Thursday, August 06, 2009

Desperdício x Fome

Crédito da imagem Thiago Piccoli


No Brasil, cerca de 70 mil toneladas de alimentos é desperdiçada por ano, ou seja, quase 64% de tudo que é plantado vai para o lixo. Esses dados fazem parte de um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) que, em contraponto, indica a situação da fome na América Latina, onde vivem na região cerca de 62 milhões de pessoas e nove milhões de crianças com desnutrição crônica.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também apontou que uma família brasileira de classe média joga fora quase 182,5 quilos de comida por ano. Em uma época de escassez alimentar mundial, os dados sinalizam a falta de consciência de comerciantes e consumidores.

A grande quantidade de desperdício de alimentos não resulta somente em perdas econômicas, mas, da mesma forma, gera aumento da produção de lixo e custos para o meio ambiente. São embalagens de isopor, alumínio, sacos plásticos, água e energia utilizadas, além da emissão de CO2 nos processos de produção, transporte e descarte destes produtos.

É o que considera o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, que vem tentando ensinar ao público como atenuar danos ambientais, amortecer gastos, aumentar a oferta de produtos no mercado e consequente queda de preços. De acordo com a Assessoria de Imprensa da entidade, a iniciativa de lançar uma campanha com o tema surgiu da constatação de que, no Brasil, aproximadamente um terço de todos os alimentos comprados em uma casa é desperdiçado.

Para provar como o desperdício afeta o bolso do consumidor, o Akatu explica que em cem reais gastos com comida, trinta reais são jogados no lixo. A campanha alerta que enquanto 70 milhões de brasileiros estão acima do peso, 14 milhões estão passando fome. “O desperdício custa ao país, todo ano, 12 bilhões de reais, dinheiro que poderia resolver o problema da fome”, adverte.

Conforme o Akatu o consumidor deve aprender a preparar uma lista antes de ir ao supermercado, verificando antes o que já tem em casa e optar somente pelo essencial. Outra boa dica é fazer as compras após as refeições para inibir o impulso de compra, adquirir verduras, legumes e frutas semanalmente, apenas na quantidade consumida pela família e comer primeiro as frutas mais maduras.

Crédito da imagem Mr Poh

Entretanto, não são apenas os hábitos alimentares dos consumidores os responsáveis pelo desperdício. O um curto vídeo, com o título 'Chicken a la Carte' (frango a la carte), premiado no festival de Berlim, mostra que a perda diária de alimentos é uma constante também em restaurantes que trabalham com refeições rápidas, como a famosa rede de lanchonetes MC Donalds. O vídeo traz, ainda, imagens chocantes de famílias pobres que vasculham o lixo destas lanchonetes em busca de restos de comida.

A ex-comerciante Giselene Guimarães, 49, considera que no ramo do fast-food (comida rápida) muitas vezes o desperdício é inevitável. Giselene foi proprietária de uma lanchonete especializada em sanduíches no bairro Serra, região Sul de Belo Horizonte e lamenta que, para manter a qualidade dos produtos, precisou jogar fora pães secos, tomates e alfaces murchos. Perguntada por que não doava para asilos e orfanatos o que pudesse ser reaproveitado, ela respondeu que temia punições. “Se alguém comesse a comida doada e passasse mal, eu corria o risco de ser acusada de ter repassado comida estragada para as pessoas e poderia arcar com pedidos de indenização”, explica ela.

De fato, a legislação brasileira não favorece esta situação. A Lei nº 8.137/90 prevê detenção de dois a cinco anos para quem repassar mercadoria em condições impróprias para o consumo. No entanto, a Prefeitura de Belo Horizonte possui um programa de banco de alimentos, que recebe doações de comerciantes e se encarrega de selecionar, higienizar e embalar o que está em condições de consumo, para depois distribuir gratuitamente a quem precisa. O comerciante que quiser fazer doações de produtos basta ligar para o telefone (31) 3277-5713.

A nutricionista Ana Izauro Araújo, 58, sugere outra saída inteligente e criativa para fast-foods que querem evitar desperdícios. Segundo ela, aprender a aproveitar melhor os alimentos antes que eles estraguem é uma forma de se diferenciar com saborosos e nutritivos pratos.

Ana Izauro considera que é difícil para quem precisa comer fora de casa encontrar alimentação barata e nutritiva. Ela também ressalta que os alimentos comercializados por redes de comida rápida possuem alto teor calórico e contribuem para a obesidade. “Imaginem o diferencial de uma lanchonete que trabalhasse com o aproveitamento integral de alimentos. Existem partes dos alimentos que em geral são rejeitadas, como cascas, folhas e talos, mas são excelentes ingredientes para novos sabores”, explica ela.

Todavia, devido aos altos níveis de agrotóxicos usados pela agricultura convencional e ao fato de talos e cascas ficarem diretamente expostas a destes produtos químicos, é recomendável optar por alimentos orgânicos (cultivados sem adubos químicos). Quando isso não for possível, é preciso higienizar bem as frutas, legumes e hortaliças com hipoclorito de sódio (em gotas, à venda em farmácias e distribuído em postos de saúde) ou em água sanitária (uma colher de sopa para um litro de água). O alimento deve ficar imerso na mistura por 15 minutos e depois novamente submetido à água corrente.

A nutricionista é voluntária no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), e também atende pelo (31) 322 47 41. Ela se prontifica a oferecer cursos de aproveitamento integral de alimentos, inclusive para as redes fast-food, ensinando pratos nutritivos feitos com cascas, sementes, talos, folhas e alguns temperos, como a receita do bolo verde, feito com cascas, miolo e sementes de abóbora, consideradas vermífugos naturais e alimento estimulante.

Crédito da imagem Ormuzd Alves
Bolo de casca e sementes de Abóbora
INGREDIENTES (medidas caseiras)

Farinha de Trigo 2 copos americanos cheios
Açúcar Cristal 1 copo americano cheio
Ovos 2 unidades
Óleo de Soja ½ copo americano
Fermento químico em pó 1 colher de sopa rasa
Resíduos - Casca miolo e sementes de abóbora, picadas 1 copo americano cheio
Leite ½ copo americano

MODO DE FAZER

Lave bem a abóbora antes de tirar a casca. Retire a casca, o miolo e as sementes. No liquidificador, bata os ovos, óleo, açúcar e aos poucos vá colocando os resíduos da abóbora. Misture com a farinha e o fermento. Asse em forma tipo forma-de-pudim.
Se desejar, acrescente uma casquinha pequena de laranja no liquidificador. Salpique canela em pó.
Por Georgiana de Sá - exclusivo para o blog Oficina

2 comments:

Anonymous said...

О! Nous avons un peu de difficulté à souscrire le rss, en tout cas, j'ai marqué ce livre excellent site, est très utile, plus remplie d'informations.

Anonymous said...

quello che stavo cercando, grazie