Thursday, August 06, 2009

Aquecedores solares para comunidades de baixa renda

Um dos poucos aquecedores solares instalados pela Cohab no Bairo Sapucaias, em 2000, que ainda existe

“O uso de aquecedores solares em comunidades de baixa renda reduz a sobrecarga no sistema elétrico”, explica o professor de Engenharia de Energia, Alexandre Salomão, do GREEN Solar - Grupo de Estudos em Energia da PUC - Pontifícia Universidade Católica de Minas.
De acordo com o engenheiro, 77% da energia elétrica gerada no Brasil é obtida a partir de usinas hidrelétricas. Só a classe residencial usa mais de 20% deste mercado e os chuveiros são responsáveis por 18% a 25% dessa demanda, registrada em horários de picos de consumo. “A energia solar para aquecimento de água em residências diminui em 35% o valor da conta de luz”, diz.
O professor ressalta que esse tipo de energia, antes acessível somente às classes A e B, vem sendo utilizada por pessoas de baixa renda. Salomão equipara o custo atual de um aquecedor à aquisição de um eletrodoméstico, como a geladeira, segundo eletrodoméstico que mais consome energia em residências, depois do chuveiro elétrico. “O investimento inicial é compensado em três anos, com a redução da conta de luz. A grande vantagem para a família é que essa diminuição continua gerando lucro por doze ou quinze anos, tempo de durabilidade do aquecedor”.
Salomão explica que em Belo Horizonte existem cerca dez fabricantes que oferecem linhas de produtos para famílias de baixa renda. “São kit’s de interesse social, vendidos em torno de R$ 1.600,00, com financiamentos e condições especiais”, diz, advertindo que é preciso conferir o selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) nos aquecedores. “A Caixa Econômica, o Banco do Brasil e o Banco real também oferecem créditos e financiamentos em até 24 vezes aos interessados em implantar o sistema”, completa.
O professor desaconselha o uso de coletores solares feitos de garrafas pet e embalagens longa vida da Tetra Pac, experiências que, segundo ele, foram apenas didáticas e não possuem a durabilidade e eficiência dos coletores convencionais.
Luiz Guilherme Monteiro, especialista em energia solar fotovoltaica e iluminância pública da PUC, ressalta que o crescimento do mercado de aquecedores solares é uma tendência mundial, livre de emissão de CO2 e gerador de empregos. Monteiro acredita no enorme potencial de energia solar do Brasil e prevê que o atual entrave para o aproveitamento dessa fonte, que é o alto custo da tecnologia, deve ser vencido nos próximos dez ou quinze anos.

A dona de casa Maria Regina conta como o aquecedor solar diminuiu o valor de sua conta de luz


Falta de conscientização interfere no resultado final

Os pesquisadores do GREEN Solar citaram projetos pioneiros em que se envolveram, nos conjuntos da Cohab (Companhia de Habitação Popular) em Belo Horizonte. Entre eles, o do bairro Sapucaias, em Contagem, onde cem famílias, com renda de até três salários mínimos, foram beneficiadas com coletores solares e conseguiram reduções nas contas de luz.
A equipe de reportagem do jornal AMBIENTE HOJE esteve no Conjunto Habitacional Sapucaias, em Contagem, onde foram instalados, no ano 2000, os cem aquecedores citados pelos professores da PUC. No local, foi verificado que poucas casas ainda mantêm os sistemas.
De acordo com uma das beneficiadas do projeto, a dona de casa Maria Regina de Almeida, 48, assim que terminou a fase de acompanhamento de uso pelos pesquisadores do GREEN Solar, grande parte dos moradores retirou os aquecedores doados e continuam usando 100% de energia elétrica.
“Alguns moradores venderam os aquecedores. Eu fiquei com o meu porque a conta de luz diminuiu muito. Aqui em casa são cinco pessoas e ninguém fica mais de dez minutos no banho para sobrar água quente para todo mundo. Isso baixou também a conta de água”, diz a moradora.
O projeto estruturador Lares Geraes, do Governo de Minas, através de convênio entre Cohab e Cemig, assinado em 04 de dezembro último, assegura a instalação do sistema de aquecimento solar em no mínimo cinco mil casas por ano, destinadas a famílias com renda mensal de um a três salários-mínimos. Na opinião da socióloga Renata Santos, formada pela UFMG, para que esse projeto dê certo seria preciso antes conhecer as realidades locais onde se pretendem desenvolver os benefícios. Para ela, não adianta inserir aquecedores solares no cotidiano de comunidades, sem reconhecer como essas pessoas lidam com a questão do uso de energia elétrica.
“Primeiro, seria preciso entender as reais expectativas da comunidade, se o mais importante para estas famílias é o lucro com a venda dos aquecedores doados ou a redução nas contas de luz. Um trabalho de informação e conscientização seria essencial para que essas pessoas decidissem quanto ao futuro de si mesmas e de todo o grupo. Mas, além disso, é importante apontar alternativas de ensinar pelo exemplo, que deve partir dos setores que mais gastam energia e devem, efetivamente, contribuir para a economia de energia elétrica”, articula a socióloga.
Fotos e texto Georgiana de Sá - Publicado no jornal Ambiente Hoje

1 comment:

Anonymous said...

Olá! Porque não falar aqui do ASBC, o Aquecedor Solar feito com o forro modular de pvc. Este tem o selo do Inmetro, pelo menos no modelo comercial Belosol.