Sunday, May 18, 2008

“Assim será nossa Amazônia”: Primeira campanha da Amda de impacto nacional

Foto: Georgiana de Sá
Publicitácio Jaak Bosmans conta como foi a idéia do slogan "Assim será nossa Amazônia"
HISTÓRIA E MEMÓRIA

Por Georgiana de Sá - Matéria exclusiva para o Jornal Ambiente Hoje (da Associação Mineira em Defesa do Ambiente - Amda)

O ano era 1979. Num ambiente político e social de repressão militar, a Amda iniciava sua luta sem trégua em defesa do meio ambiente. A maior região florestal e hidrográfica do mundo, a Amazônia, sofria a problemática da modernização planejada pelo regime militar. Desde 1964 que a região se tornara importante foco de atenção do governo pelo seu potencial de recursos naturais.
O governo federal anunciava planos desenvolvimentistas para ocupar os vazios da Amazônia, como solução para alguns problemas econômicos que dificultavam o crescimento do país. Neste ano, o presidente João Baptista Figueiredo tentava aprovar no Congresso um projeto de lei para a exploração de madeira na região, oferecendo incentivos fiscais para instalação de empresas e baixíssimos preços para aquisição de terras.
Preocupados com mais uma ameaça à estabilidade ambiental da floresta, os fundadores da Amda lançaram a primeira grande campanha da entidade. Com o Slogan “Assim será nossa Amazônia”, a campanha alcançou seu objetivo: o projeto foi derrotado no Congresso Nacional. Mas, para contar história e construir memória, o publicitário Jaak Bosmans guarda até hoje a página da revista Visão, de 17 de março de 1980.
O publicitário, então presidente do Clube de Criação Publicitária de Minas Gerais, abraçou a causa da Amda e criou o slogan da campanha ‘Assim será nossa Amazônia’. “Um ano depois do lançamento da campanha, numa passeata no Rio de Janeiro, uma moça sem camisa protestava segurando nosso cartaz. Eu guardo essa revista porque ela mostra a força desta campanha, de uma manifestação que se propagaria no tempo, como bandeira de protestos".

Jaak conta que o Clube de Criação Publicitária de Minas Gerais surgiu para compensar a culpa dos publicitários pelo binômio publicidade-consumismo. “Era uma válvula de escape para o publicitário que queria fazer alguma coisa em benefício da sociedade”, explica. Segundo ele, o clube apoiava entidades sem fins lucrativos e acolheu o projeto da Amda, comprometendo-se a criar um slogan que causasse impacto em poucas palavras, com visual forte e simples.
O publicitário lembra que foi convidado para algumas apresentações da Amda que mostravam a situação da Floresta Amazônica, palestras, filmes e simpósio, e se envolveu com o trabalho dos fundadores da Associação. “O que mais nos motivou a fazer essa campanha foi a atitude das pessoas da própria Amda. Todo mundo lá vestia a mesma camisa. Acreditar é importante para o sucesso de qualquer incitativa”, diz ele, se referindo ao idealismo do grupo de estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Maria Dalce Ricas, Leonardo Fares Menhen, Francisco Mourão Vasconcelos, Paulo Roberto Paixão Bretas e Francisco Paes Barreto, criadores da entidade.

Jaak sorri ao lembrar como surgiu a idéia do slogan e se entusiasma para falar de um trabalho do qual ele se orgulha. “Um cartaz com foto colorida poderia produzir excelentes resultados, mas a Amda não tinha recurso para fazer policromias. Lembro de um maço de cigarros deixado sob a mesa do trabalho, ‘Chanceler, o fino que satisfaz’. A embalagem era em tom de azul degradê. Fique pensando em como o cigarro consome a vida de uma pessoa a cada tragada e, da mesma forma, a Amazônia poderia ser consumida pouco a pouco, em cada árvore desmatada. Veio a idéia: Um verde degradê e a frase ‘Assim será nossa Amazônia’. Um verde que fosse ficando cada vez mais fraco até se extinguir. Essa era a mensagem, nossa Amazônia poderia desaparecer, o verde poderia acabar pouco a pouco como o degradê das cores. No fim do cartaz uma última e decisiva chamada: se você não entrar nessa briga”, narra o publicitário.

Jaak quis usar a palavra ‘briga’ porque, segundo ele, lutar contra as ações governamentais na Amazônia era como travar uma guerra com o governo militar. “Tinha que ser forte, porque o que queriam fazer também era muito violento. Era forte”, defende ele, concluindo que a campanha cumpriu seu papel com simplicidade e surpreendeu ao atingir nível nacional. “Com pouco dinheiro ou quase nada, a campanha foi um sucesso”, diz satisfeito.

O Engenheiro Químico Gilberto Caldeira Bandeira de Melo, professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA-UFMG), foi um dos estudantes que participaram da campanha da Amda. Ele recorda que saía de madrugada para colar cartazes nos tapumes que cercavam as obras na cidade. “Eu já participava do Movimento Estudantil de reconstrução da UNE. Os estudantes lutavam pela anistia aos exilados e presos políticos, mas na área ambiental a atuação estudantil era mínima e a Amda foi pioneira nesse tipo de mobilização”.

Segundo o professor, os anos 70 e 80 foram decisivos para os movimentos ambientais. Ele cita o surgimento do Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam, criado em 1978, e das primeiras leis ambientais de Minas Gerais, como resultado de trabalhos como os da Amda. “Na época da campanha ‘Assim será nossa Amazônia’ o governo não pensava em legislação ambiental”, diz o professor, ressaltando que a preocupação dos militares era com o crescimento econômico e a ocupação da Amazônia só colocava em questão os motivos geopolíticos.

Gilberto conta que os estudantes tinham medo de serem presos por contestarem as ações do governo Figueiredo. “Ainda imperava o regime militar e era arriscado colar esse tipo de cartaz. O governo podia entender que era crime contra a segurança nacional, contra a ordem política e social. Por isso, os cartazes da Amda eram colados depois da meia-noite”, diz Gilberto.

Para a economista Maria Dalce Ricas, atual superintendente executiva da Amda, a campanha em defesa da Amazônia inaugurou em Minas a mobilização de massas em favor do meio ambiente. “Antes dessa campanha a Amda já havia se mobilizado contra o Acordo Nuclear Brasil – Alemanha”, diz se referindo ao Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento da Energia Atômica, assinado em 27 de junho de 1975, para fornecimento norte-americano de tecnologia nuclear para o Brasil. No entanto, Maria Dalce explica que a campanha em favor da Amazônia foi o primeiro grande sucesso da entidade, conseguindo reunir mais de 3.000 pessoas no Parque Municipal, num show musical gratuito. “Colávamos cartazes e madrugada, vendíamos adesivos nos sinais, promovíamos show, simpósio, sessões de filme sobre o ‘Projeto Jarí’ e palestras. Essas ações eram ganchos na briga, para mostrar ao povo como estava acontecendo a ocupação da Amazônia”, explica Dalce.

A superintendente conta que no dia da audiência para a votação do projeto do presidente Figueiredo, os ambientalistas da Amda alugaram ônibus e foram ate o Congresso Nacional, em Brasília, quando puderam assistir de perto a derrota do governo e comemorar o sucesso da campanha ‘Assim será nossa Amazônia’.
Retrospectiva da Amazônia

Para um dos fundadores e hoje conselheiro da Amda, o biólogo Francisco Mourão Vasconcelos, a campanha ‘Assim Será Nossa Amazônia’ serviu para esclarecer sobre o funcionamento dos ecossistemas da região amazônica e da composição de sua flora e fauna, conhecimentos ainda escassos na década de 70. “A Amda, preocupada com as conseqüências do projeto sobre a biodiversidade, elaborou um mapa demonstrando como os trechos de florestas que seriam concedidos pelo governo se sobrepunham às áreas de distribuição de algumas espécies de primatas consideradas endêmicas. Procuramos mostrar que, se o projeto fosse aprovado, poderia resultar em grave impacto ambiental”.

O biólogo lamenta que, mesmo diante do sucesso da campanha e da intensa movimentação da opinião pública, a devastação da floresta tenha avançado ao longo de uma série de ações. “Hoje, aproximadamente 17% da área original da Floresta Amazônica já foram destruídos, segundo dados do INPE. Podemos dizer que a situação poderia estar pior se o projeto fosse implantado. Mas, é necessário considerar que avaliações recentes sobre dinâmica e causas do desmate na região indicam que a formação de pastagens e a abertura de áreas para o plantio de soja são as grandes causas da perda de áreas florestais. A exploração madeireira ilegal continua avançando, independentemente das concessões. E, o pior, é que todas estas ações se fazem sobre terras públicas (devolutas). Ou seja, no final das contas, estas áreas são apossadas, e como historicamente se deu no país, o poder público não as recupera jamais”.

