Saturday, August 30, 2008

FÉRIAS NOS REDUTOS DO ECOTURISMO


Foto: Vitor Azevedo Pereira


Parque Florestal oferece descanso e contemplação com respeito à natureza

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje (Amda)

O território mineiro é detentor de riquezas naturais que representam grande potencial do ponto de vista do ecoturismo. Além de roteiros já conhecidos como os da Serra do Cipó, Serra da Canastra, Furnas, Lavras Novas e Serra da Mantiqueira, o Parque Estadual do Rio Doce – PERD tem sido mais uma opção para os ecoturistas. Situado a uma distância de 205 km da Capital mineira, na região conhecida como Vale do Aço, próximo às cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, o Parque foi incluído no Projeto Reserva da Biosfera da ONU (Organização das Nações Unidas) e abriga a maior reserva de Mata Atlântica do Estado.

O analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas – IEF e coordenador do PERD, Vinícius de Assis Moreira, conta que o parque foi criado a partir da incitativa do arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira, que na década de 30 lutou pela preservação de seu ecossistema. “A área foi registrada no Livro de Tombos da Paróquia de Mariana, depois que o Bispo avistou sua natureza exuberante através do ponto mais alto da região, o Pico do Jacroá, na cidade de Marliéria”.





Foto: IEF

A Unidade de Conservação (UC) possui 35.976 hectares, atrativos naturais, balneários e trilhas interpretativas que permitem passeios pela mata nativa. Entre árvores centenárias, jacarandás, jequitibás e ipês, foram verificadas 1.129 espécies em sua listagem florística, além de 27 espécies nativas e exóticas de peixes, 77 de mamíferos, 325 de aves e 38 de anfíbios, alguns grupos ameaçados de extinção. São macacos-prego, capivaras, tatus, pacas, cotias e onças-pintadas, 42 lagoas naturais, sendo a maior delas a lagoa Dom Helvécio, também conhecida como lagoa do Bispo e única aberta ao público. Nesta lagoa é permitido aos visitantes nadar, pescar e passear de barco.

O geólogo Otávio Goulart Guerra Terceiro, professor e especialista em perícias ambientais, alerta para a importância do turismo sustentável, com ênfase em atividades vinculadas à conservação. “É bom lembrar que temos vários pontos de visitação em Minas que suportam continuamente um turismo mal coordenado”. O geólogo explica as áreas continuas de mata Atlântica já sofrem com caça e pesca ilegais, incêndios e destruição de ambientes naturais que afetam espécies nativas. “Temos menos de 10% da área original da Mata Atlântica no Estado. Este parque possui ampla riqueza de fauna e flora e os impactos ambientais causados pelos turistas precisam ser constantemente controlados”.

Foto: IEF


Da mesma forma, Claudia Diniz, da Fundação Relictos, que participa do Conselho Consultivo do Parque Estadual do Rio Doce-MG, diz que é fundamental uma consciência ecológica para o recreativismo em unidades de conservação. Segundo ela, o lixo, a poluição sonora e alimentação inadequada aos animais nativos podem ameaçar todo o ecossistema do parque. De acordo com Vinicius de Assis, cerca de R$ 4 milhões já foram investidos na infra-estrutura do parque para atender turistas, estudantes e pesquisadores. Ele enfatiza que o ecoturismo é empreendimento que depende do patrimônio natural e, quando bem esquematizado e implementado, pode ter função significante na conservação da biodiversidade. “O Parque é todo sinalizado e oferece apreciação de ecossistemas em seu estado natural. São seis trilhas interpretativas, uma delas é destinada às crianças, tem 110 metros e dispõe de placas com diálogos entre as espécies nativas do parque, abordando temas de preservação ecológica”, esclarece o coordenador.

O Parque conta, ainda, com monitores ambientais formados na própria comunidade, biblioteca, camping para abrigar até 250 barracas, restaurante (será reaberto em breve), atendimentos a grupos organizados, previamente agendados, e turismo científico. Os pesquisadores que conseguirem licença junto ao IEF podem se hospedar, com direito a mateiros (homens que servem de guias no meio da mata). No ano passado, foram 16 mil visitantes, cerca de 1.200 visitas por mês. A maioria dos turistas é da região do Vale do Aço, entretanto o Parque recebe pessoas de todo Brasil e do mundo. Também não faltam festas religiosas e folclóricas. A última festa aconteceu no inicio deste mês, rememorou o primeiro encontro de Dom Helvécio na região e contou com mais de mil pessoas e 400 cavaleiros, numa procissão religiosa em honra de Nossa Senhora da Saúde. O acesso ao parque é feito pela da BR- 262 até o trevo de São José do Goiabal e, em seguida, pela MG 320. Os telefones para agendar visitas são (31) 3822 3006 e (31) 3844 ౨౨౦౦.

Princípios do turismo ecológico

Segundo a Sociedade Internacional de Ecoturismo (International Ecotourism Society – TIES), o ecoturismo caracteriza-se por um tipo de viagem realizada em meio à natureza, com garantia de conservação do ambiente e bem-estar da população local. Entre os princípios estabelecidos pela TIES para o turismo ecológico estão: minimizar impactos, desenvolver consciência ambiental e cultural, além de possibilitar a troca de experiências positivas entre visitantes e anfitriões.



Pintura de Júlio César Túlio www.flickr.com

 
Cinco Mandamentos do Ecoturismo

1. Da natureza nada se tira a não ser fotos.
2. Nada se deixa a não ser pegadas.
3. Nada se leva a não ser recordações.
4. Andar em silêncio e em grupos pequenos.
5. Respeitar uma distância dos animais, evitando gerar stress.
Origem: Wikipédia

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