por ela. Para mim, a natureza tem valor em si mesma e por si mesma. Qualquer ser vivo tem o mesmo direito de existir que nós. Nunca consegui uma demonstração ética que me convencesse que outras espécies têm menos direito à vida que nós. Independente do seu valor utilitário, definitivamente, a natureza tem valor em si mesma e deve ser preservada por ela, pelos bichos e pelas plantas.

Por que o ser humano não valoriza a natureza?
Fernando Fernandez - Isso acontece por vários motivos. O principal deles está em algumas visões de mundo, em certos dogmas religiosos, cosmologias perniciosas que enfatizam as diferenças – e não as semelhanças – entre nós e as demais espécies, e dizem que o mundo pertence ao homem, foi feito por causa dele. De acordo com as religiões, o homem é diferente de outros seres; para algumas, só ele tem alma, e por isso é merecedor de direitos que os outros animais não possuem. Essas cosmologias estabelecem a distância entre homens e animais e servem para nos dessensibilizar, para desligar nosso sentimento de culpa diante do que fazemos aos outros seres vivos. Quando não nos percebermos como animais que somos, afastamos a possibilidade de sentirmos o sofrimento causado aos restantes dos animais. Além do mais, a superpopulação do planeta é outro fator que tem gerado extrema competição e demanda pelos recursos naturais.

Como responsável pelo Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LECP-UFRJ), que tem como linha pesquisa a dinâmica populacional e reprodução de marsupiais e roedores na Mata Atlântica, você já dedicou vários artigos aos pequenos mamíferos. Qual a origem da sua paixão pelos roedores?
Fernando Fernandez -
Foi num episódio que por muitos anos fiquei sem recordar, um acontecimento traumático da minha infância. Mas, anos depois, o fato me veio à mente de forma súbita, como se tivesse acontecido no dia anterior. O dia era chuvoso e eu esperava um ônibus com minha mãe. No meio-fio vi um camundongo doméstico tremendo de frio. Um homem resolveu chutar o ratinho para debaixo das rodas de um ônibus. Eu quis evitar que o bicho fosse atropelado e minha mãe, claro, me impediu de colocar as mãos na frente das rodas do ônibus para salvá-lo. Tive que assistir o ônibus sair e esmagar o ratinho. Pode ser que isso não tenha nada a ver, mas muitos anos depois, quando fui escolher meu destino profissional, por alguma razão me interessei por roedores. Na época eu não liguei essa escolha a esse episódio de infância, mas acredito que meus destinos profissionais tenham sido, em parte, motivados por esse episódio. De qualquer forma, os roedores são vistos pela maioria das pessoas como bichos nocivos à saúde humana. Quando se fala em roedores, as pessoas pensam imediatamente em ratos urbanos, bichos ruins que propagam doenças. Essas pessoas ignoram que existem mais de mil espécies de roedores silvestres, vivendo na natureza como qualquer outra espécie. De todas elas, apenas umas cinco espécies interagem com o homem, mas todas as restantes levam a fama por elas. E são animais como quaisquer outros, bonitos e interessantes.

Quais são suas expectativas para o futuro da Terra e da espécie humana?
Fernando Fernandez - A gente às vezes coloca a questão da seguinte maneira: o homem pode acabar com o planeta, vamos salvar o planeta. Mas não é bem assim. O planeta não está em risco. O planeta tem 4,6 bilhões de anos e nós, como espécie Homo sapiens, estamos presentes na Terra há no máximo 200 mil anos, bem menos que o décimo de um milésimo da história do planeta. A Terra existiu a esmagadora maioria de sua história sem nós. Se desaparecêssemos, se nos extinguíssemos como espécie, o planeta se recuperaria relativamente rápido em termos geológicos. Recentemente, saiu um livro muito interessante: ‘O Mundo Sem Nós’, de Alan Weisman. O livro fala de como o planeta se recuperaria depois de os seres humanos terem-se ido. Em algum ponto, daqui talvez há uns cinco milhões de anos – bem pouco em termos geológicos – não haveria mais nenhum registro da passagem do homem pela Terra. No Mundo Sem Nós, não sobraria nada nem ninguém para contar a história da presença do homem no planeta, nenhum registro, nenhum resquício de construções, tudo que fizemos teria se evaporado. Ou seja, para um planeta que existe há bilhões de anos, o tempo de presença do homem na Terra é ínfimo. Então, de qualquer forma, o planeta vai sobreviver. A questão é se o homem vai sobreviver, e como vai ser essa sobrevivência. Se a espécie humana não se extinguir, corre o risco de criar um planeta impossível de se viver com qualidade. Por isso é tão importante levarmos em conta se estamos preocupados com a natureza por ela mesma, ou se estamos criando imensos espasmos de extinção. Na história da Terra, já ocorreram pelo menos umas 11 ondas de extinção que não foram causadas pelo homem, como a que extinguiu os dinossauros, causada pelo impacto de um corpo celeste. Acontece, que agora estamos vivendo uma onda de extinção comparável às outras, mas causada pelo próprio homem. Além de tornar a vida inviável, a raça humana pode levar milhões de espécies, que não tem nada a ver com nosso comportamento, à extinção. O que mais receio é um futuro miserável, que condene o homem a viver num planeta devastado, sujo, poluído, sem recursos e superaquecido. Está em nossas mãos evitar esse futuro catastrófico. Precisamos nos conscientizar de que a qualidade de vida não se mede apenas em quantidade de dinheiro, mas no estado do ambiente, que temos hoje o desafio de preservar.

Monday, May 12, 2008

A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA




Diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Igam, Cleide Izabel Pedrosa

Nesta Quinta-feira (21), o “Bate-Papo no Sisema – Discutindo a Política Ambiental do Estado”, promovido pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente – Sisema, por intermédio de sua diretoria da Gestão Participativa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Semad, apresentou as metas e ações do Fhidro – Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais, para a gestão de 2008.