O conselheiro adverte que a atual gestão de florestas públicas para produção sustentável deve se desenvolver de modo a disciplinar a exploração madeireira e evitar o avanço do posseamento de terras públicas. “Hoje temos muito mais informações sobre a região amazônica e sobre o funcionamento de seus ecossistemas do que há trinta anos atrás. Esse conhecimento permite ao governo assentar estas concessões sobre bases técnicas e montar forte estrutura de fiscalização”.
Francisco Mourão ressalta que os governos deixaram nascer na Amazônia cidades inteiras, cujas economias passaram a depender quase que exclusivamente da exploração da floresta. O biólogo cita o exemplo do município de Tailândia, no Estado do Pará, cuja população chega a 60 mil habitantes e a economia florestal é responsável pela geração de empregos e renda. “A concessão de área florestais, obedecendo às regras de preservação da floresta, é a única forma de direcionar estas populações para o desenvolvimento de atividades de forma menos danosa ao meio ambiente”, defende o conselheiro.

MORTE NA FLORESTA: UM POEMA IMPERFEITO

Foto: Fundação O Boticário

Zoólogo Fernando Fernandez escreve crônicas de biologia e conservação da natureza

Por Georgiana de Sá ( exclusivo para o Jornal Ambiente Hoje, da Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda)
O biólogo Fernando Fernandez escreveu o Poema Imperfeito. O título do livro é uma metáfora sobre quanta natureza o homem já destruiu. Fernandez fez mestrado na UNICAMP e PhD na Inglaterra (Durham University), e atualmente é professor de Ecologia e Biologia da Conservação na UFRJ. Se fosse para falar da natureza, nua e crua, vulnerável às intempéries, às tempestades, tornados e furacões, ao imprevisível e inevitável, mas natural, Fernandez poderia ter escrito um poema perfeito. Mas não é o caso de quem quis explicar por que tantos animais se extinguiram no planeta. Em 257 folhas de papel reciclado, numa linguagem para leigos, fácil de compreender e direta, o livro traz reflexões sobre a intervenção humana sobre o meio ambiente. Os capítulos, em forma de crônicas, tratam de temas como extinções, fragmentação florestal, superpopulação e outros problemas ecológicos. Nesta entrevista ao Ambiente Hoje, o professor explica que o homem só pode conservar a natureza se o fizer para o bem da própria natureza.

O que o motivou a ir além da ecologia acadêmica e escrever O Poema Imperfeito?
Fernando Fernandez -
O Poema Imperfeito nasceu de uma primeira crônica que escrevi sobre as extinções pré-históricas recentes que foram causadas pelo homem. Quando descobri que a extinção de seres maravilhosos, como mamutes, mastodontes, preguiças gigantes, foram causadas pelos homens, levei um choque muito grande. Tive vontade de exprimir minha tristeza e escrevi essa primeira crônica. A segunda nasceu de um papo no bar com o amigo Julião, sobre um cientista incompreendido, Leon Croizat. Essa conversa eu quis colocar no papel. Depois foram aparecendo outras crônicas, até que o Miguel Milano, da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, ficou sabendo do meu trabalho, leu minha primeira crônica e sugeriu escrever mais algumas para reuni-las em um livro.

O livro fala da dificuldade do homem em viver em harmonia com a natureza. Como aconteceu a interferência do ser humano na história biológica do planeta?
Fernando Fernandez –
A espécie humana tem se expandido muito, ocupa quase o planeta inteiro. Isso causa um efeito devastador sobre a biodiversidade. Desde sua chegada à Austrália, há 40-50 mil anos, o homem começou a extinguir espécies de grande porte, a chamada megafauna. Eram bichos maiores de 50 quilos, de baixo potencial reprodutivo e com populações pequenas, por isso mais fáceis de extinguir. Essa onda de extinções continuou com a chegada do homem nas Américas, há uns 15 mil anos atrás. Para se ter uma idéia, há 50 mil anos atrás a Terra era coberta de florestas e, aos poucos, grande parte foi destruída com o processo de devastação para uso da agricultura e pecuária. Essas atividades do homem também serviram para garantir a sobrevivência de animais como cavalos, bois, gatos e moscas domésticas. Mais recentemente o homem tem gerado outras formas de interferência ecológica, como a poluição e o esgotamento de estoques pesqueiros. Essas ações aumentam as chances de extinção de espécies também de pequeno porte, antes mais difíceis de extinguir. Hoje, o maior risco para o planeta é o crescimento da população. A superpopulação mundial tem impulsionado a devastação das poucas áreas florestais que ainda nos restam, como é o caso da Amazônia. E, finalmente, nas últimas décadas o homem se tornou também responsável pelas mudanças climáticas.

Quantas espécies já se extinguiram em razão de ações humanas? A partir de quando começaram a ocorrer estas extinções?
Fernando Fernandez -
As extinções foram, em termos geológicos, muito rápidas. Não sabemos exatamente quantas espécies foram extintas, mas foram muitas centenas. A extinção da megafauna ocorreu de 50 mil a 500 anos atrás, quando terminou a extinção da megafauna da Nova Zelândia, a última grande massa de terra a ser alcançada pelo homem. Nesse período, o homem extinguiu cerca de dois terços das espécies de grande porte que encontrou no planeta. Além disso, segundo mostra o trabalho de paleontólogo David Steadman, só durante a colonização das Ilhas do Pacífico, a partir de uns 3.500 anos atrás, extinguimos cerca de duas mil espécies de aves, de grande, médio e pequeno porte. Nos últimos séculos, de forma documentada, o homem já extinguiu centenas de espécies de aves, plantas, mamíferos, répteis e anfíbios. Quanto aos insetos e organismos menores, a gente não faz idéia porque são mal conhecidas. Muitas espécies de insetos devem ter sido extintas sem serem identificadas.

Como o ser humano, ao longo de sua história, interfere na natureza?
Fernando Fernandez - De muitas formas. Além das devastações pelos caçadores, o homem interfe com desmatamento e extrativismo, com animais domésticos introduzidos, favorecimento de espécies agrícolas e introdução de espécies exóticas. O estrago na cobertura vegetal tem gerado uma coleção de desertos fabricados ou aumentados pelo homem. Ultimamente, a quantidade excessiva de CO2, e outros gases liberados pelo homem, tem levado ao aumento do efeito estufa, ocasionando alterações profundas no clima da Terra.

Quais as conseqüências dessas interferências para o próprio ser humano?
Fernando Fernandez - O ciclo de interferências se dá sob várias formas e as conseqüências são várias. Em nome do chamado desenvolvimento sustentável, a exploração de recursos naturais tem sido permitida em áreas que antes seriam protegidas, sem que a tal sustentabilidade tenha sequer sido testada, quanto mais demonstrada. O homem tem gerado uma série de efeitos negativos, como a transformação de áreas que antes eram férteis em solos degradados, pouco produtivos, tem causado poluição dos rios, do ar, desmatamentos e extinção da fauna e da flora. Todas essas ações são responsáveis pela perda de serviços ecológicos como regulação hídrica, geração de chuvas e purificação do ar. Esses efeitos negativos desequilibram os elementos necessários para a nossa própria qualidade de vida.

Para você a natureza tem valor em si mesma ou apenas enquanto utilidade reconhecida pelo ser humano?
Fernando Fernandez - A importância da natureza está além do valor dos serviços prestados por ela. Para mim, a natureza tem valor em si mesma e por si mesma. Qualquer ser vivo tem o mesmo direito de existir que nós. Nunca consegui uma demonstração ética que me convencesse que outras espécies têm menos direito à vida que nós. Independente do seu valor utilitário, definitivamente, a natureza tem valor em si mesma e deve ser preservada por ela, pelos bichos e pelas plantas.

Por que o ser humano não valoriza a natureza?
Fernando Fernandez - Isso acontece por vários motivos. O principal deles está em algumas visões de mundo, em certos dogmas religiosos, cosmologias perniciosas que enfatizam as diferenças – e não as semelhanças – entre nós e as demais espécies, e dizem que o mundo pertence ao homem, foi feito por causa dele. De acordo com as religiões, o homem é diferente de outros seres; para algumas, só ele tem alma, e por isso é merecedor de direitos que os outros animais não possuem. Essas cosmologias estabelecem a distância entre homens e animais e servem para nos dessensibilizar, para desligar nosso sentimento de culpa diante do que fazemos aos outros seres vivos. Quando não nos percebermos como animais que somos, afastamos a possibilidade de sentirmos o sofrimento causado aos restantes dos animais. Além do mais, a superpopulação do planeta é outro fator que tem gerado extrema competição e demanda pelos recursos naturais.

Como responsável pelo Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LECP-UFRJ), que tem como linha pesquisa a dinâmica populacional e reprodução de marsupiais e roedores na Mata Atlântica, você já dedicou vários artigos aos pequenos mamíferos. Qual a origem da sua paixão pelos roedores?
Fernando Fernandez -
Foi num episódio que por muitos anos fiquei sem recordar, um acontecimento traumático da minha infância. Mas, anos depois, o fato me veio à mente de forma súbita, como se tivesse acontecido no dia anterior. O dia era chuvoso e eu esperava um ônibus com minha mãe. No meio-fio vi um camundongo doméstico tremendo de frio. Um homem resolveu chutar o ratinho para debaixo das rodas de um ônibus. Eu quis evitar que o bicho fosse atropelado e minha mãe, claro, me impediu de colocar as mãos na frente das rodas do ônibus para salvá-lo. Tive que assistir o ônibus sair e esmagar o ratinho. Pode ser que isso não tenha nada a ver, mas muitos anos depois, quando fui escolher meu destino profissional, por alguma razão me interessei por roedores. Na época eu não liguei essa escolha a esse episódio de infância, mas acredito que meus destinos profissionais tenham sido, em parte, motivados por esse episódio. De qualquer forma, os roedores são vistos pela maioria das pessoas como bichos nocivos à saúde humana. Quando se fala em roedores, as pessoas pensam imediatamente em ratos urbanos, bichos ruins que propagam doenças. Essas pessoas ignoram que existem mais de mil espécies de roedores silvestres, vivendo na natureza como qualquer outra espécie. De todas elas, apenas umas cinco espécies interagem com o homem, mas todas as restantes levam a fama por elas. E são animais como quaisquer outros, bonitos e interessantes.

