Thursday, February 28, 2008

Falta de medicamentos condena pacientes à morte precoce

Com os altos preços da medicação e sem oportunidade de receber o remédio da rede pública de saúde, os pacientes em Minas Gerais podem morrer precocemente.


Segundo o médico pneumologista Frederico Thadeu A. F. Campos, a Hipertensão Arterial Pulmonar - HAP é uma doença grave das artérias pulmonares que ligam os pulmões ao coração. Ele explica que, embora a hipertensão pulmonar seja rara e sem cura, os medicamentos existentes podem mudar o curso da doença, possibilitando uma melhor qualidade de vida e um aumento de sobrevida.



O tratamento incluiu doses de medicamentos caros e nem sempre acessíveis ao poder aquisitivo de todos os pacientes. Atualmente existem, no Brasil, dois medicamentos com eficácia comprovada para tratamento HAP aprovados pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o problema é que estes medicamentos têm custo elevado e ainda não estão disponíveis na lista de medicamentos de alto custo do Ministério da Saúde, fazendo com que os pacientes tenham que recorrer a mandados judiciais para obtenção da medicação.



Para o especialista, após um diagnóstico preciso, a importância dos remédios é inegável. O médico acredita que Minas Gerais deve seguir o exemplo da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que tem protocolo para controle e tratamento da HAP e possibilita acesso de medicamentos específicos para os pacientes da rede pública. "Precisamos normatizar a distribuição dos medicamentos com urgência. O tratamento consegue restituir a qualidade de vida. Caso a doença se desenvolva sem tratamento adequado pode levar à morte precocemente, entre 02 ou 03 anos", alerta o médico.



A Sociedade Brasileira de Pneumologia, Cardiologia e Reumatologia tem trabalhado em conjunto para criar um banco de dados sobre a doença em nível nacional, mas em seus levantamentos prévios já cadastrou de 60 a 70 pacientes em Belo Horizonte, atendidos nos hospitais Júlia Kubitschek e Madre Teresa. "Um estudo conduzido na França comprovou que existem 15 casos para um milhão de habitantes", acrescenta o pneumologista.



Ainda de acordo com o especialista, a síndrome, sem causa estabelecida, atinge um amplo perfil de pacientes, apresentando incidência, principalmente, em mulheres jovens de 20 a 40 anos. Ele informa que a HAP pode ser de natureza idiopática - HAPI, ou seja, não estar ligada a outra causa, ou associada a condições diversas. "Esquistossomose, Lúpus, complicações do vírus HIV, enfisema, embolia Pulmonar e Cardiopatias congênitas são algumas das doenças que podem levar à hipertensão pulmonar", explica.



Dentre os principais sintomas está a falta progressiva de ar que reduz as atividades diárias e a mobilidade. "Os sintomas são graves e prejudicam a qualidade de vida dos pacientes. A pessoa começa sentido falta de ar na prática de exercícios físicos mais intensos. Depois, o quadro evolui para cansaço e fadiga durante atividades rotineiras, como subir uma rampa, e vai progredindo até a falta de ar mesmo durante o repouso, acompanhada de dores no peito", esclarece.

Foto/texto: Georgiana de Sá

Tuesday, February 26, 2008

Mudanças no estilo de vida podem prevenir casos de câncer

O oncologista Rodrigo Cunha Guimarães fala como evitar e combater o câncer


Segundo o oncologista Rodrigo Cunha Guimarães, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, o álcool aumenta o risco de incidência de câncer de laringe, boca e aparelho digestivo, enquanto o tabagismo está diretamente relacionado a tipos de câncer como os de pulmão, bexiga, esôfago, pescoço e laringe. “O uso abusivo do álcool e o hábito de fumar se relacionam ao surgimento de vários tipos de câncer porque interferem nas mutações celulares”, explica ele.


