
OUTROS RECANTOS ECOLÓGICOS DE MINAS

A diretora explicou que a primeira consulta teve caráter informativo e consultivo. Já a segunda etapa, prevista para ocorrer entre os meses de maio e junho de 2009, será propositiva, discutindo propostas, programas e planejamentos. O resultado dos encontros será apresentado na última etapa, através de diretrizes, metas e programas para a gestão das águas em Minas.
Para o coordenador do Plano pelo Consórcio Holus, Fernando Rodriguez, o plano vai se concretizar em longo prazo e constituir, através de suas etapas, a visão do conjunto dos problemas de cada bacia. “Serão 27 consultas públicas, envolvendo sociedade, poder público e cientistas. Teremos que avaliar o que é politicamente viável, de consenso social e tecnicamente fundamentado”, considerou.
Os grupos discutiram temas que envolvem a qualidade e quantidade das águas subterrâneas e superficiais, as diferentes vazões das bacias, a importância de harmonizar políticas de recursos hídricos com políticas setoriais das hidrelétricas, das atividades agrícolas, agropecuárias e de mineração. “A água não pode ser fator restritivo ao desenvolvimento do Estado”, opinou Fernando Rodriguez, ressaltando que os resultados podem definir cenários de desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental.
A elaboração do documento terá um investimento de cerca de R$ 3 milhões e a previsão de conclusão é para dezembro de 2009.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda
Terminou nesta sexta-feira (28/11) o Fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água”, que contou com 2.226 credenciamentos, incluindo estudiosos e representantes de mais de 30 países. Durante o encontro, quatro grupos de debates, formados por diferentes segmentos da sociedade, discutiram os temas: “Água e Mudanças Climáticas”, “Energia Renovável para uma Sociedade Sustentável”, “Novas Abordagens para o Planejamento Territorial” e “Solidariedade e Cooperação Sul-Sul”.
Ao final do encontro, Xavier Guijarro, da Green Cross e coordenador mundial dos Diálogos da Terra, ponderou que o encontro serviu para fortalecer a Cooperação Sul-Sul, compartilhar conhecimentos e experiências. “Chegou o momento de quem sabe ensinar para quem não sabe”, disse.
Octávio Elísio, subsecretário de Ensino Superior da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, explicou que a “Carta de Minas”, apresentada ao fim do evento e que será levada ao Fórum Mundial da Água, em Istambul - 2009, tem a finalidade de estabelecer propostas através de princípios políticos. Segundo ele, a Carta não aprofunda análises de temas específicos e deve ser aperfeiçoada em no máximo quatro dias, quando então será disponibilizada no site http://www.dialogosdatera.org.br/, mas, permanece submetida à participação popular.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda
A AMDA participou de um encontro setorial, nesta quinta-feira (27/11), durante o Seminário internacional “Diálogos da Terra no Planeta Água”, como o tema “Planeta Terra: A Grande Bacia Hidrográfica”. A reunião contou com a presença do público do evento e do ambientalista Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão.
Apolo Hering, coordenador do encontro, fez considerações sobre a situação dos rios no mundo, lembrando que águas onde se podiam pescar e nadar, hoje estão virando esgotos. “Tudo que acontece fora dos rios vira parte da água”, explicou.
O objetivo da reunião é incorporar a “Carta dos Rios da Terra”, que tem como signatários o Projeto Manuelzão, o Instituto Guaicuy e a Amda, à “Carta de Minas Gerais”, documento que, ao final do fórum “Diálogos da Terra”, será enviado ao 5º Fórum Mundial da Água (2009), em Istambul, na Turquia.
De acordo com Apolo, a “Carta dos Rios da Terra” é uma tentativa de modificar a mentalidade mundial com relação ao uso e preservação dos recursos hídricos do planeta. “O debate sobre a situação da água pode agregar a humanidade e gerar sabedoria popular. Quem tem de governar o mundo é a sabedoria. A economia é poderosa, mas não tem juízo”, disse ele, analisando que o atual modelo econômico não será capaz de resolver problemas globais, como a falta de moradias, escola e saúde.
A assessora jurídica da Amda, Cristina Chiodi, sugeriu que a carta mencionasse o crescimento populacional a níveis insustentáveis e o consumo excessivo como fatores que aceleram a degradação ambiental no planeta. Ao final do diálogo, os presentes entraram em consenso no que diz respeito às alterações propostas para o texto da “Carta dos Rios da Terra”.
Por Gorgiana de Sá - Exclusivo para a Amda
Conselheiro da ONU fala da revolução energética e da potencialidade do Brasil no setor
“Estamos sustentados em paradigmas falidos. Os mais jovens estão condenados a inventar, porque a história não se repete”, considerou o "ecossocioeconomista" Ignacy Sachs, durante o encontro preparatório do evento “Diálogos da Terra”.