Quais são suas expectativas para o futuro da Terra e da espécie humana?
Fernando Fernandez - A gente às vezes coloca a questão da seguinte maneira: o homem pode acabar com o planeta, vamos salvar o planeta. Mas não é bem assim. O planeta não está em risco. O planeta tem 4,6 bilhões de anos e nós, como espécie Homo sapiens, estamos presentes na Terra há no máximo 200 mil anos, bem menos que o décimo de um milésimo da história do planeta. A Terra existiu a esmagadora maioria de sua história sem nós. Se desaparecêssemos, se nos extinguíssemos como espécie, o planeta se recuperaria relativamente rápido em termos geológicos. Recentemente, saiu um livro muito interessante: ‘O Mundo Sem Nós’, de Alan Weisman. O livro fala de como o planeta se recuperaria depois de os seres humanos terem-se ido. Em algum ponto, daqui talvez há uns cinco milhões de anos – bem pouco em termos geológicos – não haveria mais nenhum registro da passagem do homem pela Terra. No Mundo Sem Nós, não sobraria nada nem ninguém para contar a história da presença do homem no planeta, nenhum registro, nenhum resquício de construções, tudo que fizemos teria se evaporado. Ou seja, para um planeta que existe há bilhões de anos, o tempo de presença do homem na Terra é ínfimo. Então, de qualquer forma, o planeta vai sobreviver. A questão é se o homem vai sobreviver, e como vai ser essa sobrevivência. Se a espécie humana não se extinguir, corre o risco de criar um planeta impossível de se viver com qualidade. Por isso é tão importante levarmos em conta se estamos preocupados com a natureza por ela mesma, ou se estamos criando imensos espasmos de extinção. Na história da Terra, já ocorreram pelo menos umas 11 ondas de extinção que não foram causadas pelo homem, como a que extinguiu os dinossauros, causada pelo impacto de um corpo celeste. Acontece, que agora estamos vivendo uma onda de extinção comparável às outras, mas causada pelo próprio homem. Além de tornar a vida inviável, a raça humana pode levar milhões de espécies, que não tem nada a ver com nosso comportamento, à extinção. O que mais receio é um futuro miserável, que condene o homem a viver num planeta devastado, sujo, poluído, sem recursos e superaquecido. Está em nossas mãos evitar esse futuro catastrófico. Precisamos nos conscientizar de que a qualidade de vida não se mede apenas em quantidade de dinheiro, mas no estado do ambiente, que temos hoje o desafio de preservar.

Monday, May 12, 2008

A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA




Diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Igam, Cleide Izabel Pedrosa

Nesta Quinta-feira (21), o “Bate-Papo no Sisema – Discutindo a Política Ambiental do Estado”, promovido pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente – Sisema, por intermédio de sua diretoria da Gestão Participativa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Semad, apresentou as metas e ações do Fhidro – Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais, para a gestão de 2008.

De acordo com a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Igam, Cleide Izabel Pedrosa, em 2008, o Fhidro se propõe a priorizar também projetos que tenham como objetivo a destinação de resíduos sólidos urbanos – RSU. “O tratamento inadequado de RSU resulta na contaminação das nascentes”, enfatizou ela.


Regina Greco, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará – CBH Rio Pará, no bate-papo do Sisema

Cleide apresentou um balanço das atividades do Fhidro, que mostra o aumento da demanda pelos financiamentos do Fundo, desde o início de sua atuação. Segundo ela, em 2006 foram cinco projetos financiados, com investimentos de R$ 1.710.409,15, em 2007 foram aprovados 24 projetos, com a liberação de R$ 7.360.913,60. Já em 2008, até o mês de fevereiro, são R$ 234.811,40, do Fundo, possibilitando custos de programas, estudos, projetos, serviços e obras na área de recursos hídricos. “O Fundo tem se revelado como um grande avanço para os recursos hídricos do Estado”, disse ela.


A diretora garantiu que o Fhidro deve aperfeiçoar procedimentos para melhorar formação e a capacitação de seu corpo técnico, modernizando procedimentos para recepção, tramitação e análise de projetos, intensificando também a realização de cursos. “Divulgar o relatório das atividades de 2007 no site, disponibilizar os projetos aprovados para consulta e criar mecanismos para estabelecer indicativos, com avaliação de resultados dos projetos custeados pelo fundo, são nossos próximos passos”, prometeu Cleide.
Alexandre Pinheiro do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais –BDMG, também presente no Bate-Papo, destacou queu a procura pelo fundo não-reembolsável, transferido gratuitamente às entidades, tem sido o mais procurado. Contudo, o Alexandre ressaltou que o fundo reembolsável pode ser o ideal para o financiamento à empresas de capital privado. “Quando o assunto for recursos hídricos, como é o caso de para mineradoras poluidoras que precisam corrigir deficiências, o Fundo pode apresentar financiamentos mais vantajosos” , exemplificou ele.

Regina Greco, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará – CBH Rio Pará, aproveitou a ocasião para falar um pouco de sua experiência como primeira usuária do Fhidro. “Tivemos muitas dificuldades operacionais, que nos ensinou que é preciso ter bom senso e criatividade para cumprir o cronograma exigido pelo Fhidro”, disse a usuária. Regina defendeu ainda uma fiscalização mais intensa nos desmatamentos para criação de gado. “As nascentes sofrem e correm o risco de secarem, não só pelo desmatamento, mas pelo pisoteio do gado“, alertou.

Fotos Georgiana de Sá

Texto Georgiana de Sá - exlusivo para o site

http://www.amda.org.br

AUTOMÓVEL: CULTURA E DIVERSÃO

FANTÁSTICO CARRO
FOTOS E TEXTO: Georgiana de Sá

Automóveis antigos e clássicos do Veteran Car Club


Belo Horizonte sediou EM 2007 a “Bienal do Automóvel, um salão automotivo que atraiu apaixonados por carros, motos e velocidade. Diversos veículos nacionais e importados estiveram representados no Expominas e o público teve a oportunidade de ver de perto marcas como Toyota, Ferrari, Nissan, Mercedz Bens, BMW, Honda, Renault, Ford, Volkswagen, Fiat e Lamborghini. Modelos de competição (corrida & rally), motos, jipes e coleções de automóveis antigos e clássicos do Veteran Car Club, também foram destaques na feira.

Apaixonados por rally, os jovens Vainner Souza Fonseca e Warley de Morais
Foi montado um cenário para os jeeps do Exército Brasileiro, contando um pouco das histórias dos combates, com mostras do sistema de radiocomunicação usado durante as guerras, telégrafos e rádios antigos. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) expôs um carro tanque, extintores, acessórios e vestuários usados nas operações de resgate. Da cultura ao lazer, os jovens Vainner Souza Fonseca, 22, e Warley de Morais, 24, aproveitavam todas as possibilidades da feira. Enquanto esperavam pela oportunidade de andar de Kart visitaram o stand montado para o FIAT Palio Abarth, das competições automobilísticas da equipe FIAT/Eduardo Cunha Rally Team. “Sou apreciador de rally's e acompanho os campeonatos pela TV, mas nunca tinha ficado tão perto de um modelo como este”, confessou o rapaz.


As tradicionais mulheres bonitas em pose

Acompanhada da filha, a dona-de-casa Rosângela França satisfaz seu sonho de conhecer um Lamborghini

Rosângela França, 35, esteve com a família na Bienal especialmente para ver o esportivo de luxo Lamborghini. Para ela, o design do carro mais sensual do mundo foi a maior atração do evento. “Nunca estive tão próxima de um Lamborghini. Só conhecia esse carro por fotos na Internet e imagens de TV”, falou satisfeita.
Para André Luiz Pêgo, do marketing e pós-vendas da Fiat Automóveis, a realização da Bienal em Belo Horizonte consolida a importância da indústria automotiva mineira. Ele lembrou que o Estado concentra um parque industrial significativo. “A participação de Minas no mercado nacional de veículos é de aproximadamente 25%. A fábrica da Fiat, em Betim, atualmente produz três mil carros a cada dia útil e o complexo industrial Fiat Iveco, em Sete Lagoas, alcançou, no ano passado, uma participação de 12% no mercado nacional de caminhões pesados”, explicou André.