O clínico esclarece que o desenvolvimento do câncer ocorre quando as células perdem o controle sob si próprias e se reproduzem desordenadamente, formando tumores que podem causar deformidades no órgão de origem ou até mesmo atingir outros órgãos. “Existem os casos de câncer hereditário, por alterações herdadas, e os de mutações por fatores ambientais, incluindo os hábitos alimentares, o tabagismo e o alcoolismo”.


O médico alerta para a relação entre a alimentação e a ocorrência de câncer. Conforme o especialista, alimentos queimados e defumados são tóxicos e estão no rol de substâncias cancerígenas. “Alguns alimentos estão associados ao risco de câncer no aparelho digestivo, como as carnes ricas em gordura, os alimentos em conserva, os defumados e as carnes de churrasco. Já a ingestão de dietas ricas em vegetais, frutas e legumes reduz o risco de câncer no intestino e estômago”.


De acordo com levantamentos do Instituto nacional de Câncer – Inca, Órgão do Ministério de Saúde do Brasil, os tumores de mama e de colo de útero são as maiores ocorrências entre o sexo feminino. Na última publicação do Inca sobre a ”Situação do Câncer no Brasil”, estima-se para o ano de 2008 a ocorrência de até 466.730 de câncer de mama em mulheres e de 19 mil novos casos de tumores de colo do útero. O oncologista aconselha que as mulheres realizem exames preventivos de colo de útero desde os 18 anos e a mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. “Exercícios físicos com moderação são indicados como medida preventiva para estes casos. Alguns estudos comprovam que o exercício físico reduz substancialmente riscos de certos tumores, principalmente os de mama. Além disso, a mamografia é importante arma no combate ao câncer. Detectado em fase inicial, o câncer de mama tem 90% de chance de cura”, adverte.


Ainda conforme o especialista, o câncer de pele é o mais freqüente entre todos os tipos de tumores, indicando, na maioria dos casos, a possibilidade evolução benigna e de ser tratado com cirurgia. Ele recomenda como forma mais eficaz de evitar esse tipo de câncer, a redução de exposições repetidas à luz solar. “O risco total de contrair um câncer de pele pode diminuir quando a pessoa não se expõe ao sol das 10 às 15 horas”.


Tumores de pulmão, próstata e intestino são, segundo o médico, as principais causas de morte por câncer em homens. Ele esclarece que, mesmo podendo ocorrer em qualquer faixa etária, a incidência é maior na idade adulta, depois dos 50 anos. O clínico enfatiza que a detecção precoce pode reduzir a mortalidade pelo câncer e que os homens com mais de 40 anos precisam fazer exames anuais preventivos. “Não se deve adiar a realização do exame de próstata por medo de toque retal, ou evitar outros exames como o teste do antígeno prostático (PSA), que é um tipo de exame de sangue, e a colonoscopia, que permite a detecção e tratamento de lesões e de câncer de cólon em fase inicial”.


Sobre o câncer infantil, o oncologista adverte que a leucemia é a forma mais comum em crianças e que os principais sintomas são febre, anemia e dor nas articulações. “Observando sinais de alerta, os pais devem procurar um médico para que a criança faça exame de sangue completo”. O médico destaca a prevenção como o melhor remédio para uma boa saúde. Ele recomenda que a pessoa, desde a infância, adote um estilo de vida saudável, evite substâncias nocivas, cigarro e bebida alcoólica, tenha uma boa nutrição, com controle do peso e exercícios físicos regulares. “Associados à ação preventiva, otimismo, pensamento positivo e bom senso de humor também ajudam”, garante ele.

Foto/texto: Georgiana de Sá

Entidades ambientalistas debatem com MMX impactos ambientais em Conceição do Mato Dentro

O Fórum de ONGs Ambientalistas Mineiras se reuniu, nesta segunda-feira (25), no plenário do Sistema Estadual de Meio Ambiente – Sisema, na rua Espírito Santo, 495, 4º andar, no centro de Belo Horizonte, para o debate sobre as atividades da MMX Minas-Rio Mineração Ltda, em Conceição do Mato Dentro.