“A Grande Transição: As Saídas da Era do Petróleo”, foi tema da palestra do professor, na tarde desta quarta-feira (13/11), no Auditório do Conservatório da UFMG. Sachs falou das grandes transições nos processos civilizatórios do homem, citando a revolução neolítica, que há cerca de doze mil anos iniciou o primeiro processo de urbanização, e o início do século XVII, quando ocorreu a transição para energias fósseis.
Segundo ele, o momento atual sinaliza uma terceira transição para uma nova economia produtora. “Estamos no limiar da terceira grande revolução, um momento favorável para mudar o paradigma energético”, disse. O professor ponderou que o novo ciclo de desenvolvimento não se sustenta somente pela substituição de gasolina por etanol, mas pelo uso de fontes não convencionais de energia, como solar, eólica e de biomassa, inclusive a produção de bicombustíveis através de algas marinhas.
Sachs criticou o uso de carvão vegetal produzido de forma predatória, tirado de matas nativas, e promoveu reflexões sobre os limites da biocivilização moderna.Como exemplos de estratégias menos vorazes para o desenvolvimento econômico, o palestrante citou a recuperação de áreas degradadas, a adoção de políticas públicas de incentivo à agricultura familiar e investimentos para o trabalhador rural. “Temos de pensar num feixe de políticas públicas, aliar produtividade com visão ambientalista correta e passar essa visão para o agricultor”.
Finalizando sua palestra, o Ignacy Sachs, que também é conselheiro das Nações Unidas, salientou a alta potencialidade do Brasil no setor energético. “ O trópico não é mais um obstáculo para o desenvolvimento, mas vantagem comparativa natural”. Ele salientou, ainda, que o avanço pelos recursos naturais impõe tarefas urgentes para a comunidade cientifica mundial, e para o Brasil em particular. “O país precisa conhecer melhor suas potencialidades e aprender a fazer bom uso da natureza, através de pesquisa e organização social propícia”.
Por Gerogiana de Sá - Exclusivo para a Amda
O assoreamento é um dos problemas mais sérios do rio São Francisco, tendo como causa o desmatamento que vem ocorrendo em suas margens. Esse foi um dos temas abordados na tarde desta terça-feira (04/11), durante o Seminário "Situação atual e estratégias de conservação de espécies de peixes em Minas Gerais", promovido pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda e Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig.
A mesa redonda intitulada "Revitalização do rio São Francisco - aspectos relacionados à proteção dos ambientes ribeirinhos" suscitou um amplo e efusivo debate, incluindo o desmatamento como uma das intervenções humanas que pode ocasionar a morte dos peixes.
O vice-presidente da Associação dos Pescadores de Três Marias, Norberto Antônio dos Santos, expôs que o IEF - Instituto Estadual de Florestas concedeu licença para desmatamento de 310 hectares de cerrado nativo para uma fazenda de 510 hectares, localizada no Arraial do Silga, na divisa de Três Marias e Lassans (MG).
Segundo Norberto, estão sendo derrubadas espécies nativas como sucupiras e jatobás. "Já conseguimos duas liminares que suspenderam provisoriamente o corte autorizado pelo IEF. Entre uma liminar e outra foram derrubadas mil sucupiras. O corte das árvores está ocorrendo próximo de um dos afluentes do Rio São Francisco".
Compondo a mesa redonda, o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, se manifestou após a denúncia de Norberto, prometendo a suspensão imediata da licença concedida até que a questão fosse esclarecida. O diretor garantiu que o caso narrado se tratava de uma questão pontual e que os Escritórios Regionais do IEF estão mobilizados para evitar o desmatamento em mata nativa do Cerrado.
Apolo Hering Lisboa, do Projeto Manuelzão, ponderou que a garantia da fauna de peixes da bacia do rio São Francisco depende do planejamento sistêmico e integrado do IEF nos processos de licenciamento. "A mentalidade dos legisladores precisa ser de gestão de bacias, caso contrário os licenciamentos saem sem fundamento. A natureza funciona de forma sistêmica e por isso não podemos desintegrar a gestão ambiental", disse, considerando a função das Unidades Regionais Colegiadas - URC's e dos Comitês de Bacias Hidrográficas.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda
A palestra do climatologista Carlos Nobre, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do INPE, na noite de segunda-feira, 27, abriu a III Edição do Seminário Internacional "O Futuro da Energia" com o tema "Energia e Mudanças Climáticas", que se estendeu até a próxima quarta-feira, 29.
Durante a palestra, Carlos Nobre fez uma análise das emissões globais antropogências (causadas pelo ser humano) dos gases do efeito estufa (GEE), destacando que países muito populosos e em vias de desenvolvimento, como a China e a Índia, estão contribuindo significativamente na emissão de GEE. “O aquecimento global se tornou irreversível. Na escala de tempo de séculos não temos soluções e o que nos resta é diminuir os riscos futuros das emissões”, considerou.