André Luiz Pêgo, do marketing e pós-vendas da Fiat Automóveis


A elegância da Mercedes-Benz 220 S - Cabriolet 1958

Conhecimentos e novos reflexos para motoristas

DICAS DE UM PILOTO DE RALLY


Um piloto de rally não vive só de belas trilhas e paisagens. É o que mostra o piloto Eduardo Cunha em suas palestras educativas sobre segurança nas estradas. Em rotas perigosas, trechos sinuosos e pistas escorregadias, o piloto experimentou mais que adrenalina e emoção. Cunha aprendeu técnicas de condução do carro que podem evitar acidentes nas estradas.

Um piloto de rally não vive só de belas trilhas e paisagens. É o que mostra o piloto Eduardo Cunha em suas palestras educativas sobre segurança nas estradas. Em rotas perigosas, trechos sinuosos e pistas escorregadias, o piloto experimentou mais que adrenalina e emoção. Cunha aprendeu técnicas de condução do carro que podem evitar acidentes nas estradas.

Suas últimas palestras foram para a direção, gerência e funcionários da fábrica da Stola do Brasil, empresa que presta serviços para a Fiat Automóveis. Cunha explicou que, para tirar carteira de habilitação, o motorista é condicionado a dirigir o automóvel e não aprende como se livrar de situações de risco. Depois de anos experimentando técnicas diversas, o piloto descobriu procedimentos especiais para enfrentar pistas molhadas, enxurradas e evitar riscos da aquaplanagem.“Técnicas de regulagem de banco, encosto, retrovisores, posição das mãos e do volante são também importantes para dirigir com segurança”, disse ele.

O realismo de viver experiências em competições de rally e a vontade de ensinar o que aprendeu resultou numa palestra emocionante. Condições adversas do clima e das estradas, obstáculos de poças d’água, curvas fechadas, estreitas, largas ou molhadas, foram alguns dos tópicos da palestra. Para todas as situações, o piloto revelou novas técnicas para ajudar na hora do aperto e estimular a renovação de reflexos condicionados.


Os funcionários ouviram as explicações técnicas e assistiram vídeos, interagiram narrando experiências de acidentes e receberam dicas do especialista de como os casos poderiam ter sido evitados. “Agora, é só exercitar!”, finalizou Eduardo Cunha, enquanto alguns jovens revelavam seus sonhos de participarem de um campeonato de rally.


Por Georgiana de Sá exlusivo para o site

http://pilotoeduardocunha.com.br/noticias.html
Foto: Studio Cerri

Saturday, May 10, 2008

DECORAÇÃO & ECONOMIA

Foto do arquivo da decoradora
SOLUÇÕES BARATAS TRANSFORMAM CASAS
E AQUECEM O MERCADO



“É possível decorar de um jeito novo e barato. Isso vai depender do tamanho da criatividade”. É o que garante a decoradora de residências e empresas, Fátima Gonçalves, formada pelo INAP - Instituto de Arte e Projeto. Trabalhando há mais de quatro anos na decoração de ambientes, a design de interiores conta que, mesmo antes de se formar, já ajudava amigas a comprarem móveis, até que foi aconselhada a se profissionalizar.

Para a decoradora, se especializar foi um ótimo negócio, uma vez que, segundo ela, o setor Lar & Decoração é um segmento em plena expansão no Estado. “Os artigos de decoração abrangem não só mobiliário, mas utilidades domésticas, artesanato, iluminação, jardinagem e paisagismo, tapeçarias, pisos e cortinas. O ramo mobiliza eventos, feiras e exposições e vê nascer um público de classe média que está em busca de estilo na decoração da casa ou apartamento. São consumidores que não podem gastar muito, mas querem levar estilo e conforto para suas casas, lojas, lanchonetes ou restaurantes”, diz.

A crença da decoradora sobre a movimentação da indústria mobiliária é confirmada pela análise da Associação de Indústrias do Mobiliário – ABIMOVEL, que aponta Minas Gerais no 4.º lugar do ranking de fabricantes brasileiros de móveis, com 2.126 empresas que empregam 24.717 trabalhadores. Conforme dados da ABIMOVEL, só em 2006 houve no Estado um crescimento de 53,99% de lucratividade do setor em relação a 2005.

Na hora de comprar móveis, porém, Fátima aconselha ao consumidor observar o design e inovação do produto, assim como sua funcionalidade e aproveitamento no espaço doméstico. “A tendência é investir em moveis customizados e utilitários que podem trazer além de beleza, conforto para o dia-a-dia. Do tipo 2 em 1, como o sofá que vira cama e o pufe que serve como mesa de apoio.”

A profissional indica a pintura de interiores como o primeiro passo para mudar o visual da casa e aposta em tons claros como o “Off-White”, tonalidade do branco conhecida como "branco-sujo”, que, para ela, combina bem com aplicações em pequenas doses, em apenas um canto ou parede, de tons em beterraba, berinjela ou vermelho.

Fátima lembra que cores exercem influências e podem tornar os ambientes aconchegantes ou estimulantes e até alterar proporções, como no caso dos tons claros que podem fazer o espaço parecer maior. “O amarelo e o vermelho, por exemplo, são usados em restaurantes de fast food porque despertam a fome e fazem comer rápido”.

Segundo ela, abajures, almofadas, cinzeiros e pequenos enfeites, são detalhes que personalizam os ambientes e funcionam como “a cereja do bojo”, mas, adverte, o menos vale e mais e o excesso de informação visual pode sobrecarregar o ambiente. Quanto ao quarto das crianças a decoradora diz que o mais importante é que sejam funcionais, resistentes e seguros, com a disposição segura dos móveis e o uso de quinas arredondadas para evitar acidentes. “A decoração infantil não é estática, por isso vale à pena investir em quartos temáticos. À medida que as crianças crescem os pais tem a chance de mudar a decoração. O importante é investir em móveis neutros que podem ser reformados futuramente”.

Avaliando os estilos na área de decoração, Fátima afirma que a grande tendência é exatamente não seguir modelos padrões, e sim criar espaços personalizados, ligados ao passado e as histórias dos membros da casa. “A casa não é um ‘show room’. É preciso saber conjugar o quebra-cabeça de cores, luzes e móveis e inserir em um novo ambiente, as peças de família, como os quadros na parede, os porta-retratos ou aquela cômoda antiga que já foi usada pela avó”.

Ainda de acordo com a design de interiores, o mercado da decoração também adere à tendência de preservação ambiental e ao estilo ecologicamente correto que pode resultar em ambientes modernos e econômicos. “Bancadas da cozinha ou quarto de estudos devem ser próximas às janelas, no sentido de incidência da luz do sol, que deve ser da esquerda para e direita, de modo a impedir que o corpo faça sombra na atividade que será realizada no local. Até mesmo o uso de lâmpadas fluorescentes é recurso que oferece qualidade de luz e durabilidade para evitar desperdícios”, assegura. O preço cobrado pelos decoradores é bem variado e depende do status do profissional, mas diante do crescimento do mercado, é possível encontrar um bom design acessível a todos os orçamentos.

Thursday, February 28, 2008

Falta de medicamentos condena pacientes à morte precoce

Com os altos preços da medicação e sem oportunidade de receber o remédio da rede pública de saúde, os pacientes em Minas Gerais podem morrer precocemente.


Segundo o médico pneumologista Frederico Thadeu A. F. Campos, a Hipertensão Arterial Pulmonar - HAP é uma doença grave das artérias pulmonares que ligam os pulmões ao coração. Ele explica que, embora a hipertensão pulmonar seja rara e sem cura, os medicamentos existentes podem mudar o curso da doença, possibilitando uma melhor qualidade de vida e um aumento de sobrevida.



O tratamento incluiu doses de medicamentos caros e nem sempre acessíveis ao poder aquisitivo de todos os pacientes. Atualmente existem, no Brasil, dois medicamentos com eficácia comprovada para tratamento HAP aprovados pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o problema é que estes medicamentos têm custo elevado e ainda não estão disponíveis na lista de medicamentos de alto custo do Ministério da Saúde, fazendo com que os pacientes tenham que recorrer a mandados judiciais para obtenção da medicação.



Para o especialista, após um diagnóstico preciso, a importância dos remédios é inegável. O médico acredita que Minas Gerais deve seguir o exemplo da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que tem protocolo para controle e tratamento da HAP e possibilita acesso de medicamentos específicos para os pacientes da rede pública. "Precisamos normatizar a distribuição dos medicamentos com urgência. O tratamento consegue restituir a qualidade de vida. Caso a doença se desenvolva sem tratamento adequado pode levar à morte precocemente, entre 02 ou 03 anos", alerta o médico.



A Sociedade Brasileira de Pneumologia, Cardiologia e Reumatologia tem trabalhado em conjunto para criar um banco de dados sobre a doença em nível nacional, mas em seus levantamentos prévios já cadastrou de 60 a 70 pacientes em Belo Horizonte, atendidos nos hospitais Júlia Kubitschek e Madre Teresa. "Um estudo conduzido na França comprovou que existem 15 casos para um milhão de habitantes", acrescenta o pneumologista.



Ainda de acordo com o especialista, a síndrome, sem causa estabelecida, atinge um amplo perfil de pacientes, apresentando incidência, principalmente, em mulheres jovens de 20 a 40 anos. Ele informa que a HAP pode ser de natureza idiopática - HAPI, ou seja, não estar ligada a outra causa, ou associada a condições diversas. "Esquistossomose, Lúpus, complicações do vírus HIV, enfisema, embolia Pulmonar e Cardiopatias congênitas são algumas das doenças que podem levar à hipertensão pulmonar", explica.