A MMX mostrou às entidades ambientalistas estudos dos impactos sócio-ambientais e econômicos do projeto e explicou como será implantado o Sistema Integrado Minas-Rio. A empresa confirmou que serão investidos R$ 5,61 bilhões e que o mineroduto terá aproximadamente 525 km de extensão, passando por 32 municípios. O minério de ferro será extraído no eixo de Conceição de Mato Dentro e Alvorada de Minas e transportado, por tubulação de aço, até a descarga em São João da Barra (RJ).


Riscos ambientais
O relatório da MMX apresentou 65 impactos possíveis de toda ordem, entre eles o desencadeamento de processos erosivos, alteração da qualidade da água e das propriedades do solo, perda do habitat da fauna por redução de ambientes, mortandade e extinção local de peixes, redução da diversidade por fuga de espécies e alteração da paisagem da Estrada Real.


Na avaliação de Caio Márcio Rocha, gerente da Divisão de Apoio Técnico às Atividades de Mineração, do ponto de vista econômico trata-se de um grande investimento para o Estado. Ele garantiu aos ambientalistas que uma equipe com 27 técnicos e entidades estão apurando, desde setembro de 2007, os impactos ambientais do projeto, entre elas a Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, o Instituto Estadual de Florestas – IEF, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais –IEPHA/MG e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.


Promessas da MMX
De acordo com a empresa, a previsão de tributos anuais arrecadados está em torno de R$ 325 milhões, sendo R$ 25 milhões destinados aos municípios envolvidos. Para os 22.164 moradores da região, a mineradora promete gerar, só na fase de implantação, 4.300 empregos. Nos relatórios apresentados, os empreendedores definem a região como carente de investimentos sociais/econômicos e garantem a geração de impostos e renda superior ao PIB de Conceição do mato Dentro. A empresa prometeu amenizar impactos ambientais, elaborando, gradativamente, projetos como os de criação de viveiros para reprodução, recuperação e proteção da flora local, incluindo espécies medicinais.


A empresa encarou como inevitável o rebaixamento do lençol freático em sua área de influência e o reposicionamento de nascentes da Serra do Sapo, que deve ocorrer ao longo da vida útil da mineradora. Contudo, a MMX afirma que vai investir na gestão dos recursos hídricos, garantindo o reuso de 80% da água captada na bacia do rio do Peixe, que deve ser reaproveitada como mistura para o minério bombardeado pelo mineroduto. A captação média de água proposta para o rio é de 2500 m3/h. O monitoramento da qualidade da água e controle dos processos erosivos também foi assegurado pela empresa durante o debate.


Agravamento dos problemas ambientais
A superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, aproveitou a ocasião para advertir que a região da Serra do Cipó te sofrido com queimadas e atividades agropecuárias e que a mineração está se expandindo cada vez mais nas fronteiras da Serra do Espinhaço. “A região precisa de proteção do Estado”, alertou a superintendente, ressaltando ainda sua preocupação com a destinação da área afetada pelos empreendimentos da MMX, após o término de suas atividades no local.


Presente no debate, Apolo Heringer Lisboa, do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas, disse que as prefeituras beneficiadas com os tributos arrecadados deveriam priorizar investimentos na recuperação ambiental. Apolo enfatizou ainda a necessidade de criação de estações para tratamento de esgotos, a fim de evitar doenças como a xistosomose.


O Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Conceição do Mato Dentro e Diretor de Comunicação da ONG SAT, Luiz Cláudio Ferreira de Oliveira, disse que o município pretende ser pioneiro ao tratar o processo de mineração de forma diferenciada, priorizando benefícios economicamente sustentáveis para a população local.