De acordo com a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Igam, Cleide Izabel Pedrosa, em 2008, o Fhidro se propõe a priorizar também projetos que tenham como objetivo a destinação de resíduos sólidos urbanos – RSU. “O tratamento inadequado de RSU resulta na contaminação das nascentes”, enfatizou ela.


Regina Greco, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará – CBH Rio Pará, no bate-papo do Sisema

Cleide apresentou um balanço das atividades do Fhidro, que mostra o aumento da demanda pelos financiamentos do Fundo, desde o início de sua atuação. Segundo ela, em 2006 foram cinco projetos financiados, com investimentos de R$ 1.710.409,15, em 2007 foram aprovados 24 projetos, com a liberação de R$ 7.360.913,60. Já em 2008, até o mês de fevereiro, são R$ 234.811,40, do Fundo, possibilitando custos de programas, estudos, projetos, serviços e obras na área de recursos hídricos. “O Fundo tem se revelado como um grande avanço para os recursos hídricos do Estado”, disse ela.


A diretora garantiu que o Fhidro deve aperfeiçoar procedimentos para melhorar formação e a capacitação de seu corpo técnico, modernizando procedimentos para recepção, tramitação e análise de projetos, intensificando também a realização de cursos. “Divulgar o relatório das atividades de 2007 no site, disponibilizar os projetos aprovados para consulta e criar mecanismos para estabelecer indicativos, com avaliação de resultados dos projetos custeados pelo fundo, são nossos próximos passos”, prometeu Cleide.
Alexandre Pinheiro do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais –BDMG, também presente no Bate-Papo, destacou queu a procura pelo fundo não-reembolsável, transferido gratuitamente às entidades, tem sido o mais procurado. Contudo, o Alexandre ressaltou que o fundo reembolsável pode ser o ideal para o financiamento à empresas de capital privado. “Quando o assunto for recursos hídricos, como é o caso de para mineradoras poluidoras que precisam corrigir deficiências, o Fundo pode apresentar financiamentos mais vantajosos” , exemplificou ele.

Regina Greco, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará – CBH Rio Pará, aproveitou a ocasião para falar um pouco de sua experiência como primeira usuária do Fhidro. “Tivemos muitas dificuldades operacionais, que nos ensinou que é preciso ter bom senso e criatividade para cumprir o cronograma exigido pelo Fhidro”, disse a usuária. Regina defendeu ainda uma fiscalização mais intensa nos desmatamentos para criação de gado. “As nascentes sofrem e correm o risco de secarem, não só pelo desmatamento, mas pelo pisoteio do gado“, alertou.

Fotos Georgiana de Sá

Texto Georgiana de Sá - exlusivo para o site

http://www.amda.org.br

AUTOMÓVEL: CULTURA E DIVERSÃO

FANTÁSTICO CARRO
FOTOS E TEXTO: Georgiana de Sá

Automóveis antigos e clássicos do Veteran Car Club


Belo Horizonte sediou EM 2007 a “Bienal do Automóvel, um salão automotivo que atraiu apaixonados por carros, motos e velocidade. Diversos veículos nacionais e importados estiveram representados no Expominas e o público teve a oportunidade de ver de perto marcas como Toyota, Ferrari, Nissan, Mercedz Bens, BMW, Honda, Renault, Ford, Volkswagen, Fiat e Lamborghini. Modelos de competição (corrida & rally), motos, jipes e coleções de automóveis antigos e clássicos do Veteran Car Club, também foram destaques na feira.

Apaixonados por rally, os jovens Vainner Souza Fonseca e Warley de Morais
Foi montado um cenário para os jeeps do Exército Brasileiro, contando um pouco das histórias dos combates, com mostras do sistema de radiocomunicação usado durante as guerras, telégrafos e rádios antigos. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) expôs um carro tanque, extintores, acessórios e vestuários usados nas operações de resgate. Da cultura ao lazer, os jovens Vainner Souza Fonseca, 22, e Warley de Morais, 24, aproveitavam todas as possibilidades da feira. Enquanto esperavam pela oportunidade de andar de Kart visitaram o stand montado para o FIAT Palio Abarth, das competições automobilísticas da equipe FIAT/Eduardo Cunha Rally Team. “Sou apreciador de rally's e acompanho os campeonatos pela TV, mas nunca tinha ficado tão perto de um modelo como este”, confessou o rapaz.


As tradicionais mulheres bonitas em pose

Acompanhada da filha, a dona-de-casa Rosângela França satisfaz seu sonho de conhecer um Lamborghini

Rosângela França, 35, esteve com a família na Bienal especialmente para ver o esportivo de luxo Lamborghini. Para ela, o design do carro mais sensual do mundo foi a maior atração do evento. “Nunca estive tão próxima de um Lamborghini. Só conhecia esse carro por fotos na Internet e imagens de TV”, falou satisfeita.
Para André Luiz Pêgo, do marketing e pós-vendas da Fiat Automóveis, a realização da Bienal em Belo Horizonte consolida a importância da indústria automotiva mineira. Ele lembrou que o Estado concentra um parque industrial significativo. “A participação de Minas no mercado nacional de veículos é de aproximadamente 25%. A fábrica da Fiat, em Betim, atualmente produz três mil carros a cada dia útil e o complexo industrial Fiat Iveco, em Sete Lagoas, alcançou, no ano passado, uma participação de 12% no mercado nacional de caminhões pesados”, explicou André.

André Luiz Pêgo, do marketing e pós-vendas da Fiat Automóveis


A elegância da Mercedes-Benz 220 S - Cabriolet 1958