Dentre os principais sintomas está a falta progressiva de ar que reduz as atividades diárias e a mobilidade. "Os sintomas são graves e prejudicam a qualidade de vida dos pacientes. A pessoa começa sentido falta de ar na prática de exercícios físicos mais intensos. Depois, o quadro evolui para cansaço e fadiga durante atividades rotineiras, como subir uma rampa, e vai progredindo até a falta de ar mesmo durante o repouso, acompanhada de dores no peito", esclarece.

Foto/texto: Georgiana de Sá

Tuesday, February 26, 2008

Mudanças no estilo de vida podem prevenir casos de câncer

O oncologista Rodrigo Cunha Guimarães fala como evitar e combater o câncer


Segundo o oncologista Rodrigo Cunha Guimarães, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, o álcool aumenta o risco de incidência de câncer de laringe, boca e aparelho digestivo, enquanto o tabagismo está diretamente relacionado a tipos de câncer como os de pulmão, bexiga, esôfago, pescoço e laringe. “O uso abusivo do álcool e o hábito de fumar se relacionam ao surgimento de vários tipos de câncer porque interferem nas mutações celulares”, explica ele.


O clínico esclarece que o desenvolvimento do câncer ocorre quando as células perdem o controle sob si próprias e se reproduzem desordenadamente, formando tumores que podem causar deformidades no órgão de origem ou até mesmo atingir outros órgãos. “Existem os casos de câncer hereditário, por alterações herdadas, e os de mutações por fatores ambientais, incluindo os hábitos alimentares, o tabagismo e o alcoolismo”.


O médico alerta para a relação entre a alimentação e a ocorrência de câncer. Conforme o especialista, alimentos queimados e defumados são tóxicos e estão no rol de substâncias cancerígenas. “Alguns alimentos estão associados ao risco de câncer no aparelho digestivo, como as carnes ricas em gordura, os alimentos em conserva, os defumados e as carnes de churrasco. Já a ingestão de dietas ricas em vegetais, frutas e legumes reduz o risco de câncer no intestino e estômago”.


De acordo com levantamentos do Instituto nacional de Câncer – Inca, Órgão do Ministério de Saúde do Brasil, os tumores de mama e de colo de útero são as maiores ocorrências entre o sexo feminino. Na última publicação do Inca sobre a ”Situação do Câncer no Brasil”, estima-se para o ano de 2008 a ocorrência de até 466.730 de câncer de mama em mulheres e de 19 mil novos casos de tumores de colo do útero. O oncologista aconselha que as mulheres realizem exames preventivos de colo de útero desde os 18 anos e a mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. “Exercícios físicos com moderação são indicados como medida preventiva para estes casos. Alguns estudos comprovam que o exercício físico reduz substancialmente riscos de certos tumores, principalmente os de mama. Além disso, a mamografia é importante arma no combate ao câncer. Detectado em fase inicial, o câncer de mama tem 90% de chance de cura”, adverte.


Ainda conforme o especialista, o câncer de pele é o mais freqüente entre todos os tipos de tumores, indicando, na maioria dos casos, a possibilidade evolução benigna e de ser tratado com cirurgia. Ele recomenda como forma mais eficaz de evitar esse tipo de câncer, a redução de exposições repetidas à luz solar. “O risco total de contrair um câncer de pele pode diminuir quando a pessoa não se expõe ao sol das 10 às 15 horas”.


Tumores de pulmão, próstata e intestino são, segundo o médico, as principais causas de morte por câncer em homens. Ele esclarece que, mesmo podendo ocorrer em qualquer faixa etária, a incidência é maior na idade adulta, depois dos 50 anos. O clínico enfatiza que a detecção precoce pode reduzir a mortalidade pelo câncer e que os homens com mais de 40 anos precisam fazer exames anuais preventivos. “Não se deve adiar a realização do exame de próstata por medo de toque retal, ou evitar outros exames como o teste do antígeno prostático (PSA), que é um tipo de exame de sangue, e a colonoscopia, que permite a detecção e tratamento de lesões e de câncer de cólon em fase inicial”.


Sobre o câncer infantil, o oncologista adverte que a leucemia é a forma mais comum em crianças e que os principais sintomas são febre, anemia e dor nas articulações. “Observando sinais de alerta, os pais devem procurar um médico para que a criança faça exame de sangue completo”. O médico destaca a prevenção como o melhor remédio para uma boa saúde. Ele recomenda que a pessoa, desde a infância, adote um estilo de vida saudável, evite substâncias nocivas, cigarro e bebida alcoólica, tenha uma boa nutrição, com controle do peso e exercícios físicos regulares. “Associados à ação preventiva, otimismo, pensamento positivo e bom senso de humor também ajudam”, garante ele.

Foto/texto: Georgiana de Sá

Entidades ambientalistas debatem com MMX impactos ambientais em Conceição do Mato Dentro

O Fórum de ONGs Ambientalistas Mineiras se reuniu, nesta segunda-feira (25), no plenário do Sistema Estadual de Meio Ambiente – Sisema, na rua Espírito Santo, 495, 4º andar, no centro de Belo Horizonte, para o debate sobre as atividades da MMX Minas-Rio Mineração Ltda, em Conceição do Mato Dentro.


A MMX mostrou às entidades ambientalistas estudos dos impactos sócio-ambientais e econômicos do projeto e explicou como será implantado o Sistema Integrado Minas-Rio. A empresa confirmou que serão investidos R$ 5,61 bilhões e que o mineroduto terá aproximadamente 525 km de extensão, passando por 32 municípios. O minério de ferro será extraído no eixo de Conceição de Mato Dentro e Alvorada de Minas e transportado, por tubulação de aço, até a descarga em São João da Barra (RJ).


Riscos ambientais
O relatório da MMX apresentou 65 impactos possíveis de toda ordem, entre eles o desencadeamento de processos erosivos, alteração da qualidade da água e das propriedades do solo, perda do habitat da fauna por redução de ambientes, mortandade e extinção local de peixes, redução da diversidade por fuga de espécies e alteração da paisagem da Estrada Real.


Na avaliação de Caio Márcio Rocha, gerente da Divisão de Apoio Técnico às Atividades de Mineração, do ponto de vista econômico trata-se de um grande investimento para o Estado. Ele garantiu aos ambientalistas que uma equipe com 27 técnicos e entidades estão apurando, desde setembro de 2007, os impactos ambientais do projeto, entre elas a Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, o Instituto Estadual de Florestas – IEF, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais –IEPHA/MG e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.


Promessas da MMX
De acordo com a empresa, a previsão de tributos anuais arrecadados está em torno de R$ 325 milhões, sendo R$ 25 milhões destinados aos municípios envolvidos. Para os 22.164 moradores da região, a mineradora promete gerar, só na fase de implantação, 4.300 empregos. Nos relatórios apresentados, os empreendedores definem a região como carente de investimentos sociais/econômicos e garantem a geração de impostos e renda superior ao PIB de Conceição do mato Dentro. A empresa prometeu amenizar impactos ambientais, elaborando, gradativamente, projetos como os de criação de viveiros para reprodução, recuperação e proteção da flora local, incluindo espécies medicinais.


A empresa encarou como inevitável o rebaixamento do lençol freático em sua área de influência e o reposicionamento de nascentes da Serra do Sapo, que deve ocorrer ao longo da vida útil da mineradora. Contudo, a MMX afirma que vai investir na gestão dos recursos hídricos, garantindo o reuso de 80% da água captada na bacia do rio do Peixe, que deve ser reaproveitada como mistura para o minério bombardeado pelo mineroduto. A captação média de água proposta para o rio é de 2500 m3/h. O monitoramento da qualidade da água e controle dos processos erosivos também foi assegurado pela empresa durante o debate.


Agravamento dos problemas ambientais
A superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, aproveitou a ocasião para advertir que a região da Serra do Cipó te sofrido com queimadas e atividades agropecuárias e que a mineração está se expandindo cada vez mais nas fronteiras da Serra do Espinhaço. “A região precisa de proteção do Estado”, alertou a superintendente, ressaltando ainda sua preocupação com a destinação da área afetada pelos empreendimentos da MMX, após o término de suas atividades no local.


Presente no debate, Apolo Heringer Lisboa, do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas, disse que as prefeituras beneficiadas com os tributos arrecadados deveriam priorizar investimentos na recuperação ambiental. Apolo enfatizou ainda a necessidade de criação de estações para tratamento de esgotos, a fim de evitar doenças como a xistosomose.


O Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Conceição do Mato Dentro e Diretor de Comunicação da ONG SAT, Luiz Cláudio Ferreira de Oliveira, disse que o município pretende ser pioneiro ao tratar o processo de mineração de forma diferenciada, priorizando benefícios economicamente sustentáveis para a população local.

Georgiana de Sá

Saturday, February 23, 2008

Neuropsicóloga dá dicas de como estimular o raciocínio e manter um estilo de vida ativo

Otília Rosângela Souza, da Clínica Integrarte, explica o que pode ajudar na manutenção da boa memória.