Georgiana de Sá

Saturday, February 23, 2008

Neuropsicóloga dá dicas de como estimular o raciocínio e manter um estilo de vida ativo

Otília Rosângela Souza, da Clínica Integrarte, explica o que pode ajudar na manutenção da boa memória.

Segundo a neuropsicóloga Otília Rosângela Souza, alguns exercícios podem melhorar a capacidade de memorização. A psicóloga fez pós-graduação em geriatria, gerontologia, neuropsicologia, mestrado em criatividade na Espanha e escreveu o livro “Longevidade com criatividade: arteterapia com idosos”.

Com a experiência adquirida em seus estudos, Otília garante que a arteterapia é um método expressivo e artístico para conservar a memória aguçada. Segundo ela, lazer e trabalho criativo exercitam funções cognitivas básicas, como atenção e percepção. “A arteterapia é um processo terapêutico capaz de estimular e potencializar os sentidos. Quando a pessoa está em processo criativo, várias áreas do cérebro estão trabalhando ao mesmo tempo”, informa.

A psicóloga ministra palestras e ensina que memória é o resgate da aprendizagem e que existem diferentes tipos de memória, como a imediata, que possibilita a repetição de textos e números para uso momentâneo, geralmente de curta duração, e a retrógrada, que é a capacidade de lembrar fatos passados, informações antigas consolidadas na memória.







O cérebro possui dois hemisférios, o esquerdo (racional) e o direito (emocional), e cada indivíduo tem habilidades próprias, herdadas geneticamente ou adquiridas no decorrer da vida. Alguns se tornam mais detalhistas e outros mais intuitivos. A especialista explica que isso acontece por que o hemisfério esquerdo é responsável pelo comportamento lógico e cauteloso e o lado direito dirige as atividades artísticas. “A pessoa em que predomina a parte esquerda do cérebro mostra atitudes lógicas e tem facilidade para agir e executar. Já o lado direito comanda o potencial criativo. Mas o indivíduo pode aprender a equilibrar os dois hemisférios cerebrais”, acrescenta ela.

Não existem medicamentos que evitem certos casos, como o mal de Alzheimer, por exemplo, contudo, de acordo com a especialista, mantendo o cérebro ativo é possível retardar o avanço dos sintomas da doença. “Temos casos de pacientes que já se submetem a quatro anos de tratamentos, com programas de atividades variadas e estimulações de áreas cognitivas do cérebro e o quadro da doença não evoluiu”, diz.

Ela alerta ainda que o abuso de álcool e de tabaco, a falta de sono e a alimentação inadequada são fatores prejudiciais à concentração, enquanto exercícios físicos são benéficos, aumentam a oxigenação e ativam a circulação sangüínea no cérebro. “É bom lembrar que uma disciplina espiritual como a meditação pode combater o stress da rotina diária e melhorar a eficácia da memória”, acrescenta.



Além destas dicas, Otília destaca que se manter informado sobre o que acontece no mundo, emitir pensamentos positivos e enfrentar desafios como os de aprender novas línguas e estudar informática estimulam capacidades cerebrais. “Aquela desculpa que eu estou velho demais para aprender não é justificativa. É claro que a criança tem mais facilidade de assimilação, mas é possível envelhecer e continuar ativo. Oscar Niemeyer é um bom exemplo”.

Na opinião da profissional, a pessoa deve procurar um especialista quando sentir que realmente possui um problema de memória. “Esquecer todo mundo esquece, mas quando as falhas de memória atrapalham o dia-a-dia é preciso procurar tratamento. É importante também que os pais estejam atentos ao desempenho escolar dos filhos. A criança que pensa muito e tem dificuldade de focar a atenção pode ser hiperativa. Neste caso, precisa de avaliação adequada e confirmação do diagnóstico”, orienta. A neuropsicóloga relaciona no site: http://www.integrarte.com.br, atividades preventivas para manter o bem estar físico e mental.

