Debatedores analisam se a expansão agroenergética vem ocorrendo com sustentabilidade ambiental e social
Além de ponderar sobre o potencial hidrelétrico do território mineiro, o engenheiro considerou a utilização da produção agrícola com fins energéticos como alternativa viável em relação aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural). A oposição entre produção de alimentos e agroenergia foi muito debatida durante o encontro, uma vez que o desenvolvimento de biocombustíveis tem sido considerado causa da atual crise de alta nos preços dos alimentos.
“Minas Gerais tem 11% de participação nacional no agronegócio, já se consolida como o terceiro maior produtor brasileiro de açúcar e álcool e possui um espelho d’água de cerca de um milhão de hectares”, disse, avaliando que o território mineiro se mostra apto para investir em agroenergia sem descuidar da produção de alimentos.
O debatedor Eduardo Nascimento, assessor da Federação dos Trabalhadores Agricultura Estado de Minas Gerais – Fetaemg, alertou que é imperativo analisar se a expansão agroenergética vem ocorrendo com sustentabilidade ambiental e social. De acordo com o assessor, o avanço das plantações de cana de açúcar e oleaginosas dedicadas a produções de etanol e de biodiesel pode reduzir os espaços para cultivo de alimentos no campo e gerar novas altas dos preços de alimentos e a escassez de alguns deles.
Foto: www.flickr.com
As degradantes condições de trabalho do assalariado rural do setor sucroalcooleiro no Brasil foram citadas durante o debate como exemplo negativo da agroenergia. A falta de oportunidades de trabalho decente pode concetrar riqueza e poder nas mãos de poucos, gerando mais pobreza e desigualdade social.
Na opinião de Eduardo Nascimento, serão necessárias políticas públicas e instrumentos de controle adequados para que a agroenergia não comprometa a produção alimentar. “Antes, é preciso considerar a quem interessa o crescimento da agroenergia, se vai causar danos ao meio ambiente e se tem potencial para minimizar as desigualdades sociais”, disse, remetendo também ao exemplo das degradantes condições de trabalho do assalariado rural do setor sucroalcooleiro no Brasil.
A III Edição do Seminário Internacional “O Futuro da Energia” está sendo realizada pela Amda em parceria com o Sistema Estadual do Meio Ambiente - Sisema, por meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente – Feam e da Companhia Energética de Minas Gerais- Cemig, e terá início no dia 27 de outubro próximo.
Foto: www.flickr.com
A mamora tem sido considerada opção rápida e rentável para atender à necessidade do biocombustível. O biodiesel extraído da mamona está sendo usado em motores de tratores e caminhões.
Apuração e redação de Georgiana de Sá - Cobertura exclusiva para a Amda
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