Segundo a neuropsicóloga Otília Rosângela Souza, alguns exercícios podem melhorar a capacidade de memorização. A psicóloga fez pós-graduação em geriatria, gerontologia, neuropsicologia, mestrado em criatividade na Espanha e escreveu o livro “Longevidade com criatividade: arteterapia com idosos”.

Com a experiência adquirida em seus estudos, Otília garante que a arteterapia é um método expressivo e artístico para conservar a memória aguçada. Segundo ela, lazer e trabalho criativo exercitam funções cognitivas básicas, como atenção e percepção. “A arteterapia é um processo terapêutico capaz de estimular e potencializar os sentidos. Quando a pessoa está em processo criativo, várias áreas do cérebro estão trabalhando ao mesmo tempo”, informa.

A psicóloga ministra palestras e ensina que memória é o resgate da aprendizagem e que existem diferentes tipos de memória, como a imediata, que possibilita a repetição de textos e números para uso momentâneo, geralmente de curta duração, e a retrógrada, que é a capacidade de lembrar fatos passados, informações antigas consolidadas na memória.







O cérebro possui dois hemisférios, o esquerdo (racional) e o direito (emocional), e cada indivíduo tem habilidades próprias, herdadas geneticamente ou adquiridas no decorrer da vida. Alguns se tornam mais detalhistas e outros mais intuitivos. A especialista explica que isso acontece por que o hemisfério esquerdo é responsável pelo comportamento lógico e cauteloso e o lado direito dirige as atividades artísticas. “A pessoa em que predomina a parte esquerda do cérebro mostra atitudes lógicas e tem facilidade para agir e executar. Já o lado direito comanda o potencial criativo. Mas o indivíduo pode aprender a equilibrar os dois hemisférios cerebrais”, acrescenta ela.

Não existem medicamentos que evitem certos casos, como o mal de Alzheimer, por exemplo, contudo, de acordo com a especialista, mantendo o cérebro ativo é possível retardar o avanço dos sintomas da doença. “Temos casos de pacientes que já se submetem a quatro anos de tratamentos, com programas de atividades variadas e estimulações de áreas cognitivas do cérebro e o quadro da doença não evoluiu”, diz.

Ela alerta ainda que o abuso de álcool e de tabaco, a falta de sono e a alimentação inadequada são fatores prejudiciais à concentração, enquanto exercícios físicos são benéficos, aumentam a oxigenação e ativam a circulação sangüínea no cérebro. “É bom lembrar que uma disciplina espiritual como a meditação pode combater o stress da rotina diária e melhorar a eficácia da memória”, acrescenta.



Além destas dicas, Otília destaca que se manter informado sobre o que acontece no mundo, emitir pensamentos positivos e enfrentar desafios como os de aprender novas línguas e estudar informática estimulam capacidades cerebrais. “Aquela desculpa que eu estou velho demais para aprender não é justificativa. É claro que a criança tem mais facilidade de assimilação, mas é possível envelhecer e continuar ativo. Oscar Niemeyer é um bom exemplo”.

Na opinião da profissional, a pessoa deve procurar um especialista quando sentir que realmente possui um problema de memória. “Esquecer todo mundo esquece, mas quando as falhas de memória atrapalham o dia-a-dia é preciso procurar tratamento. É importante também que os pais estejam atentos ao desempenho escolar dos filhos. A criança que pensa muito e tem dificuldade de focar a atenção pode ser hiperativa. Neste caso, precisa de avaliação adequada e confirmação do diagnóstico”, orienta. A neuropsicóloga relaciona no site: http://www.integrarte.com.br, atividades preventivas para manter o bem estar físico e mental.

Fotos e texto: Georgiana de Sá

Trânsito: perigo para todas as idades


Perito em acidentes automobilísticos acredita que fiscalização pode inibir infratores

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes automobilísticos se tornaram a principal causa da morte, em todo o mundo, de crianças e jovens entre 10 e 24 anos. O relatório da OMS, lançado em 2007, alerta que, todos os anos, cerca 400 mil jovens com menos de 25 anos morrem nas ruas e estradas do mundo. O acidente que matou o empresário Fernando Félix Paganelli de Castro, 48, ocorrido no dia 01 de fevereiro deste ano, confirma que a inconseqüência de jovens, que associam bebida e direção, pode torná-los não apenas vítimas, mas também autores de tragédias no trânsito.



De acordo com informações da polícia, Gustavo Bittencourt, 22, dirigia o Honda CRV na contramão da Avenida Raja Gabaglia, em alta velocidade, quando, segundo depoimentos de testemunhas, seu carro bateu de frente com o veículo Cintröen Xsara, conduzido por Paganelli, causando a morte do empresário. Além de fugir do local sem prestar socorro à vítima, Bittencourt estava embriagado, o que foi constatado pelo Instituto Médico legal.



Para o engenheiro de segurança Paulo Ademar, especialista em segurança no trânsito, professor universitário e perito em acidentes automobilísticos, as pesquisas da OMS e o caso do jovem Bittencourt servem para confirmar a gravidade do desrespeito às leis de trânsito. Na opinião do especialista, a maioria das colisões e atropelamentos poderia ser evitada se os atores, jovens ou adultos envolvidos, se comportassem com obediência à legislação. Conforme ele, quando o assunto é imprudência ao volante, o leque de idade é amplo. “Podemos ver caminhoneiros cometendo imprudências e eles não são jovens. Temos casos de pais com suas famílias a bordo cometendo barbaridades e eles também não são jovens”.



O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, divulgou pesquisa, no segundo semestre de 2007, das principais causas de internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde – SUS no Brasil. Os levantamentos do Ipea indicam que o SUS chega a gastar mais de R$ 135 milhões por ano em atendimento às vítimas de acidente de trânsito. Na pesquisa, Minas Gerais ficou em segundo lugar no ranking de internações hospitalares, de motociclistas e ocupantes de automóveis. O engenheiro confia em medidas preventivas para diminuir os gastos com acidentes de trânsito. “A prevenção sempre teve custo menor que a correção. Nossos governos parecem ignorar este teorema. A ampliação da fiscalização seguramente teria menor custo que a remediação. Não tenho dúvidas também que a educação na fase escolar mudaria os rumos de nossa história. Um exemplo claro: onde foi introduzida a educação ambiental nos currículos escolares, a conscientização do tema atingiu níveis muito satisfatórios”.



No caso da morte do empresário Fernando Paganelli, o indiciado já respondia processo por dirigir embriagado, pelo agravante de omissão de socorro e por embriaguez ao volante, o juiz Jayme Silvestre Corrêa Camargo, de plantão no Fórum Lafayette, aceitou o pedido de prisão preventiva do jovem. Se for julgado por homicídio doloso, o infrator pode pegar até 20 anos de prisão. Paulo Ademar apóia a decisão judicial e lamenta que esse rigor não se aplique a tantos outros casos de acidentes fatais, causados por embriaguez alcoólica e irresponsabilidade de condutores. “Nosso maior tempero de acidentes é a bebida. Todos os juizes deveriam agir com a mesma rigidez. Pergunte a qualquer mãe que perdeu seu filho qual a opinião dela sobre o rigor da lei. Faça a mesma pergunta a qualquer pessoa que perdeu um ente querido. É fácil alguém dizer que essas medidas são drásticas, quando não foi ferido de perto”, defende ele.



O perito destaca a fiscalização como poderosa ferramenta para diminuição do número de acidentes de trânsito. Segundo ele, as operações policiais preventivas podem coibir os infratores e dar maior segurança aos motoristas. “Países de primeiro mundo fazem uso do bafômetro. No Japão, por exemplo, o motorista é obrigado a passar pela apuração do bafômetro e se for flagrado embriagado serão também indiciados aqueles que serviram bebida alcoólica para o condutor. Isto simboliza seriedade com o trânsito”, diz o engenheiro de segurança.

Foto/texto: Georgiana de Sá

Saturday, February 02, 2008

“ESPELHO, ESPELHO MEU”

Depiladora explica o que os salões de beleza podem fazer pela boa aparência
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No poema ‘Receita de Mulher’, numa espécie de idealização da perfeição feminina, Vinícius de Moraes garante que ‘beleza é fundamental’. Atuando no mercado da beleza há mais de 34 anos, Cezônia Alves Pires, 60, discorda das exigências do poeta e acredita que não é necessário à mulher nascer bela, mas sim cuidar da aparência para fortalecer a auto-estima. “O que vale é se olhar no espelho e se achar elegante, atraente e sensual”, defende ela, lembrando que o magnetismo pessoal tem haver com a autoconfiança da mulher em criar a harmonia do visual.


Cezônia nasceu no município de Presidente Juscelino, interior do Estado e veio “tentar a vida em Belo Horizonte”, como ela mesma conta, trabalhando como manicure. Alguns anos depois, especializou-se em depilação e se tornou empresária no ramo da imagem pessoal. A ex-manicure é hoje proprietária do Salão New Soft, administra uma equipe de profissionais da beleza e diz apoiar-se na qualidade de serviços como garantida do negócio. “A cada dia há mais salões de beleza. É possível ver dois ou três em um mesmo quarteirão. Mas, não basta fazer um curso de cabeleireira e abrir um salão, se não tiver competência logo fecha”, ressalta a profissional.