Fotos e texto: Georgiana de Sá

Trânsito: perigo para todas as idades


Perito em acidentes automobilísticos acredita que fiscalização pode inibir infratores

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes automobilísticos se tornaram a principal causa da morte, em todo o mundo, de crianças e jovens entre 10 e 24 anos. O relatório da OMS, lançado em 2007, alerta que, todos os anos, cerca 400 mil jovens com menos de 25 anos morrem nas ruas e estradas do mundo. O acidente que matou o empresário Fernando Félix Paganelli de Castro, 48, ocorrido no dia 01 de fevereiro deste ano, confirma que a inconseqüência de jovens, que associam bebida e direção, pode torná-los não apenas vítimas, mas também autores de tragédias no trânsito.



De acordo com informações da polícia, Gustavo Bittencourt, 22, dirigia o Honda CRV na contramão da Avenida Raja Gabaglia, em alta velocidade, quando, segundo depoimentos de testemunhas, seu carro bateu de frente com o veículo Cintröen Xsara, conduzido por Paganelli, causando a morte do empresário. Além de fugir do local sem prestar socorro à vítima, Bittencourt estava embriagado, o que foi constatado pelo Instituto Médico legal.



Para o engenheiro de segurança Paulo Ademar, especialista em segurança no trânsito, professor universitário e perito em acidentes automobilísticos, as pesquisas da OMS e o caso do jovem Bittencourt servem para confirmar a gravidade do desrespeito às leis de trânsito. Na opinião do especialista, a maioria das colisões e atropelamentos poderia ser evitada se os atores, jovens ou adultos envolvidos, se comportassem com obediência à legislação. Conforme ele, quando o assunto é imprudência ao volante, o leque de idade é amplo. “Podemos ver caminhoneiros cometendo imprudências e eles não são jovens. Temos casos de pais com suas famílias a bordo cometendo barbaridades e eles também não são jovens”.



O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, divulgou pesquisa, no segundo semestre de 2007, das principais causas de internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde – SUS no Brasil. Os levantamentos do Ipea indicam que o SUS chega a gastar mais de R$ 135 milhões por ano em atendimento às vítimas de acidente de trânsito. Na pesquisa, Minas Gerais ficou em segundo lugar no ranking de internações hospitalares, de motociclistas e ocupantes de automóveis. O engenheiro confia em medidas preventivas para diminuir os gastos com acidentes de trânsito. “A prevenção sempre teve custo menor que a correção. Nossos governos parecem ignorar este teorema. A ampliação da fiscalização seguramente teria menor custo que a remediação. Não tenho dúvidas também que a educação na fase escolar mudaria os rumos de nossa história. Um exemplo claro: onde foi introduzida a educação ambiental nos currículos escolares, a conscientização do tema atingiu níveis muito satisfatórios”.



No caso da morte do empresário Fernando Paganelli, o indiciado já respondia processo por dirigir embriagado, pelo agravante de omissão de socorro e por embriaguez ao volante, o juiz Jayme Silvestre Corrêa Camargo, de plantão no Fórum Lafayette, aceitou o pedido de prisão preventiva do jovem. Se for julgado por homicídio doloso, o infrator pode pegar até 20 anos de prisão. Paulo Ademar apóia a decisão judicial e lamenta que esse rigor não se aplique a tantos outros casos de acidentes fatais, causados por embriaguez alcoólica e irresponsabilidade de condutores. “Nosso maior tempero de acidentes é a bebida. Todos os juizes deveriam agir com a mesma rigidez. Pergunte a qualquer mãe que perdeu seu filho qual a opinião dela sobre o rigor da lei. Faça a mesma pergunta a qualquer pessoa que perdeu um ente querido. É fácil alguém dizer que essas medidas são drásticas, quando não foi ferido de perto”, defende ele.



