Wednesday, October 08, 2008

Agroenergia X Produção de Alimentos

DEBATE ANALISA O USO INTENSIVO DE TERRAS PARA A PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS

A interferência da produção de etanol sobre a oferta e a demanda de alimentos foi alvo de análises nesta segunda-feira (06/10), durante o III Encontro Preparatório da III Edição do Seminário Internacional “O Futuro da Energia", no auditório do CREA/MG.
Foto: Georgiana de Sá
O palestrante, Lucas Rocha Carneiro, engenheiro agrônomo e diretor de Recursos Tecnológicos e Naturais da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Seapa, falou das possibilidades de ampliação das usinas hidrelétricas no Estado.
Palestrantes, debatedores e platéia discutiram o tema: "Cenário para produção de Biocombustíveis em Minas Gerais". O palestrante, Lucas Rocha Carneiro, engenheiro agrônomo e diretor de Recursos Tecnológicos e Naturais da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Seapa, falou sobre o Plano Estadual de Energia, um estudo que abrange o setor energético de Minas, projetando, entre outros pontos, as possibilidades de ampliação das usinas hidrelétricas no Estado.
Foto: Georgiana de Sá

Debatedores analisam se a expansão agroenergética vem ocorrendo com sustentabilidade ambiental e social

Além de ponderar sobre o potencial hidrelétrico do território mineiro, o engenheiro considerou a utilização da produção agrícola com fins energéticos como alternativa viável em relação aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural). A oposição entre produção de alimentos e agroenergia foi muito debatida durante o encontro, uma vez que o desenvolvimento de biocombustíveis tem sido considerado causa da atual crise de alta nos preços dos alimentos.


“Minas Gerais tem 11% de participação nacional no agronegócio, já se consolida como o terceiro maior produtor brasileiro de açúcar e álcool e possui um espelho d’água de cerca de um milhão de hectares”, disse, avaliando que o território mineiro se mostra apto para investir em agroenergia sem descuidar da produção de alimentos.

O debatedor Eduardo Nascimento, assessor da Federação dos Trabalhadores Agricultura Estado de Minas Gerais – Fetaemg, alertou que é imperativo analisar se a expansão agroenergética vem ocorrendo com sustentabilidade ambiental e social. De acordo com o assessor, o avanço das plantações de cana de açúcar e oleaginosas dedicadas a produções de etanol e de biodiesel pode reduzir os espaços para cultivo de alimentos no campo e gerar novas altas dos preços de alimentos e a escassez de alguns deles.

Foto: www.flickr.com

As degradantes condições de trabalho do assalariado rural do setor sucroalcooleiro no Brasil foram citadas durante o debate como exemplo negativo da agroenergia. A falta de oportunidades de trabalho decente pode concetrar riqueza e poder nas mãos de poucos, gerando mais pobreza e desigualdade social.

Na opinião de Eduardo Nascimento, serão necessárias políticas públicas e instrumentos de controle adequados para que a agroenergia não comprometa a produção alimentar. “Antes, é preciso considerar a quem interessa o crescimento da agroenergia, se vai causar danos ao meio ambiente e se tem potencial para minimizar as desigualdades sociais”, disse, remetendo também ao exemplo das degradantes condições de trabalho do assalariado rural do setor sucroalcooleiro no Brasil.

A III Edição do Seminário Internacional “O Futuro da Energia” está sendo realizada pela Amda em parceria com o Sistema Estadual do Meio Ambiente - Sisema, por meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente – Feam e da Companhia Energética de Minas Gerais- Cemig, e terá início no dia 27 de outubro próximo.

Foto: www.flickr.com

A mamora tem sido considerada opção rápida e rentável para atender à necessidade do biocombustível. O biodiesel extraído da mamona está sendo usado em motores de tratores e caminhões.

Apuração e redação de Georgiana de Sá - Cobertura exclusiva para a Amda

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