Foi cuidando da aparência das mulheres que Cezônia conseguiu trazer os irmãos para morarem na Capital, criar os filhos e prosperar na vida. De acordo com ela, o trunfo para vencer a concorrência é se tornar uma espécie de fonte de beleza e juventude da clientela. “O salão de beleza é o moderno espaço para a mulher se produzir. Por isso, a cliente precisa gostar do atendimento e sentir vontade de voltar. Já atendi gerações de uma mesma família: avó, mãe e filha”.


Na opinião da empresária, hidratações capilares, tinturas, cortes, tratamentos faciais, maquilagens, cuidados com mãos, pés e depilações, servem para auxiliar na manutenção da boa aparência e nos pormenores do visual. “Mesmo nas recessões econômicas sempre sobra um trocado para ajeitar o cabelo ou pintar as unhas. Qualquer um gosta de ouvir: você está tão bonita!”.


Segundo a depiladora, os constantes avanços e descobertas na área dos cosméticos possibilitam a eficácia dos tratamentos estéticos e aumentam os recursos dos profissionais da beleza. “Desde que inventaram a depilação com cera, por exemplo, a mulher não usa mais a lâmina de barbear porque é agressivo para a pele, engrossa o fio. Quando comecei a depilar usava cera caseira e folhas de papel celofane. Atualmente, os lenços são de papel, existem ceras de algas e de azuleno para não irritar a pele, dilatar os poros e facilitar a remoção dos pêlos”, explica.

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Ela destaca que os homens também têm procurado o salão para retirada de pêlos das costas, do peito e da barba, ou mesmo para limpar o excesso de sobrancelha com cera. A especialista observa que os rituais de beleza funcionam como uma espécie de terapia para muita gente.

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Conforme ela, o profissional que cuida da imagem pessoal se habitua a ouvir desabafos, conflitos emocionais e acaba criando vínculos de fidelidade com a freguesia. “Muitas vezes, enquanto se arruma, a cliente usa o salão como um confessionário. É importante ter ética, ser discreto e saber guardar segredos”.

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Para Cezônia, a vaidade sem exageros é sinal de amor-próprio e a mulher deve cuidar da aparência como se cuida de um jardim, principalmente depois de aposentada ou na terceira idade. “Um simples corte de cabelo pode dar uma aparência mais jovem”, aconselha.

Foto e redação: Georgiana de Sá

Desafios de um capoeirista


Grão Mestre Dunga fala da capoeira em BH durante a repressão militar


Por Georgiana de Sá


Nascido em Feira de Santana, Bahia, em 1951, Amadeu Martins, conhecido como Grão Mestre Dunga, chegou em Minas Gerais em 1965. Filho de pai maquinista, o menino não teve oportunidade de freqüentar escolas, mas começou a treinar capoeira com oito anos de idade, em Salvador (BA). Desde sua chegada em Belo Horizonte viveu em rodas de capoeira, jogada em fundos de quintal e em praças públicas.


O Grão Mestre explica que a capoeira é um jogo, uma dança originalmente praticada pelos escravos oriundos de África, que se tornou parte da cultura popular e se desenvolveu na história do Brasil até como forma de resistência dos negros, inclusive durante a Ditadura Militar. “Me considero um mandingueiro que herdou a esperteza, a malícia, o sentido da capoeira treinada na senzala”.


Segundo Dunga, durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a capoeira de rua sofreu repressão e perseguição, considerada atividade subversiva pelo governo militar. Ele lembra que, na década de 70, foi preso pela polícia porque tocava berimbau e atabaque na Praça Sete. “Me levaram para a Polícia Federal, mas esqueceram o berimbau e o atabaque nas minhas mãos. Eu falei para os presos: vamos gingar todo mundo na cadeia e comecei a tocar. Depois fiquei 15 dias na solitária”, recorda.


De acordo com o Grão Mestre, nas décadas de 60 e 70, não havia academias para a prática da capoeira, motivo pelo qual a dança passou a ser chamada de batuque de fundo de quintal. Isso porque os jogos de capoeira aconteciam nos terreiros dos barracos, nos ‘quilombos’, como ele mesmo apelida as favelas da cidade.


O Capoeirista fala que, durante a ditadura militar, a polícia tratava de dispersar os ‘montinhos’ ou aglomerados de gente que se reunia pelas ruas de Belo Horizonte. “Foram dez anos de perseguições à capoeira de rua. A Rural era o carro do exército que rondava a Praça da Liberdade, a Praça Sete, a Praça da Rodoviária e o Parque Municipal e acabava com qualquer montinho”.


Dunga diz já ter trabalhado para a família do político mineiro Tancredo Neves, em São João Del-Rei-MG, e conta que foi recrutado pelo exército, na década de 70, quando não resistia e alimentava, às escondidas, os universitários presos durante as manifestações estudantis. O mestre ensinou capoeira para malandros e conheceu a vida noturna da capital mineira, “da época da Boêmia, do bairro Bonfim e da região da Lagoinha”.


Ele recorda também o convívio com alguns personagens reais citados no romance ‘Hilda Furacão’, de Roberto Drummond, como a prostituta Maria Tomba Homem e o travesti Cintura fina, um alfaiate que usava terno e sapato branco e praticava a capoeira da vadiagem. “A capoeira de vadiagem era um jogo cheio de ginga e malandragem. Mas também tinha toda uma vestimenta própria”, diz.


O capoeirista já esteve na Suíça, na Alemanha e na Itália para mostrar suas técnicas de massoterapia, que usa manobras de danças de origem africana, como o maculelê, e os próprios movimentos da capoeira, em massagens corporais. O Grão Mestre se reúne nas tardes de domingo na Praça Sete, em Belo Horizonte, onde compartilha seus conhecimentos nas rodas de capoeira. Assista ao vídeo "A Senzala" e conheça um pouco da capoeira de Grão Mestre Dunda...

Sunday, January 13, 2008

J.P. FREDELLI E A ARTE DO HUMOR

Garoto de 11 anos revela talento de comediante com improvisação e espontaneidade

Imitando a famosa dança do siri. O artista mirim acredita que qualquer imitação vale se o motivo é fazer o outro rir.

Foto e texto: Georgiana de Sá
Com uma capacidade nata para fazer os outros rirem, João Pedro Fredelli Machado, 11, conta piadas, algumas de sua própria autoria, e encanta platéias em bares e lanchonetes de Belo Horizonte. Em suas apresentações, o autodidata faz também imitações divertidas de personalidades e de políticos como o presidente Luís Inácio Lula da Silva. “Para alegrar, sou capaz de fazer piada com quase tudo. Na imitação do Lula eu dou um jeito de perder o dedinho.” brinca ele, enquanto esconde o dedo mínimo da mão esquerda.

O pequeno humorista fez questão de plantar, ele próprio, um milharal no jardim de casa.

Matriculado na rede pública de ensino, o jovem humorista exibe orgulhoso suas provas com notas máximas e garante que, todos os dias, ao final da aula, a professora reserva um tempo para a turma ouvir suas anedotas. J.P.Fredelli já encenou peças de teatro e hoje tem vontade de trabalhar na TV. “Vi, por acaso, o Saulo Laranjeira. Ele me convidou para ir ao ‘Bar Arrumação’, conversamos e tiramos foto. Depois de conhecer um comediante como ele, me deu vontade de trabalhar na televisão”.



Em casa, o artista mirim aproveita a companhia de seu cachorro Jack para brincar, pular e se divertir.

Vai começar o show. J.P.Fredelli, como gosta de ser chamado, tira do bolso um livrinho imaginário e folheia atentamente suas páginas “para encontrar o riso”, explica ele. O menino tem na memória um arsenal de piadas para todo tipo de gosto e atende os fregueses com anedotas de gago, português, loucos e bêbados. “Algumas piadas eu aprendo lendo, outras escutando, mas também gosto de inventar minhas próprias histórias. Não tenho vergonha de nada, sou um verdadeiro palhaço, pau pra toda obra. Se ninguém rir na hora da apresentação eu solto gargalhada assim mesmo, só porque contei uma piada sem graça”, diz.

Com seu bom humor, JP. Fredelli ajuda a mãe a superar perdas.

Segundo Gabriela Teixeira, 60, mãe do artista mirim, aos dois anos de idade o menino já era capaz de reconhecer as letras do alfabeto e, na escola, nunca teve dificuldades de aprendizagem. “João Pedro sempre mostrou características de criança precoce. A professora tinha que fazer um para-casa diferenciado porque ele achava os exercícios fáceis demais”. Para Gabriela, o bom humor, a alegria e a determinação do filho ajudam a família a superar perdas. “Não somos ricos, já passamos privações financeiras, situações difíceis como o falecimento da minha mãe, e a alegria do João foi fundamental. Ele consegue motivar os outros e a si mesmo”, conta ela.

A espontaneidade de JP. Fredelli denunciam seu precoce talento para o humor.