O perito destaca a fiscalização como poderosa ferramenta para diminuição do número de acidentes de trânsito. Segundo ele, as operações policiais preventivas podem coibir os infratores e dar maior segurança aos motoristas. “Países de primeiro mundo fazem uso do bafômetro. No Japão, por exemplo, o motorista é obrigado a passar pela apuração do bafômetro e se for flagrado embriagado serão também indiciados aqueles que serviram bebida alcoólica para o condutor. Isto simboliza seriedade com o trânsito”, diz o engenheiro de segurança.

Foto/texto: Georgiana de Sá

Saturday, February 02, 2008

“ESPELHO, ESPELHO MEU”

Depiladora explica o que os salões de beleza podem fazer pela boa aparência
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No poema ‘Receita de Mulher’, numa espécie de idealização da perfeição feminina, Vinícius de Moraes garante que ‘beleza é fundamental’. Atuando no mercado da beleza há mais de 34 anos, Cezônia Alves Pires, 60, discorda das exigências do poeta e acredita que não é necessário à mulher nascer bela, mas sim cuidar da aparência para fortalecer a auto-estima. “O que vale é se olhar no espelho e se achar elegante, atraente e sensual”, defende ela, lembrando que o magnetismo pessoal tem haver com a autoconfiança da mulher em criar a harmonia do visual.


Cezônia nasceu no município de Presidente Juscelino, interior do Estado e veio “tentar a vida em Belo Horizonte”, como ela mesma conta, trabalhando como manicure. Alguns anos depois, especializou-se em depilação e se tornou empresária no ramo da imagem pessoal. A ex-manicure é hoje proprietária do Salão New Soft, administra uma equipe de profissionais da beleza e diz apoiar-se na qualidade de serviços como garantida do negócio. “A cada dia há mais salões de beleza. É possível ver dois ou três em um mesmo quarteirão. Mas, não basta fazer um curso de cabeleireira e abrir um salão, se não tiver competência logo fecha”, ressalta a profissional.

Foi cuidando da aparência das mulheres que Cezônia conseguiu trazer os irmãos para morarem na Capital, criar os filhos e prosperar na vida. De acordo com ela, o trunfo para vencer a concorrência é se tornar uma espécie de fonte de beleza e juventude da clientela. “O salão de beleza é o moderno espaço para a mulher se produzir. Por isso, a cliente precisa gostar do atendimento e sentir vontade de voltar. Já atendi gerações de uma mesma família: avó, mãe e filha”.


Na opinião da empresária, hidratações capilares, tinturas, cortes, tratamentos faciais, maquilagens, cuidados com mãos, pés e depilações, servem para auxiliar na manutenção da boa aparência e nos pormenores do visual. “Mesmo nas recessões econômicas sempre sobra um trocado para ajeitar o cabelo ou pintar as unhas. Qualquer um gosta de ouvir: você está tão bonita!”.


Segundo a depiladora, os constantes avanços e descobertas na área dos cosméticos possibilitam a eficácia dos tratamentos estéticos e aumentam os recursos dos profissionais da beleza. “Desde que inventaram a depilação com cera, por exemplo, a mulher não usa mais a lâmina de barbear porque é agressivo para a pele, engrossa o fio. Quando comecei a depilar usava cera caseira e folhas de papel celofane. Atualmente, os lenços são de papel, existem ceras de algas e de azuleno para não irritar a pele, dilatar os poros e facilitar a remoção dos pêlos”, explica.

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Ela destaca que os homens também têm procurado o salão para retirada de pêlos das costas, do peito e da barba, ou mesmo para limpar o excesso de sobrancelha com cera. A especialista observa que os rituais de beleza funcionam como uma espécie de terapia para muita gente.

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Conforme ela, o profissional que cuida da imagem pessoal se habitua a ouvir desabafos, conflitos emocionais e acaba criando vínculos de fidelidade com a freguesia. “Muitas vezes, enquanto se arruma, a cliente usa o salão como um confessionário. É importante ter ética, ser discreto e saber guardar segredos”.