No caso do Brasil, o palestrante enfatizou que a maior parte das emissões é atribuída ao desmatamento, e que é preciso desenvolver estratégias de mitigação dos GEE, incluindo atividades de reflorestamento. “O setor florestal no Brasil tem enorme potencial para essa contribuição, seguido pelo setor energético”. O climatologista alertou, ainda, que caso os índices de desmatamentos na Amazônia cheguem a 40% ou 50%, o clima na região será alterado, devendo ficar mais quente e mais seco, além de grande parte da floresta se transformar em savana.
Carlos Nobre acrescentou que o Brasil apresenta vantagem competitiva no que se refere à geração de “energias limpas”, mas que o desenvolvimento do setor está associado ao investimento em tecnologias para absorver estas energias. O palestrante explicou que as usinas hidrelétricas atualmente suprem certa de 74,6% da oferta interna de energia elétrica no país. Segundo ele, o Brasil precisa explorar outros potenciais, por meios de fontes renováveis como a energia eólica e solar (termosolar e fotovoltaica). “Poderá o Brasil do século XXI se tornar potência ambiental ou o primeiro país tropical desenvolvido? Temos recursos naturais renováveis em abundância para isso, o que precisamos é inventar um novo paradigma de desenvolvimento, com ciência e tecnologia”, concluiu o palestrante.
Por Georgiana de Sá - Exclusivo para a Amda
Com a finalidade de gerar um mapa de sustentabilidade para a questão energética, a Amda promoveu a III Edição do Seminário Internacional "O Futuro da Energia", em parceria com o Sistema Estadual do Meio Ambiente - Sisema, por meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente – Feam e da Companhia Energética de Minas Gerais- Cemig. Através dos seminários, a entidade iniciou há dois anos a mobilização de profissionais e instituições na coleta e análises de dados, objetivando subsidiar a política energética de Minas Gerais.
Neste ano, o evento propôs o tema “Energia e Mudanças Climáticas”, para avaliar as principais causas das alterações no clima do planeta. “A finalidade do Seminário é promover parcerias interprofissionais e institucionais, além de gerar propostas capazes de contribuir efetivamente para um novo direcionamento do mercado energético. Os encontros são articuladores e mobilizadores, atuando de forma a transcender o caráter informativo do tema”, explica a assessora institucional da Amda, Elizabete Lino.
O evento, que este ano ocorreu entre 27 a 29 de outubro de 2008, e promoveu palestras preparatórias, como forma de iniciar as discussões sobre a questão. Em 26 de abril último, ocorreu o primeiro encontro preparatório, no auditório do Sistema Estadual do Meio Ambiente – Sisema. Nesta ocasião, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Paulo Eduardo Fernandes de Almeida, falou sobre o crescente uso de energia, explicando como isso pode acelerar o aquecimento global.
De acordo com o palestrante, o CO2, principal gás causador do efeito estufa, contribui com aproximadamente 80% das emissões, seguido do Metano (CH4) e do Oxido Nitroso (N2O). Também segundo ele, de 1971 a 2004 houve aumento nas emissões mundiais de CO2, paralelamente a evolução da renda per capita entre diversos países. Foto: Hartwig HKD . Disponível em ww.flickr.com
Neste primeiro encontro, a superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, advertiu sobre a urgência de reestruturar o ciclo de produção e consumo energético e defendeu a necessidade de diminuir o desperdício de energia. “A tecnologia precisa deixar de ser vilã do efeito-estufa e promover o progresso da eficiência energética e das energias renováveis”, acrescentou a ambientalista.
Na seqüência do ciclo, o segundo encontro foi realizado no auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/MG (22/09). A palestra foi ministrada pelo engenheiro da Cemig e coordenador do Projeto Conviver, Henrique Fernando França Costa. O palestrante apresentou projeções para o uso do petróleo que, segundo ele, deve continuar ocupando posição de destaque na matriz energética brasileira até 2030.
Considerando os riscos na evolução do consumo de energia, o engenheiro destacou que o desperdício de energia elétrica no Brasil chega a 18%, e que o mundo já consome 25% a mais de energia que a Terra consegue produzir. “Hoje, se todas as comunidades consumissem como nos países ricos precisaríamos de mais quatro planetas”, ponderou.
Os debatedores presentes, Patrícia Romeiro Silva Jota, professora do Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET-MG, e Eduardo Machado de Faria Tavares, ambientalista do Instituto Hóu, consideraram a necessidade da CEMIG investir mais na redução do consumo, intensificando informação pública e campanhas educacionais para o uso consciente de energia elétrica.
O biólogo e conselheiro da Amda, Francisco Mourão Vasconcelos, aproveitou o evento para defender a proteção da fauna ictiológica (peixes), citando como exemplo a polêmica no licenciamento ambiental do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia. “Não podemos descartar o uso da energia elétrica, mas precisamos ponderar os impactos ambientais das usinas. No caso da construção de hidroelétrica no Rio Madeira, seria preciso analisar os danos decorrentes do projeto, já que as barragens podem impedir a migração e levar à extinção inúmeras espécies de peixes”.