Fazendo trejeitos e tiques o menino solta uma de suas piadas: “A loira está no ponto do ônibus quando chega um gaguinho e pergunta: - Pô... pô... pô... por favor, onde que... que... que fi... fi... fi... fica a ê... ê... ê... escola para ga... ga... ga... gagos? A loira impaciente responde: - Para que você quer uma escola para gagos meu filho? Você gagueja tão bem!”. O artista-mirim ainda não tem agenda confirmada para 2008, mas atende pelo telefone (031) 3377 1343.

Tuesday, December 25, 2007

O B-A-Ba do meio ambiente

Foto: Horácio Martins

Crianças aprendem na escola a reciclar lixo e economizar água

Por Georgiana de Sá

O Projeto de Lei n.º 1089/2007, em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), torna obrigatório o estudo sobre o meio ambiente e as conseqüências do aquecimento global, no ensino médio e fundamental das escolas públicas e particulares do Estado.

Conforme Maria da Conceição Ferreira, orientadora educacional da Escola Estadual Barão do Rio Branco, a medida é necessária para garantir a sobrevivência humana no planeta. “Grande parte da população não tem consciência de ações diárias e atitudes que contribuem para a degradação ambiental”. Segundo ela, medidas simples de reeducação poderiam diminuir os impactos da ação do homem sobre a natureza.

Maria da Conceição lembra que os alunos da escola ficaram assombrados quando começaram a contar a quantidade de lixo que eram capazes de gerar.“As crianças tiveram como para-casa somar quantos quilos de lixo a família produzia em um dia. Depois de multiplicarem isso para uma semana e um ano puderam perceber porque o lixo é um problema para a natureza”, explica a educadora.

A professora de ciências Nancy Rebouças Julião, que leciona para a 5ª e 6ª série do ensino fundamental, se tornou responsável pelo desenvolvimento de projetos de reciclagem na escola. Passo a passo, a professora mostra aos alunos a importância da reciclagem do lixo na preservação ambiental. “Fazemos um trabalho bem bacana. Informamos às crianças sobre a importância da reutilização do lixo. Os estudantes estudam conteúdos de ciências, os tipos de lixo que existem, para onde vão e como são produzidos”, diz ela com entusiasmo.


Foto: Horacio Martins

Nas aulas de ciências os alunos aprendem a importância de reutilizar o lixo

A professora começa com uma explicação de como é feito o lixo e para onde vai. Com caixas de leite, copos de iogurte e garrafas de refrigerante, as crianças criam brinquedos e objetos de uso e, dessa forma, aprendem a reaproveitar e evitar o desperdício. “O lixo nem sempre é lixo. Mostramos que a maior parte do que jogamos fora não é sujo. Falamos também sobre os impactos do consumismo, das coisas que a gente compra sem necessidade e como podemos reutilizar embalagens em trabalhos artesanais”.

Durante as aulas, professora e alunos expressam idéias e sugerem que haja não somente reciclagem, mas também novas formas de produção e comercialização. “Em vez de copinho de plástico, o iogurte poderia ser vendido em embalagem de vidro para a gente lavar, voltar ao supermercado e comprar só o liquido”, idealiza uma criança. “Com o leite poderia ser do mesmo jeito”, conclui outro colega.

Para completar os conhecimentos obtidos no ambiente escolar, os estudantes fazem visita ao aterro sanitário de Belo Horizonte e são motivados a pesquisar sobre os problemas do lixo na Capital. No aterro, as crianças ficam sensibilizadas com a quantidade de lixo produzido na cidade. Elas ficam atentas a todas as explicações e aos diferentes materiais encontrados. É vidro, papel, plástico, metal e pneus. “E agora professora, para onde vai o lixo?”, pergunta um aluno.

Outra escola da Capital que está desenvolvendo projeto de educação ambiental é a Escola Estadual Caetano Azeredo, que vem se dedicando ao Projeto Semeando e orientando os estudantes a economizarem os recursos naturais. Uma de suas alunas, Valesca Caroline Mathias, 12 anos, da 4.ª série do ensino fundamental, se alegra com que tem aprendido durante as aulas. Valesca descobriu que pode economizar na hora escovar os dentes e passou a multiplicar os litros de água que consegue poupar por dia. “Para escovar os dentes posso gastar até 12 litros de água. Mas, se usar um copo de água para enxaguar a boca e fechar a torneira enquanto escovo os dentes, posso economizar mais de 11 litros de água”, ensina Valesca.

Foto: Georgiana de Sá

Valesca Caroline Mathias descobriu que pode economizar água até na hora de escovar os dentes

Saturday, December 01, 2007

BALANÇO POSITIVO PARA A CULTURA EM BH

Festival de arte discute os anos de luta do povo negro

Presente no FAN, o ator Fabrício Boliveira, que fez o ‘Bastião’ na novela da Rede Globo, Sinhá Moça, e o Saci Pererê da série de 2001 do Sítio do Picapau Amarelo, lamenta o sofrimento de seus antepassados durante a ditadura.


Durante o FAN, a estilista Lydia Garcia, do Atelier Cultural Bazafro, mostrou sua especialista em moda étnica no “Ojá” e defender a importância da população negra nos movimentos sociais brasileiros.
Em sua passagem pelo FAN, o artista plástico Jorge dos Anjos, lembrou que o negro ajudou a construir a história política do país.


Em visita ao FAN o cantor Netinho de Paula elogia a atuação dos afrodescendentes na política nacional.




No “Dia da Consciência Negra”, a Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ao lado da coordenadora de Assuntos da Comunidade Negra da Prefeitura de Belo Horizonte, Maria da Graça Sabóia, fala da cultura negra no país e assiste as apresentações mineiras de danças afro-brasileiras


No FAN, o ator Romeu Evaristo, que vive o ‘Angolano’ no programa de humor ‘Zorra Total’, também conhecido por ter feito, nos anos 70, o Saci Pererê no Sítio do Picapau Amarelo, falou da repressão à cultura negra durante a ditadura.
O FAN - “4.º Festival de Arte Negra-2007”- comemorou o “Dia da Consciência Negra” com debates, apresentações musicais e danças de origens afro-brasileiras


Dançarinos da Associação Cultural “Eu Sou Angoleiro” (Acesa) apresentam coreografias afrobrasileiras.


Fotos e texto Georgiana de Sá

Belo Horizonte termina o mês de novembro com saldo positivo para a diversidade cultural. Entre os dias 19 a 25/11, o FAN, “4.º Festival de Arte Negra-2007”, ocupou vários espaços da cidade com música, teatro, dança, cinema, exposições e debates sobre a participação do negro na história brasileira.

No dia 20 de novembro, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), esteve na Casa do Conde para comemorar o “Dia da Consciência Negra”, uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra à escravidão no Brasil. A ministra falou da importância da cultura negra para a história do país e assistiu apresentações de danças de origens afro-brasileiras, da Associação Cultural “Eu Sou Angoleiro” (Acesa).

Durante o evento, personalidades e artistas afro-brasileiros conheceram o “Ojá” - palavra africana que significa mercado - que foi montado na Casa do Conde. Os convidados concederam entrevistas e falaram sobre a resistência do negro durante a ditadura militar. O ator Romeu Evaristo, que vive o ‘Angolano’ no programa de humor Zorra Total, também conhecido por ter feito, nos anos 70, o Saci Pererê no Sítio do Picapau Amarelo, lembrou que a repressão militar proibia, de propósito, manifestações da cultura negra, como o samba e a capoeira.“Mais que ninguém o negro sofreu com a ditadura, com causas e efeitos perversos”, opinou ele.
O cantor Netinho de Paula, 36 anos, defendeu a inserção dos negros na política do país e elogiou representantes como Gilberto Gil e Benedita da Silva. “A presença do negro na história política brasileira, em termos quantitativos, pode parecer insignificante, mas merece aplausos”, considerou o cantor.

O ator Fabrício Boliveira, 25 anos, que atuou como o ‘Bastião’ na novela da Rede Globo, Sinhá Moça, e o Saci Pererê da série de 2001 do Sítio do Picapau Amarelo, recordando as histórias de seus antepassados lamentou o sofrimento dos afrodescendentes à época da repressão no país. “A religião, a música e a capoeira eram vistos como expressão cultural proibida”, disse.

Mineiro de Ouro preto, o artista plástico Jorge dos Anjos analisou que, tanto na abolição da escravatura, quanto no período da ditadura, o negro ajudou a construir a história política do Brasil. Ele destacou que, durante a repressão, a arte da capoeira era impedida de ser celebrada e os terreiros de candomblé invadidos. “A polícia quebrava tudo e os pais-de-santo eram presos. Os sambistas eram perseguidos e considerados vagabundos”.Lydia Garcia, do Atelier Cultural Bazafro, especialista em moda étnica, ressaltou que os movimentos sociais, durante a ditadura, contaram com a participação da população negra. “A religião e a música de origens africanas, já marcadas por preconceitos históricos, foram manifestações artísticas ainda mais perseguidas durante a ditadura”. Em sua luta pela resistência dos afrodescendentes, Lydia se tornou militante do movimento negro em Brasília, na década de 70. “Fui uma das primeiras a subir a Serra da Barriga, em Alagoas, templo de resistência e sede de um dos maiores quilombos do Brasil”, contou ela.