Wednesday, March 04, 2009

O FUTURO DO LIXO


Foto por Bag Monster

LEI MUNICIPAL RETIRA OS SACOS PLÁSTICOS DO COMÉRCIO DE BH

“Clientes no mundo inteiro usam de 500 bilhões a um trilhão de sacos plásticos por ano. Isto se traduz a cerca de um milhão de sacos a cada minuto em todo o globo.” Estas informações estão no site ambientalista do ator Leonardo DiCaprio (http:leonardodicaprio.org) e indicam a realidade mundial do uso do plástico.

Distribuído todos os dias aos milhares e gratuitamente, o saco plástico é um dos mais conhecidos problemas ambientais no mundo. Desde as décadas de 80 e 90 se tornou comum o uso de embalagens plásticas no comércio, hábito que vem sendo amplamente discutido nos dias de hoje. Cômodo para carregar as compras e útil para colocar o lixo caseiro, mas também agente poluidor de rios, oceanos, praias e aterros sanitários, o saco plástico que o consumidor recebe no supermercado e depois joga no lixo pode ficar na natureza por quase meio século.

De acordo com o Departamento de Economia e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente, cada brasileiro usa cerca de 800 sacolas plásticas por ano e 80% das sacolas são reutilizadas como saquinhos de lixo. Na guerra contra os sacos plásticos, a Prefeitura de Belo Horizonte sancionou a Lei nº 9.529, determinando que até fevereiro de 2011 "o uso de saco plástico de lixo e de sacola plástica deverá ser substituído pelo uso de saco de lixo ecológico e de sacola ecológica". Isso inclui estabelecimentos comerciais privados e até mesmo órgãos e entidades do Poder Público sediados no Município.

Mesmo com a regulamentação da lei, a maior parte dos centros de venda da Capital continua distribuindo sacolas plásticas aos consumidores. É o que observa a dona de casa Marli de Oliveira, 45, residente no bairro Serra. “Tenho recebido os mesmos sacos plásticos quando faço compras nos supermercados, padarias, açougues, farmácias e lojas de roupas. Até mesmo no Mercado Central, onde costumo comprar alguns produtos, nada mudou”.

O superintendente da Associação Mineira de Supermercados - Amis, Adilson Rodrigues, garante que o setor está preocupado em apresentar soluções alternativas, mas que um dos entraves é a indefinição das autoridades em torno do material mais recomendado para a confecção das sacolas ecológicas. Segundo ele, ainda existem polêmicas sobre o efeito do material das sacolas oxi-biodegradáveis no meio ambiente, se podem ou não apresentar riscos e resultarem no que chamam de “poluição invisível”, contudo, ele afirma que a Amis está analisando todas as atuais tendências mundiais.

Na opinião do superintendente, que visitou supermercados na Europa, mesmo diante da comprovação de eficiência das sacolas oxi-biodegradáveis, o ideal é que o consumidor crie o hábito de ter sua própria sacola. “Usar sacolas permanentes como as de pano já é comum em países europeus, onde também já existe taxação para quem quer usar as sacolas dos supermercados. Na Inglaterra, existem incentivos, tipos de bônus, para quem devolve sacolas plásticas para reciclagem”.Sacola retornável do Grupo Pão de Açúcar - Extra

O Grupo Pão de Açúcar, que atua em Belo Horizonte com três unidades da rede de Hipermercados Extra, ainda está distribuindo as tradicionais sacolas plásticas, mas oferecem ao consumidor, a preços acessíveis, bolsas retornáveis produzidas em ráfia, material 100% reciclável.

À exceção da maioria dos supermercados da Capital que, mesmo vendendo sacolas permanentes, ainda distribuem sacolas plásticas gratuitas, a rede Verdemar Supermercado e Padaria têm feito uso de sacolas oxi-biodegradáveis de forma definitiva desde julho de 2008. Conforme informações da Assessoria de Imprensa da rede, embora o custo tenha ficado um pouco maior em relação às sacolas comuns, os elogios e nível de satisfação dos clientes têm sido o grande retorno do investimento. Além disso, a rede distribui sacos feitos com materiais reciclados em parceria com fabricantes.

Atualmente, também tramita na câmara de vereadores de Divinópolis-MG um projeto que irá propor a substituição de sacolas plásticas por sacolas oxi-biodegradáveis. Antecipando-se a lei, as lojas da rede ABC, que atuam na região, já usam as sacolas oxi-biodegradáveis. “Além disso, disponibilizamos sacolas retornáveis confeccionadas em tecido de fibras naturais”, diz Rogério Simões, analista de suprimentos da Rede.

O Analista explica que o custo das oxi-biodegradáveis ficou 15% mais alto que as sacolas tradicionais. Entretanto, a capacidade da nova embalagem para suportar até nove quilos eliminou o hábito dos clientes de colocar uma sacola dentro da outra para reforçar. “O consumidor carrega mais produtos dentro de uma única sacola, ao invés de duas ou três, e o custo elevado foi diluído em aproximadamente 20%”.

Conforme a Academia Australiana de Ciência, o termo biodegradável significa que uma substância é capaz de ser decomposta em substâncias mais simples através das atividades dos organismos vivos. No entanto, o processo de aceleração que envolve os plásticos oxi-biodegradáveis tem gerado polêmica. De um lado, os representantes da indústria do plástico que alegam falta de legislação específica para regulamentar o uso de oxi-biodegradáveis no Brasil, do outro, os novos fornecedores garantindo que, ao contrário do plástico convencional, o tempo de deteorização deste material na natureza é de aproximadamente 18 meses. De qualquer forma, o prazo para a adaptação à nova lei já está sendo contado e será indispensável estabelecer, com urgência, o que será menos prejudicial para o meio ambiente.

Por Georgiana de Sá - Exclusivo para o jornal Ambiente Hoje , da Amda - Associação Mineira de Defesa do Ambiente

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