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Para Cezônia, a vaidade sem exageros é sinal de amor-próprio e a mulher deve cuidar da aparência como se cuida de um jardim, principalmente depois de aposentada ou na terceira idade. “Um simples corte de cabelo pode dar uma aparência mais jovem”, aconselha.

Foto e redação: Georgiana de Sá

Desafios de um capoeirista


Grão Mestre Dunga fala da capoeira em BH durante a repressão militar


Por Georgiana de Sá


Nascido em Feira de Santana, Bahia, em 1951, Amadeu Martins, conhecido como Grão Mestre Dunga, chegou em Minas Gerais em 1965. Filho de pai maquinista, o menino não teve oportunidade de freqüentar escolas, mas começou a treinar capoeira com oito anos de idade, em Salvador (BA). Desde sua chegada em Belo Horizonte viveu em rodas de capoeira, jogada em fundos de quintal e em praças públicas.


O Grão Mestre explica que a capoeira é um jogo, uma dança originalmente praticada pelos escravos oriundos de África, que se tornou parte da cultura popular e se desenvolveu na história do Brasil até como forma de resistência dos negros, inclusive durante a Ditadura Militar. “Me considero um mandingueiro que herdou a esperteza, a malícia, o sentido da capoeira treinada na senzala”.


Segundo Dunga, durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a capoeira de rua sofreu repressão e perseguição, considerada atividade subversiva pelo governo militar. Ele lembra que, na década de 70, foi preso pela polícia porque tocava berimbau e atabaque na Praça Sete. “Me levaram para a Polícia Federal, mas esqueceram o berimbau e o atabaque nas minhas mãos. Eu falei para os presos: vamos gingar todo mundo na cadeia e comecei a tocar. Depois fiquei 15 dias na solitária”, recorda.


De acordo com o Grão Mestre, nas décadas de 60 e 70, não havia academias para a prática da capoeira, motivo pelo qual a dança passou a ser chamada de batuque de fundo de quintal. Isso porque os jogos de capoeira aconteciam nos terreiros dos barracos, nos ‘quilombos’, como ele mesmo apelida as favelas da cidade.


O Capoeirista fala que, durante a ditadura militar, a polícia tratava de dispersar os ‘montinhos’ ou aglomerados de gente que se reunia pelas ruas de Belo Horizonte. “Foram dez anos de perseguições à capoeira de rua. A Rural era o carro do exército que rondava a Praça da Liberdade, a Praça Sete, a Praça da Rodoviária e o Parque Municipal e acabava com qualquer montinho”.


Dunga diz já ter trabalhado para a família do político mineiro Tancredo Neves, em São João Del-Rei-MG, e conta que foi recrutado pelo exército, na década de 70, quando não resistia e alimentava, às escondidas, os universitários presos durante as manifestações estudantis. O mestre ensinou capoeira para malandros e conheceu a vida noturna da capital mineira, “da época da Boêmia, do bairro Bonfim e da região da Lagoinha”.


Ele recorda também o convívio com alguns personagens reais citados no romance ‘Hilda Furacão’, de Roberto Drummond, como a prostituta Maria Tomba Homem e o travesti Cintura fina, um alfaiate que usava terno e sapato branco e praticava a capoeira da vadiagem. “A capoeira de vadiagem era um jogo cheio de ginga e malandragem. Mas também tinha toda uma vestimenta própria”, diz.


O capoeirista já esteve na Suíça, na Alemanha e na Itália para mostrar suas técnicas de massoterapia, que usa manobras de danças de origem africana, como o maculelê, e os próprios movimentos da capoeira, em massagens corporais. O Grão Mestre se reúne nas tardes de domingo na Praça Sete, em Belo Horizonte, onde compartilha seus conhecimentos nas rodas de capoeira. Assista ao vídeo "A Senzala" e conheça um pouco da capoeira de Grão Mestre Dunda...